Após 167 dias oficialmente sem chuva, o Distrito Federal encerrou, nesta segunda-feira (7/10), a maior seca de sua história — 167 dias. A sensação entre os moradores da capital foi de alívio.
Maria Sandra dos Reis, 38, trabalhadora de serviços gerais, ficou alegre. "Está sendo maravilhoso. Esse calor estava me acabando. Eu adoro esse tempo de chuva. Até de tarde estava abafado e, de repente, caiu a chuva. Umas 16h20, começou e durou uns 40 minutos. Foi forte, com um ventinho suave e gostoso. Tempo bom demais", comemorou a moradora de Planaltina de Goiás.
Os profissionais da saúde, que lidam com os efeitos devastadores da seca e das queimadas, também celebraram. A enfermeira Andréia Sousa, 30, faz serviços externos e contou que em locais como o Sol Nascente estava um caos. "O período de seca foi exaustivo, especialmente por causa dos problemas respiratórios. Recebi muitos pacientes com essas complicações. A chuva traz um alívio muito grande, não só para os pacientes, mas para qualquer ser humano e até para os animais", avaliou.
Cuidados
O governador Ibaneis Rocha (MDB), pelas redes sociais, detalhou que a estiagem castigou o Cerrado e reforçou que é de suma importância a preservação ambiental. O chefe do Executivo local destacou que o Palácio do Buriti trabalhou de forma preventiva para preparar a cidade para esse período “com investimentos em lagoas de contenção até a constituição de uma força-tarefa para a limpeza de milhares de bocas de lobo pelo DF”.
Ibaneis falou ainda sobre os cuidados que a população deve ter com a dengue e o trânsito. “Nesse período, é crucial redobrarmos a atenção para dois pontos. O primeiro é a eliminação dos possíveis focos de dengue em nossas residências. Não podemos permitir a proliferação do mosquito. Já o segundo é a atenção que todos devemos ter no trânsito, evitando, assim, acidentes”, concluiu Ibaneis.
Estragos
Com o retorno da tão esperada chuva, também voltaram os transtornos. Na Asa Norte, a precipitação foi intensa em algumas áreas, causando alagamentos, como na W3 e próximo ao viaduto que dá acesso à ponte do Bragueto, onde se formou uma grande poça, devido a uma boca de lobo entupida no lado direito da via, sentido W3 Norte.
No Lago Norte, na QL 3, uma árvore caiu em razão das fortes rajadas de vento e derrubou cinco postes, deixando a quadra inteira sem energia. Moradores ficaram assustados com a intensidade da tempestade. Sérgio Passaglia, do conjunto 7, relatou ao Correio que não imaginava que a chuva fosse tão violenta. "Acho que foi o encontro de uma frente fria com o calor, estava muito quente. Teve até um pouquinho de granizo. A energia está faltando em toda a minha rua. A chuva começou por volta das 16h e durou até 16h45, começando devagar, mas depois ganhou força com muita ventania", comentou.
Na QI 9, a queda de um poste e de um eucalipto, que atingiu o quintal de uma residência, foi outro impacto. A região também ficou sem energia. "A chuva estava guardada há tanto tempo e, quando vem, derruba tudo. (...) Foi muito vento, e aqui é cheio de árvores. Esse eucalipto alto é um perigo, bateu na outra casa e derrubou três postes na quina. Todo mundo torcendo pela chuva, mas quando ela chega, faz esse estrago todo", disse.
Equipes da Neoenergia foram aos pontos do Lago Norte onde houve queda de postes para substituir as estruturas e normalizar os serviços o mais breve possível. Até o fechamento da edição, a companhia seguia trabalhando, e a energia não havia retornado.
Previsão
A partir desta terça-feira (8/10), a expectativa do Inmet é de que chova em mais pontos da capital federal. Ao Correio, o meteorologista Heráclio Alves explicou que, apesar de vídeos e imagens mostrarem chuvas em outras regiões do DF, como Águas Claras e Brazlândia, o fim da seca só foi oficialmente reconhecido na tarde desta segunda-feira (7/10), entre 13h e 14h, quando foram registrados 7 milímetros de chuva na estação meteorológica do Gama.
"Não houve apenas registros de chuva no Gama, mas também em outras estações que não pertencem ao Inmet. A partir desta terça-feira (8/10), a tendência é de que as chuvas se intensifiquem. Nossa previsão é de que a precipitação se espalhe mais, pois o que ocorreu até agora foi algo pontual", detalhou.
Nos próximos dias, a combinação de altas temperaturas e umidade pode intensificar as chuvas, que poderão vir acompanhadas de trovoadas, rajadas de vento e até granizo. As temperaturas devem diminuir, embora continuem elevadas, com a máxima chegando a 34°C, enquanto a umidade relativa do ar deve se estabilizar em torno de 30%.
*Estagiária sob a supervisão de Malcia Afonso