Com a definição dos prefeitos para os próximos quatro anos nas 11 cidades da Região Metropolitana (Ride-DF), entra em cena o trabalho da Secretaria do Entorno do DF (SEDFGO), chefiada pela secretária Caroline Fleury. Ao Correio, a gestora falou sobre quais devem ser os primeiros passos, junto às novas gestões para que os municípios se desenvolvam de forma independente e mantenham uma boa relação com a capital do país.
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Como deve ser a atuação em conjunto dos prefeitos eleitos para manter uma boa relação com o DF?
É essencial mudar a percepção e enxergar o Entorno como um verdadeiro polo de desenvolvimento. A região tem um imenso potencial para atrair turismo, fomentar o crescimento industrial e criar novos polos produtivos. Os prefeitos eleitos devem fortalecer essa parceria com o DF, ampliar a cooperação, mas também trabalhar para reduzir a dependência. O caminho é avançar no desenvolvimento regional e fortalecer os municípios. Quanto mais autônomos eles forem, mais empregos serão gerados no próprio Entorno, e isso melhora ainda mais a relação com o Distrito Federal.
Como a Secretaria pode atuar para melhorar a relação entre as próprias cidades do Entorno?
Um exemplo claro é a mobilidade. Estamos trabalhando na criação de um Plano Diretor de Mobilidade Regional, alinhado com os planos municipais, para melhorar a integração entre as cidades do Entorno e trazer soluções que envolvam não só o governo federal, mas também uma cooperação intermunicipal efetiva. Também focamos em fortalecer o sentimento de pertencimento nas pessoas do Entorno. Quando elas se sentem parte do município, se envolvem mais, querem cuidar e desenvolver a região. Isso só é possível quando a gente melhora as relações entre as cidades, levando serviços, gerando empregos, conectando as pessoas, identificando as vocações locais, e promovendo o crescimento que faz sentido para cada cidade.
Qual é a possibilidade de as cidades do Entorno atuarem em conjunto para melhorar a saúde e a segurança?
Não só é real, como é o objetivo principal. Nos últimos anos, tivemos grandes avanços com a regionalização da saúde, que trouxe unidades equipadas com UTIs em hospitais de Luziânia, Águas Lindas e Formosa, beneficiando moradores de toda a região e até do Distrito Federal. Essa rede de saúde compartilhada é essencial porque, quando os municípios se articulam, eles conseguem identificar suas carências e buscar soluções em conjunto. Na área da segurança, também tivemos grandes avanços, com uma redução significativa nos índices de criminalidade. Para 2025, a criação de centrais Integradas de Segurança, com foco no videomonitoramento em todos os municípios do Entorno, é uma prioridade orçamentária.
Quais as pautas que devem ser debatidas na primeira reunião da secretaria com os prefeitos eleitos?
Com certeza, a pauta mais urgente é o transporte público. O fim da eleição coincidirá também com o prazo para o Grupo de Trabalho do Transporte no Entorno concluir o relatório e encaminhar às autoridades políticas. Temos uma expectativa muito grande pela criação do Consórcio Interfederativo para o transporte entre o Entorno e Brasília. Mas, há muitas outras pautas transversais que vão desde a destinação de resíduos sólidos à criação de bancos de leite, instalação de procuradorias para mulheres, criação de universidades e outras políticas públicas para a região.
O que deve mudar na interlocução da secretaria com o GDF, após as eleições?
Nosso modelo de interlocução tem trazido resultados positivos, que é pensar a região em frentes amplas de desenvolvimento, de forma macro. Acreditamos que essa relação vai melhorar mais ainda, uma vez que a gente vem construindo bem esse diálogo. Essas eleições, certamente, vão fortalecer essas parcerias. Essa foi uma região deixada de lado por anos, mas agora tem voz, e saímos fortalecidos nesse diálogo com o Distrito Federal, porque nós estamos falando de mais eleitores, de mais habitantes, de uma região que cresce acima da média, segundo IBGE, e que tem sido um forte atrativo para expansão mais racional e sustentável do próprio DF.
Como deve ser o trabalho para atrair mais investimentos para essas regiões, a partir de agora?
Estamos promovendo arranjos produtivos locais que englobam o turismo, o agronegócio, o setor habitacional, de serviços e outros. Nosso foco é ampliar as parcerias com organismos internacionais, especialmente no turismo. O programa Embaixadores no Entorno é um dos nossos focos para levar essas representações internacionais para conhecer os potenciais da região. O investimento externo é importante em outras áreas também. O novo polo industrial de Águas Lindas, por exemplo, está sendo concluído em parceria com a China, com a previsão de instalação de indústrias daquele país. Esse movimento tende a beneficiar toda a região, criando uma rede de cooperação e desenvolvimento econômico.
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