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Distrito Federal sofre 166 dias de estiagem agravada pelo calor

Instituto Nacional de Meteorologia aponta que primeiras chuvas, pontuais, comecem a cair a partir de amanhã

A onda de calor que atinge o Distro Federal vem desde 26 de setembro, há pouco mais de 10 dias; na imagem Sol refletido no Lago Paranoá -  (crédito: Ed Alves/CB/D. A Press)
A onda de calor que atinge o Distro Federal vem desde 26 de setembro, há pouco mais de 10 dias; na imagem Sol refletido no Lago Paranoá - (crédito: Ed Alves/CB/D. A Press)

Por Bruna Pauxis e Jéssica Andrade

O Distrito Federal completou, ontem (6/10), 166 dias sem chuva. Superando, constantemente, os recordes de dias mais quentes do ano, com temperaturas que ultrapassam os 37°C e taxas de umidade abaixo dos 20%, as consequências do clima na região afetam, além da vegetação, os hábitos e a saúde dos moradores locais.

Ontem (6/10), porém, moradores de Águas Claras e Brazlândia comunicaram que havia chovido no começo da noite. Entretanto, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a estação climática no Sudoeste não havia registrado nada e, portanto, oficialmente, a seca seguia. Na semana passada, no domingo, foram informados chuviscos em Ceilândia e Samambaia, que tampouco receberam atenção do instituto devido à falta de constatação por seus equipamentos.

Aos fins de semana, pontos à beira do Lago Paranoá ficam cheios de banhistas que buscam se refrescar. A designer gráfica Ana Beatriz Bezerra, de 26 anos, mora em Taguatinga e conta que tem tentado amenizar o incômodo com o calor com banhos gelados, mas que sente falta de espaços públicos nas regiões administrativas para se refrescar. "Tem um lugar em Taguatinga, que é o Parque Onoyama, que não funciona, está muito sucateado. Não dá para tomar banho lá. Aí, teríamos de ir para muito longe. Tem as cachoeiras perto de Brasília, mas a maioria está queimada", conta ela, que aproveitou o domingo para nadar no Deck Norte.

O namorado de Ana, o educador Iago Guimarães, 26, preocupa-se com os efeitos das altas temperaturas para a saúde humana. "A filha de dois anos do meu melhor amigo sofreu com um problema respiratório muito grave, teve um derrame pulmonar e agora está se recuperando. Os médicos falaram que pessoas na idade dela são muito frágeis, e que o clima com certeza agravou a situação", comentou.

O vendedor ambulante, Melqui de Lima, 47, comercializa cachorro-quente, água de coco e refrigerantes no Deck Norte há nove anos. Ele diz que, com o calor, o movimento no deck triplicou. "Depois da pandemia, a quantidade de pessoas aqui diminuiu bastante, mas com a temperatura alta, agora, tem muito mais pessoas". O comerciante, que passa os domingos naquele ponto turístico revela que, às vezes, para lidar com a situação, "dá um pulinho" no lago deixando seu filho cuidando da barraca.

A artesã Alessandra Litran, 50, moradora do Valparaíso de Goiás, diz que a elevação da temperatura a tem feito enfrentar complicações. "Esta noite não dormi. Estou com olheiras, inchada e com a pressão alta", lamenta ela, que passeava no Deck Norte com sua neta Maya, 4. 'Ela (a menina) nasceu com asma e, ano passado teve bronquiolite. Estamos preocupados com ela neste clima, mas se encontra bem", disse a avó.

Cuidados

A Secretaria de Saúde do Distrito Federal, apontou, em nota divulgada, para o risco do aumento de problemas cardíacos com as altas temperaturas e divulgou alguns cuidados. Entre eles, citou: consumir bastante água, evitando bebidas alcoólicas; fazer refeições leves e frias, como saladas e frutas; usar roupas leves, largas e de cores claras; tomar banhos frios com frequência e antes de dormir; abrir as janelas para que o ar circule; evitar aglomerações; usar protetor solar regularmente; não sair durante os horários mais quentes do dia e quando estiver ao ar livre, ficar na sombra ou usar chapéus e guarda-chuvas.

Mas o "Saara brasiliense", está com os dias contados. De acordo com o Inmet, a possibilidade é de que as primeiras chuvas, mesmo que pontuais, comecem a cair a partir de amanhã (8/10). Mas até lá, os candangos deverão suportar firmes o "forno" em que se encontram.

Neste domingo, atingiu-se a máxima de 36,6°C, enquanto a umidade relativa do ar ficou em 15%. No sábado, o DF teve o dia mais quente do ano. A temperatura no Gama chegou a 37,5ºC, com umidade em torno de 15%. Até então, a máxima mais elevada em 2024 havia sido registrada, em 3 de outubro, em Planaltina: 36,8ºC.

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postado em 07/10/2024 06:00
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