A maioria absoluta dos eleitores que foram às urnas na Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE-DF), ontem, escolher os prefeitos, votou em partidos de centro-direita, que contam com uma pauta mais conservadora. Somente o União Brasil elegeu prefeitos em 11 das 33 cidades que compõem essa região.
Especialistas ouvidos pelo Correio afirmam que os resultados refletem um cenário que vem ocorrendo desde 2018. Um dos que pontuam isso é o mestre em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB), Leandro Gabiati. De acordo com ele, as legendas que dominaram na RIDE-DF têm, em comum, o elemento conservador.
"Essa linha faz com que esses partidos tenham uma performance muito positiva. Certamente, esses resultados representam uma continuidade e, muito provavelmente, devem se consolidar em 2026, para o Congresso Nacional e para a CLDF. Com certeza, ele terá a cara do que estamos vendo hoje", avalia o especialista.
Sobre a influência do pleito atual para as eleições majoritárias, em 2026, Gabiati destaca que essa força que estamos vendo no Entorno deve se consolidar nas eleições para governador no DF. "Partidos como o MDB, PP e PL, por exemplo, continuarão muito fortes nas próximas eleições", observa.
O advogado e cientista político da UnB Nauê Bernardo Azevedo afirma que a influência é grande, pois a RIDE é muito próxima ao DF. "Os problemas nessa região se comunicam com as pautas que são levadas para essas eleições, quando o assunto trata de coisas sérias, como saúde e educação", ressalta.
Esquerda
Sobre a atuação da esquerda nessas eleições, Azevedo acredita que houve dificuldade de estabelecer contato entre os desejos do eleitorado e a própria pauta. "Os problemas que afetam os cidadãos dessas regiões são complexos, mas requerem uma abordagem que faça o eleitorado entender que são possíveis de solução", comenta.
De acordo com Leandro Gabiati, está claro que a situação atual reflete o que está acontecendo no país, como um todo. "Acho que, para 2026, a esquerda deve começar a pensar em mudanças, caso queira voltar a se fortalecer", opina. "O governo federal deverá fazer uma avaliação do desempenho neste ano. É provável que, internamente, haverá cobrança e, certamente, algum tipo de mudança", acrescenta o cientista político.
O especialista afirma que essas reformulações levam anos. "Foi justamente o que aconteceu com a direita, que passou a dominar. Para 2026, acho pouco provável que aconteça algo positivo com a esquerda", pontua.
Destaques
Além dos 11 prefeitos eleitos pelo União Brasil, o Partido Liberal (PL), o qual tem o ex-presidente Jair Bolsonaro como principal nome, colocou sete nomes nas prefeituras das cidades que compõem a RIDE-DF. Enquanto isso, o Partido dos Trabalhadores (PT), um dos mais tradicionais do país e que tem o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva como representante de destaque, não teve nenhum nome entre os vencedores.
Um dos destaques das eleições na Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno foi a disputa pela prefeitura de Buritis (MG). Por lá, a diferença de votos entre o vencedor e o segundo colocado, únicos a concorrem pelo cargo, foi de apenas 62 votos: Rufino Folador (PL) ficou com 7.867, enquanto 7.805 optaram pelo Professor Pedro Paulo (PODE).
Mas também teve cidades com disputas nada acirradas. Em Águas Lindas de Goiás, o atual prefeito, Dr. Lucas (União), ganhou com uma margem considerável de votos. Ele foi o preferido de 73.971 eleitores no município, enquanto o segundo colocado, Ribeiro do Tullio (PSDB), teve apenas 9.171 votos a seu favor.