SAÚDE

Cobertura vacinal infantil está abaixo da meta para três imunizantes

DF alcançou o objetivo em apenas dois imunizantes: BCG e hepatite B. No entanto, tríplice viral D2, febre amarela, varicela e hepatite A estão aquém do planejado

A imunização é reconhecida como uma das intervenções de saúde mais custo-efetivas da história, desempenhando papel crucial no controle, combate e erradicação de diversas doenças, especialmente entre as crianças, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A entidade estima que mais de três milhões de vidas são salvas anualmente, por causa de imunizantes, considerados, portanto, uma prioridade para a saúde pública em muitos países. 

De acordo com a Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), em 2023, a meta de cobertura vacinal recomendada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) foi alcançada apenas para as vacinas BCG (116,8%) e hepatite B (107%). Entretanto, algumas vacinas importantes, como a tríplice viral D2 (73,1%), febre amarela (79,8%), varicela (80,5%) e hepatite A (83,1%), não alcançaram os objetivos.

Os dados também indicam que muitas crianças ainda não estão completamente protegidas, porque  tomam apenas uma dose de imunizantes e não retornam para completar o esquema vacinal. As maiores taxas de abandono do calendário infantil foram registradas nas vacinas tríplice viral (18%), penta (7,8%) e VIP (8,4%).

Apesar disso, muitos pais reconhecem a importância da vacinação para a saúde de seus filhos e fazem questão de manter o calendário atualizado. Ian Campos Mirra, 41 anos, é um desses pais dedicados. Ele levou a filha Elena, de apenas seis meses, para tomar as vacinas contra gripe e poliomielite, e destacou a importância desse cuidado. "Estou protegendo minha garota de doenças e infecções. O Brasil é uma referência em vacinação, e aqui no posto encontrei facilidade para imunizar minha filha", destacou o empresário.

Kayo Magalhães/CB/D.A Press -
Kayo Magalhães/CB/D.A Press -
Luis Fellype Rodrigues/CB -
Luis Fellype Rodrigues/CB -

Na casa de Ian, o cartão vacinal das crianças é seguido à risca. "Nós, adultos, às vezes deixamos de nos vacinar por conta da correria, mas somos firmes com as crianças e mantemos tudo em dia. Sabemos o quanto isso é importante e aproveitamos que o serviço é gratuito para garantir a saúde delas", ressaltou.

Não só os pais de crianças ficam antenados à vacinação. O aposentado Roberto Antônio Ghiggi, 66, é um desses que sempre buscam a medicação e contou que foi à UBS da Asa Norte para tomar as doses necessárias. "É algo fundamental para nossa saúde e sempre fui muito disciplinado neste ponto. Aprendi de berço a importância de manter o caderno vacinal em dia, pois na minha infância isso era o que nos mantinha longe de várias enfermidades", comentou. 

A rigorosidade com o período vacinal é algo que foi passado para a filha de Roberto. "Outro dia viemos aqui e a enfermeira disse que iria tirar cópia do caderno vacinal dela para servir de exemplo, pois minha filha segue tudo à risca. Sabemos da importância disso e damos o devido valor", salientou.  

Importância

O infectologista Werciley Júnior, chefe da Comissão de Controle de Infecção do Hospital Santa Lúcia, concorda com a visão de Iana e reforça que manter o calendário vacinal atualizado é essencial para proteger as crianças contra infecções. "O impacto da imunização é muito sério. Doenças que já estavam eliminadas podem voltar a circular e causar surtos se a imunidade estiver baixa", alertou.

O especialista também enfatizou a segurança das vacinas. "Elas são uma das formas mais eficazes de prevenção contra doenças como sarampo, catapora e rubéola. Além disso, são testadas e seguras, como vimos recentemente com a vacina contra a covid-19, que ajudou a reduzir drasticamente a mortalidade", exemplificou.

Essa segurança é sentida por Fernando Hiago Souza, 33. Ele disse que sempre que possível vai às UBS para fazer a imunização. "Ao meu ver é a melhor forma que existe de evitar e prevenir doenças", relatou. O morador da Asa Norte contou que foi se vacinar contra hepatite. "Fiz exames e o médico observou que eu precisava tomar ela. Aproveitei e tomei a da gripe também", acrescentou.

Vacinação nas escolas

Para manter a vacinação em dia, a SES-DF tem realizado ações nas escolas. A Unidade Básica de Saúde (UBS) I da Asa Norte, por exemplo, já levou vacinas a 14 instituições da rede pública de ensino em 2024. Além disso, algumas escolas levam os alunos até as UBSs para vacinação. No primeiro semestre deste ano, mais de 1,9 mil doses foram aplicadas, desde jardins de infância até escolas de ensino médio.

O estudante Tiago Rossi, 19 anos, também valoriza a importância de estar vacinado. Ele foi à UBS I, no Cruzeiro Novo, para receber uma dose de reforço contra a covid-19. "Vimos o significado da vacinação na pandemia que acabamos de superar. Quando recebemos os imunizantes, começamos a superá-la. Além de proteger a si mesmo, a vacina ainda deixa quem está ao seu lado protegido", observou.

A única vacina que os pais de Tiago evitam é a da gripe, devido a uma forte reação que tiveram. "Eles preferem não tomar, mas eu sigo tomando todos os anos", relatou o estudante, elogiando as campanhas de vacinação e o fácil acesso aos imunizantes no DF.

 Mapas sociais

O Mapa da Atenção Primária à Saúde, que oferece os principais dados e indicadores sobre o funcionamento das Unidades Básicas de Saúde (UBS) do Distrito Federal, foi lançado na última sexta-feira pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A ferramenta tem o intuito de contribuir com a transparência e oferecer aos usuários da plataforma, um mecanismo de acompanhamento e fiscalização dos serviços oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

A atenção primária é a porta de entrada do serviço nas UBS e uma das novidades é que este mapa irá mostrar a cobertura do território dessas unidades e cada equipe de saúde que atua por lá. A meta, segundo os promotores, é que a ferramenta passe a ser interativa e ofereça dados em tempo real, abrangendo questões de vulnerabilidade social até os serviços em cada UBS. 

 *Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado

 


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