Criado com o objetivo principal de acolher migrantes no Brasil, o Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH), fundado em 1999, pela Irmã Rosita Milesi, Maria Luiza Shimano e Padre Virgilio Leite Uchoa, é uma associação filantrópica sem fins lucrativos, ligada à Congregação das Irmãs Scalabrinianas. Com sede em Brasília e um escritório em Boa Vista (RR), a comunidade tem se destacado por suas ações humanitárias voltadas a migrantes, refugiados e solicitantes de refúgio, em especial aqueles em situação de alta vulnerabilidade.
A figura central por trás desse trabalho incansável é a Irmã Rosita Milesi, também diretora do IMDH, que será agraciada em 14 de outubro com o Prêmio Nansen de 2024. É um dos maiores reconhecimentos internacionais na defesa dos direitos dos refugiados, concedido pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR). Aos 79 anos, Irmã Rosita é a segunda brasileira a receber essa honraria, seguindo os passos do cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, laureado em 1985. Ao longo da carreira de quase 40 anos, ela foi peça-chave na criação da Lei de Refugiados, de 1997, e contribuiu para a ampliação dos direitos das pessoas obrigadas a deixarem seus países de origem, entre outras ações em benefício desse público.
Ludmylla Almeida, 31 anos, gerente de integração do IMDH, explica que o foco da instituição é garantir que elas tenham acesso a direitos básicos e possam recomeçar suas vidas de forma digna. "Quando chegam ao Brasil, muitos migrantes estão completamente perdidos. Não sabem quais são seus direitos, como acessar serviços de saúde, educação, ou mesmo como obter documentação. Nossa principal missão é orientá-los e ajudá-los a regularizar sua situação", disse ao Correio.
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O trabalho do IMDH é amplo, dividido em eixos de atuação. Segundo Ludmylla, o instituto oferece apoio socioassistencial, integração comunitária e econômica. Em Brasília e Boa Vista, os atendimentos vão desde a distribuição de doações, como cestas básicas, até a regularização de documentos essenciais, como CPF e carteira de trabalho. "O documento é a porta de entrada para qualquer outro direito. Sem ele, os migrantes não conseguem trabalhar, matricular seus filhos na escola ou acessar o Sistema Únicos de Saúde (SUS). Por isso, a documentação é o nosso eixo principal de atuação", detalhou.
Impacto
Em 2023, o IMDH atendeu a 12.882 pessoas de 72 países, com destaque para refugiados da Venezuela, Cuba, Colômbia, Haiti, Paquistão e Bangladesh. Entre os atendidos, 52% eram mulheres e 48%, homens. Outro importante serviço oferecido pelo IMDH é o auxílio financeiro temporário para famílias em extrema vulnerabilidade, conhecido como bolsa de subsistência. Esse apoio, proporcionado em parceria com o ACNUR, é destinado a pessoas que estão em situação crítica. De acordo com Ludmylla, a concessão da bolsa é limitada a três meses e pode ser disponibilizada após uma avaliação criteriosa das condições da família.
Um exemplo do impacto desse trabalho é a história de Emely Victoria Silva Guaramaima, venezuelana, no Brasil há três anos. Atualmente, ela é empreendedora na área de crochê e macramê, mas enfrentou grandes dificuldades quando veio para o país. "Quando cheguei, levei seis meses para conseguir completar minha documentação, porque não sabia como preencher os formulários. Felizmente, recomendaram-me o IMDH, que me deu orientação e apoio. Graças a isso, consegui obter minha carteira de registro nacional migratório (CRNM)", relembra.
Além de ajudá-la na regularização, o IMDH também a convidou para participar de feiras e palestras de empreendedorismo, impulsionando seu negócio. Em 2023, ela foi selecionada pelo instituto para receber ajuda material, o que a ajudou a expandir as atividades. "Hoje, agradeço de coração à Irmã Rosita Milesi e ao instituto pelo excelente trabalho e apoio contínuo", enfatiza Emely.
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