Investigação

Justiça rejeita internação de menor envolvida na morte de João Miguel

MP pediu mais diligências dentro da investigação. Com o parecer, a Justiça decidiu não concordar com a internação da namorada do carroceiro, apontada pela polícia como mentora do crime

O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) rejeitou o pedido da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) para a internação da adolescente de 16 anos que confessou o envolvimento no assassinato do menino João Miguel, de 10 anos.

O processo tramita em segredo Justiça por envolver menores de idade. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), intimado a se manifestar, solicitou que a 8ª Delegacia de Polícia (Estrutural) realize mais diligências antes de tomar uma decisão sobre a medida. Após o parecer do MP, a Justiça negou o pedido de internação feito pela polícia.

As investigações apontam que a adolescente morava com o carroceiro Jackson Nunes de Souza, de 19 anos, no Setor de Chácaras do Guará, próximo à casa de João Miguel, localizada no Setor de Inflamáveis. A polícia concluiu que o crime foi motivado por desavenças envolvendo um cavalo.

Além da adolescente, dois irmãos de Jackson, ambos menores de idade, também estão envolvidos no assassinato de João Miguel. O crime teria ocorrido após uma série de desentendimentos entre a vítima, o carroceiro e a namorada dele. João Miguel costumava frequentar a residência do casal no Setor de Chácaras do Guará, onde vendia cigarros eletrônicos. No entanto, alguns episódios de furtos no local relatados pela namorada de Jackson estremeceram a amizade entre os dois. Um outro acontecimento também teria sido o motivo para ameaças de morte por parte do carroceiro contra a criança.  

Os menores responderão por ato infracional análogo aos crimes de homicídio e ocultação de cadáver. Jackson Nunes, preso desde 27 de setembro, responderá pelos crimes de ocultação de cadáver e corrupção de menores, com pena que pode chegar a 15 anos de prisão. 

Cavalo

Conforme o Correio revelou em primeira mão, antes do desaparecimento de João Miguel, os parentes da criança souberam de um episódio envolvendo o sumiço de um cavalo de Jackson. A reportagem apurou que, no dia do sumiço do animal, Jackson emprestou um dos cavalos para João Miguel ir até o Setor de Indústria e Abastecimento (SIA) na companhia dele e da namorada de Jackson, uma adolescente de 16 anos. Os três seguiram até um local onde pegariam lavagem para os animais  e, na volta, João Miguel teria soltado o cavalo propositalmente, mas a família da vítima acredita que João desprendeu o animal por acidente.

Somente um mês depois, o cavalo foi localizado no curral da Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri). Ele perdeu o prazo para retirar o cavalo e teve um prejuízo de R$ 2,5 mil, que foi o valor que pagou pelo animal. “Ameaçaram o João de morte depois disso. Quando acharam o corpo dele, nós logo vimos que a corda usada era muito semelhante à que se usava no cavalo. Por isso, desconfiamos”, disse uma das familiares.

O Correio esteve na casa da mãe de Jackson dias depois do corpo de João ser encontrado. A reportagem foi recebida por um dos irmãos do suspeito, que afirmou, no dia, que a “polícia tinha levado ele para prestar depoimento”. Na delegacia, a equipe de reportagem também encontrou um motorista de transporte por aplicativo que aguardava ser chamado para prestar depoimento. De maneira informal, o trabalhador contou que havia transportado uma passageira e que essa mulher sabia da identificação do assassino de João Miguel. Contou, ainda, que tratava-se de um carroceiro.

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