ENTREVISTA

Fiocruz quer popularizar o conhecimento científico e combater o negacionismo

Ao CB.Saúde, Fernanda Marques, pesquisadora da área de divulgação científica em saúde da Fiocruz, falou sobre o esforço para aproximar a ciência da sociedade

CB.Saúde recebe Fernanda Marques, professora, jornalista, e pesquisadora da área de divulgação científica em saúde na Fio Cruz Brasília. Na bancada: Sibele Negromonte e Mila Ferreira.  -  (crédito: Kayo Magalhães/CB/D.A Press)
CB.Saúde recebe Fernanda Marques, professora, jornalista, e pesquisadora da área de divulgação científica em saúde na Fio Cruz Brasília. Na bancada: Sibele Negromonte e Mila Ferreira. - (crédito: Kayo Magalhães/CB/D.A Press)

A importância de aproximar a sociedade da ciência foi tema do CB.Saúde — parceria entre o Correio e a TV Brasília — dessa quinta-feira (17/10). Às jornalistas Sibele Negromonte e Mila Ferreira, a pesquisadora da área de divulgação científica em saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Brasília, Fernanda Marques, também falou sobre como a instituição atua nas escolas do Distrito Federal. Podem participar unidades de ensino públicas e privadas. A Fiocruz adapta suas atividades de acordo com as necessidades de cada unidade de ensino. Outro tema abordado foi a participação feminina no universo científico.

Como a Fiocruz leva a ciência para a população leiga?

Esse processo de aproximação da ciência com a sociedade é fundamental, inclusive para o combate ao negacionismo e às fake news. A ciência precisa estar junto com a sociedade, pois é parte dela. Todas as ações que a Fiocruz faz, como jogos, oficinas, convite para as escolas visitarem a Fiocruz e a fundação indo até as escolas, fazem parte de uma grande estratégia de divulgação científica, que é uma parte da ciência, já que ciência é produzir conhecimento. Não adianta produzir conhecimento e deixá-lo guardado numa dissertação ou tese que ninguém vai ler ou acessar. Fazer esse conhecimento circular não só entre os chamados pares, que são outros pesquisadores, mas com toda a sociedade é essencial, pois todo mundo pode contribuir. Se a pesquisa começa com uma pergunta ou problema, a sociedade pode ajudar desde o início, não só conhecendo os resultados, mas também ajudando a formular essas perguntas. Essa aproximação ciência — sociedade é crucial desde o começo, para alcançarmos o bem-estar social e melhores condições de vida, com equidade e combate às desigualdades sociais.

Como funciona a parceria da Fiocruz com as escolas?

Os programas de divulgação científica da Fiocruz têm um alcance nacional, com presença no DF e em vários estados, e sua sede no Rio de Janeiro. A instituição participa de iniciativas como a Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente, incentivando escolas a desenvolverem projetos científicos; o programa Mais Meninas na Ciência, que busca abrir portas para a participação feminina no universo científico; e a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia. Essas ações visam aproximar não só o público escolar, mas toda a sociedade, promovendo uma ciência mais dialógica e participativa. O principal parceiro da Fiocruz em Brasília é a Secretaria de Educação do DF, priorizando escolas públicas, embora as particulares também possam participar.

Como as escolas podem obter mais informações?

As escolas podem acessar o Instagram da instituição, @fiocruzbrasilia. A Fiocruz adapta suas atividades de acordo com as necessidades de cada escola, como oficinas sobre dengue ou vacinação, conforme o contexto local. Além de abordar questões sérias, como a dengue, de maneira prescritiva, a Fiocruz busca engajar o público de forma lúdica, transformando ações como a eliminação de focos de mosquitos em jogos. Essa abordagem gamificada envolve mais as crianças e a comunidade, tornando-as multiplicadoras do conhecimento.

Como aproximar o público feminino da ciência?

Temos o programa Mulheres e Meninas na Ciência, e, no DF, ele é especificamente chamado de Mais Meninas na Fiocruz, Brasília. O objetivo é trabalhar a equidade de gênero na ciência, abordando também a diversidade de forma ampla, envolvendo mulheres, pessoas negras e indígenas. Embora existam muitas mulheres na ciência, suas contribuições nem sempre recebem a mesma visibilidade que as dos homens, perpetuando o imaginário de que a ciência é dominada por homens brancos de jaleco. O programa busca trazer novas perspectivas à ciência, promovendo uma ciência mais diversa e rica em resultados. Ações são realizadas para atrair meninas, colocando-as em contato com pesquisadoras da Fiocruz, que são maioria em Brasília. Esse contato inspira as meninas a enxergarem a possibilidade de se tornarem cientistas. O programa também foca em abrir oportunidades concretas, criando um impacto mais profundo e duradouro. Em 2024, o programa lançou um desafio para professores do DF, incentivando-os a trabalharem com seus alunos sobre mulheres que inspiram na ciência e estão ligadas ao DF. Essas pesquisas resultaram em textos e ilustrações, e todo o material será reunido em uma coletânea de mulheres inspiradoras do DF, que será lançada em 25 de outubro, aniversário da Fiocruz Brasília. Na comemoração, haverá também a premiação da Olimpíada de Saúde e Meio Ambiente e o lançamento oficial do livro do Mais Meninas.

O que é a semana nacional de ciência e tecnologia?

A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia é uma das mais importantes políticas públicas brasileiras voltadas para a divulgação científica. Durante essa semana, instituições e organizações de todo o país promovem atividades para aproximar a ciência da população. Na Fiocruz, por exemplo, está sendo realizada uma "Semana de Portas Abertas", que acontece de 14 a 18 de outubro, com várias ações voltadas ao público. Este ano, o tema central da Semana Nacional é "biomas do Brasil", e a Fiocruz Brasília fez um recorte específico para tratar do Cerrado. As atividades incluem uma peça de teatro sobre o bioma e uma exposição digital interativa, que permite aos visitantes conhecerem as características do Cerrado, as ameaças que ele enfrenta e como é possível fazer escolhas mais saudáveis e sustentáveis para sua preservação. A programação está aberta até amanhã, sexta-feira, permitindo que mais pessoas participem e aprendam sobre o tema.

Veja a entrevista:

*Estagiário sob a supervisão de Malcia Afonso

 

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postado em 18/10/2024 06:00
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