O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Neuton Dornelas , foi o convidado do CB.Saúde — parceria entre o Correio e a TV Brasília — desta quarta-feira (23/10). Às jornalistas Carmen Souza e Sibele Negromonte, ele falou sobre os riscos do popularmente conhecido “chip da beleza” e sobre a onda de uso de anabolizantes sem prescrição médica.
Neuton Dornelas afirmou que a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), junto com outras entidades, tem acompanhado de perto a questão dos hormônios no país. “A decisão da Anvisa, tomada no último dia 18, foi resultado de um longo processo de regulamentação”, completou. Ele destacou a importância de entender que tanto o Conselho Federal de Medicina quanto a Anvisa têm papeis fundamentais na regulamentação da profissão médica e no controle de substâncias no Brasil. No entanto, são as entidades médicas que, com seu papel científico, ajudam a monitorar e alertar sobre os riscos à saúde da população.
O vice-presidente da SBEM esclareceu que os chips da beleza, inicialmente, foram utilizados com algumas justificativas médicas, como no tratamento da endometriose e se popularizaram com o tempo, principalmente por influência das redes sociais e da imprensa, o que transformou o uso dos chips em uma indústria lucrativa. “O problema é que muitas vezes não se sabe exatamente o que tem dentro desses chips. Começaram a surgir complicações não apenas em ginecologia e endocrinologia, mas também em psiquiatria e cardiologia”, pontuou.
Anabolizantes
O especialista salienta que um dos grandes riscos dos chips de beleza é que, assim como os anabolizantes, eles podem causar hipertrofia muscular, inclusive do coração, o que pode levar a problemas cardíacos sérios, como infartos. “Diversas sociedades médicas, principalmente as especialidades mais próximas do uso de hormônios e do tratamento de suas complicações, começaram a se mobilizar. Esse movimento resultou na criação da plataforma Vigicon, que monitora o mau uso de hormônios”, ressaltou.
Dornelas enfatiza que, em agosto, com a criação da Vigicon, já foram registrados 260 casos de complicações associadas ao uso dos chips da beleza, mas há uma subnotificação clara desses problemas, já que muitos casos não são relatados. “Esse número é apenas o início de uma conscientização mais ampla que está sendo promovida, e as complicações associadas ao uso desses hormônios já vêm ocorrendo há muito tempo”, completou.
*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado
Confira entrevista completa
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br