O Distrito Federal passou pela maior seca da história ao ficar 167 dias sem registros de chuva. Nesta segunda-feira (7/10), choveu em alguns pontos da capital federal, como no Gama, Santa Maria, Asa Norte, Lago Norte, Noroeste, Sobradinho e Taquari
Após tantos meses sem chover e com diversos registros de queimadas, as precipitações podem ficar mais ácidas que o normal, de acordo com especialistas ouvidos pelo Correio. O professor Roberto Ventura, do Instituto de Geociência da Universidade de Brasília (UnB), explicou que o cenário ocorre por causa da interação da água de chuva com o CO² (gás carbônico) presente na atmosfera.
"Durante períodos de seca prolongada e, principalmente, com as intensas queimadas, como é o caso atual do DF, outros componentes, além do CO², acabam estando presentes na atmosfera, o que pode afetar ainda mais o pH, tornando-o ainda mais ácido", explica.
O especialista faz a ressalva que, apesar de o DF ter uma atmosfera relativamente limpa, ou seja, com poucos poluentes industriais, estamos em um ano com muitas queimadas e, consequentemente, com muitos materiais particulados sendo transferidos para a atmosfera. "Junto com essa queima, a gente acaba tendo também componentes, como sulfatos e nitratos, que também promovem a acidez na água da chuva", comenta.
O aumento dessa acidez pode trazer consequências para o meio ambiente, de forma geral. Porém, de acordo com o doutor em desenvolvimento sustentável pela Universidade de Brasília (UnB) Christian Della Giustina, no caso do DF, essas chuvas não devem trazer impactos de qualidade na fauna, na flora e nos recursos hídricos.
Outro fenômeno que pode ocorrer é a chuva preta. Segundo Ventura, para que isso aconteça, é preciso que pequenas fuligens estejam na atmosfera. No entanto, de acordo com o especialista, a chance de que uma chuva preta ocorra no DF é baixa.
Moradores do DF celebram chegada da chuva
Com a chegada da chuva na capital federal, moradores celebraram o alívio após 167 dias convivendo com a seca. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), foram registrados 7 milímetros de chuva na estação meteorológica do Gama, o que encerra oficialmente a maior seca da história.
Até o último fim de semana, as cinco estações meteorológicas do DF não haviam registrado precipitações. Apesar das fotos de sábado (5/10) e domingo (6), a primeira chuva só foi registrada oficialmente na tarde desta segunda, entre 13h e 14h na estação meteorológica do Gama.
A previsão do tempo indica que novas pancadas de chuva podem ocorrer entre terça-feira (8) e quinta-feira (10) em Brasília. Mesmo com o alívio da chuva, os cuidados com a saúde continuam sendo necessários, especialmente para evitar a exposição prolongada ao calor extremo. No sábado (5), a capital federal bateu o recorde de temperatura do ano, com 37,5°C.
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