O Distrito Federal terá que qualificar ou requalificar 186 mil trabalhadores até 2027 para suprir as demandas da indústria local, segundo dados do Mapa do Trabalho Industrial, elaborado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). A projeção aponta que será necessário formar 33 mil novos profissionais, enquanto 153 mil trabalhadores empregados precisarão de requalificação para se adaptarem às novas exigências do mercado.
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De acordo com o levantamento, as áreas com maior demanda por qualificação no DF são: Logística e Transporte, que precisa de 40 mil profissionais, como técnicos de controle da produção e armazenistas; Construção Civil, que concentra 25 mil vagas para operadores de máquinas e ajudantes de obras; e Tecnologia da Informação (TI), que abarca 23 mil oportunidades para técnicos em operação de computadores e desenvolvimento de sistemas. Juntos, esses setores deverão concentrar quase 90 mil das vagas previstas.
Presidente da Federação das Indústrias do DF (Fibra) e do Conselho Regional do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-DF), Jamal Jorge Bittar observa que, além de ser um norteador para a estratégia da oferta de qualificação profissional do Senai, o Mapa do Trabalho é um subsídio importante como referência na elaboração de políticas públicas para a educação e o desenvolvimento econômico.
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"No DF, o Mapa reafirmou a força do setor da construção na economia e mostrou como a indústria de tecnologia da informação se estabeleceu na capital federal, com forte demanda de formação profissional para os próximos anos. São setores que já têm forte atendimento pelo Senai-DF e que terão ainda maior atenção no planejamento das formações, seja na qualificação realizada por meio do Programa Senai de Gratuidade Regimental, seja em ações realizadas em parceria com o governo do DF, como já realizamos no Renova-DF e no DF Inova Tech", afirma Bittar.
Aperfeiçoamento
Aos 43 anos, Leonardo Pirangi viu na requalificação uma oportunidade de maximizar habilidades e se manter atualizado, algo que ele diz ser essencial na área de TI. O morador de Taguatinga nunca havia pensado em fazer um curso antes, até que decidiu aprimorar seus conhecimentos práticos sobre bancos de dados, há dois meses.
"Na área de TI, você não pode passar um mês sem se atualizar sobre as novas linguagens ou os novos processos que acontecem. Então, principalmente essa parte de dados, é muito dinâmica, muda muito. Surgem coisas novas de um mês para o outro", argumenta Pirangi.
Agnaldo Gonçalves Júnior também buscou a qualificação visando aprimorar habilidades. Ao ingressar na área de construção, por meio do curso de Drywall, o jovem de 24 anos encontrou uma nova maneira de entrar para o mercado de trabalho.
"Acho que, às vezes, só a experiência não é suficiente. Estão exigindo mais especializações, certificados, e que você procure mais áreas para poder trabalhar. Temos que seguir ampliando nossas áreas de conhecimento. Então, por isso que eu acho que é importante a gente se preocupar em se especializar em uma área nova, ou ter um conhecimento em uma área nova, e é o que o Senai proporciona", defende Gonçalves.
Desenvolvimento
O secretário da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda do DF (Sedet), Thales Mendes Ferreira, afirma que as ações para atender essas necessidades estão em andamento. Para ele, a meta estimada pelo estudo é um número que pode ser alcançado sem grandes preocupações. "Nosso planejamento é de qualificação profissional de, em torno de, 50 mil pessoas por ano. Indo nessa perspectiva, atingiríamos cerca de 150 mil pessoas qualificadas e requalificadas até 2027", assegura.
Hoje, a pasta conta com duas principais apostas para atingir esse objetivo. A primeira é o Qualifica DF. Por meio da iniciativa, são oferecidos diversos cursos e oportunidades de aprendizado em diferentes áreas, visando preparar os participantes para o mercado de trabalho e contribuir para o desenvolvimento econômico e social da região.
A outra iniciativa é o Renova DF. No entanto, diferentemente do Qualifica DF, o maior objetivo é modernizar e revitalizar a cidade. Nele, os alunos se qualificam em cursos voltados para a construção civil, enquanto recuperam os espaços públicos, como praças, parquinhos, quadras e campos sintéticos de futebol.
Para o titular da Sedet, as ações também precisam promover a inclusão social. "O nosso objetivo é garantir que as pessoas mais vulneráveis, como aqueles em situação de pobreza, migrantes e beneficiários de programas sociais, tenham acesso prioritário às oportunidades de qualificação profissional."
Impacto
A professora Débora Barem, do departamento de Administração da Universidade de Brasília (UnB), ressalta que, além das ações governamentais e empresariais, é crucial que as próprias pessoas tenham iniciativa. Segundo ela, a oferta de cursos e treinamentos está crescendo, mas a atitude proativa do trabalhador em se adaptar às novas exigências do mercado é indispensável.
Para a pesquisadora, há uma barreira geracional a ser superada, especialmente entre os jovens. Embora haja uma alta demanda por conhecimento técnico para determinadas tarefas, muitos recrutadores apontam uma grande inaptidão com habilidades comportamentais no ambiente de trabalho, as chamadas soft skills. Barem também destaca que permeando todas essas questões está a atualização tecnológica, que nos próximos anos vai afetar não só quem está empregado há mais tempo, mas todo o mercado de trabalho.
"A evolução tecnológica tem levado à extinção de diversas profissões. Hoje, um trabalhador não é mais simplesmente analógico, ele é digital. Um exemplo claro é a figura do cobrador de ônibus, substituído por sistemas de pagamento automatizados. A grande questão é avaliar a evolução tecnológica e verificar o quanto você vai ter que retreinar e requalificar para evitar um grande desemprego", analisa a professora.
Futuro do trabalho
Apesar do panorama, o DF ocupa a 15ª posição do ranking de estados relacionados pelo estudo. No topo, está São Paulo, que precisará atender uma demanda de 4,29 milhões de profissionais. O superintendente do Observatório Nacional CNI, Marcos Guerra, ressalta que o cenário no DF reflete o que está acontecendo em outras regiões do país.
"O Brasil precisa urgentemente aumentar sua competitividade e produtividade. A chegada constante de novas tecnologias transforma profundamente o mercado de trabalho. Nesse cenário, o mapa tem um papel crucial, oferecendo informações claras e precisas sobre a futura demanda de algumas profissões do futuro. Isso facilita a tomada de decisões de jovens e trabalhadores", avaliou.
Guerra, no entanto, aponta que são necessárias ações para lidar com problemas decorrentes de dificuldades de integração entre regiões mais afastadas no DF com o Plano Piloto. Ele avalia que existem empecilhos, como a falta de mobilidade e integração dos sistemas de transporte em Brasília e a necessidade de altos investimentos para implantar escolas de formação profissional na indústria.
Para otimizar os recursos e garantir a efetividade dessas iniciativas, ele considera fundamental realizar um planejamento estratégico, considerando a vocação de cada região administrativa, a presença de empresas locais e a demanda por determinadas qualificações.
Demanda
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Construção (25 mil) — para atuar como profissionais na operação de máquinas de terraplanagem, ajudante de obras civis, trabalhadores de estruturas de alvenaria, fundações, entre outros;
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Tecnologia da Informação (23 mil) — com vagas para analistas de tecnologia da informação, técnicos em operação e monitoração de computadores, técnicos de desenvolvimento de sistemas e aplicações, entre outros;
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Manutenção e Reparação (13 mil) — para mecânicos de manutenção de veículos automotores, trabalhadores operacionais de conversação de vias permanentes (exceto trilhos), eletricistas de manutenção eletroeletrônica, e outras;
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Alimentos e Bebidas (13 mil) — com necessidade de magarefes ((profissional de manipulação e processamento de carnes e derivados), padeiros, trabalhadores na fabricação e conservação de alimentos, operadores de equipamentos na fabricação de pães, massas alimentícias, doces, chocolates e achocolatados, entre outras.
Fonte: Mapa do Trabalho Industrial
Onde buscar qualificação
Existem instituições que oferecem qualificação profissional para diversas áreas. Os cursos são divulgados por meio de seus sites, entre eles:
» O site para interessados em se inscrever é o cursos.senaidf.org.br.
*Estagiário sob supervisão de Patrick Selvatti
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