CASO

PCDF descarta cárcere privado em caso João Miguel e investiga novos detalhes

Investigadores acreditam que o menino tenha sido assassinado no início do desaparecimento. Polícia tenta desvendar o crime que chocou a capital federal

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) descartou a hipótese de que o menino João Miguel, de 10 anos, encontrado morto em uma fossa, tenha sido mantido em cárcere privado antes de ser assassinado.

De acordo com a perícia do Instituto de Medicina Legal (IML), o corpo do garoto passou por um processo de mumificação, o que ocorre em ambientes extremamente secos e quentes — condições semelhantes às de Brasília no período. Esse processo contribuiu para que o corpo de João Miguel estivesse mais preservado. Mesmo assim, os investigadores acreditam que ele tenha morrido logo após seu desaparecimento.

Conforme noticiado pelo Correio, logo após a localização do corpo, havia a suspeita de que o menino teria sido assassinado cerca de três dias antes de ser encontrado. Agora, os investigadores tentam esclarecer onde o corpo esteve durante os 12 dias anteriores para apurar a participação de outras pessoas.

As investigações estão sob sigilo. Um dos suspeitos é um carroceiro, de 19 anos, amigo da família, que está em prisão cautelar por 30 dias. A 8ª Delegacia de Polícia (Estrutural) deve solicitar a conversão dessa prisão em preventiva. Entre as evidências que ligam o suspeito ao crime está o fato de os policiais terem encontrado um cabresto de cavalo no local onde o corpo foi achado. 

Suspeitas

Em 27 de setembro, a PCDF prendeu o carroceiro. Ao Correio, familiares do menino apontaram que a causa do assassinato seria vingança por João Miguel ter perdido um cavalo de suspeito. 

Em entrevista ao Correio, a mãe do suspeito confirmou a prisão do filho, mas afirmou que ele é inocente. O nome do suspeito preso não será divulgado para não atrapalhar nas investigações do caso.

João Miguel ficou desaparecido por 15 dias após sair de casa para brincar na rua, no Setor de Inflamáveis. O corpo dele foi encontrado em 13 de setembro, em uma vala numa área de mata no Lúcio Costa, com as mãos amarradas e envolto em um lençol. Durante as investigações, a 8ª DP colheu depoimentos de familiares, conhecidos e vizinhos do menino, que ajudaram a traçar o perfil dos envolvidos.

Após a descoberta do corpo, familiares de João Miguel começaram a suspeitar do carroceiro. O jovem, que trabalha fazendo fretes na região, costumava ter João por perto, já que o menino gostava de brincar com os cavalos dele. Uma familiar afirmou à reportagem que, após o corpo de João ser encontrado, o carroceiro e a família desapareceram da área onde costumavam ficar com os cavalos. "Eles ficavam sempre aqui em cima, mas em uma noite pegaram as coisas e não voltaram mais", disse o familiar ao Correio.

A possível motivação, segundo a família da vítima, o suspeito pode ter matado o menino por vingança. O motivo teria sido um incidente ocorrido antes do desaparecimento de João, quando um dos cavalos do suspeito sumiu. No dia do ocorrido, o suspeito teria emprestado o cavalo a João para que ele o acompanhasse até o Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), junto à namorada do suspeito, uma adolescente de 16 anos. Durante o trajeto, João teria soltado o cavalo, o que a família da vítima acredita que foi um acidente, mas o carroceiro acreditava ter sido proposital. 

Um mês depois, o cavalo foi localizado no curral da Secretaria de Agricultura, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (Seagri), mas, para retirá-lo, o suspeito teria que pagar R$ 2,5 mil. Após o episódio, João Miguel foi ameaçado de morte, segundo familiares. A família também notou que a corda usada para amarrar João Miguel era semelhante à usada para amarrar o cavalo, o que reforçou as suspeitas contra o carroceiro.

Dias após o corpo ser encontrado, a reportagem esteve na casa da mãe do suspeito, onde um dos irmãos dele confirmou que a polícia havia o levado para prestar depoimento. Na delegacia, um motorista de aplicativo que aguardava ser chamado para depor mencionou ter transportado uma passageira que sabia da identidade do assassino, e que se tratava de um carroceiro.



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