Investigação

O motivo oculto que mantém o "blogueiro da bomba" em regime fechado

Prontuário de Wellington Macedo diz que ele teria cometido uma falta grave na Papuda. Defesa contesta

Wellington Macedo está detido na Penitenciária do Distrito Federal II (PDF II), dentro da Papuda -  (crédito:  Ed Alves/CB/DA.Press)
Wellington Macedo está detido na Penitenciária do Distrito Federal II (PDF II), dentro da Papuda - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

Wellington Macedo, o “blogueiro da bomba”, segue detido no Complexo Penitenciário da Papuda, apesar de ter cumprido os requisitos legais para avançar ao regime semiaberto. Ele foi o responsável pela tentativa de explodir um caminhão-tanque, próximo ao Aeroporto de Brasília, na véspera do Natal, em 2022. A permanência de Macedo em regime fechado surpreendeu alguns, mas o Correio apurou que há um motivo grave por trás dessa decisão.

O caso foi mostrado na coluna Eixo Capital. Fontes haviam detalhado que Macedo teria cometido uma falta grave durante o cumprimento de sua pena. De acordo com a prévia do prontuário criminal, ele se envolveu em um crime doloso — ou seja, intencional — dentro do presídio. Apesar dos detalhes do prontuário estarem sob sigilo, esse episódio foi determinante para mantê-lo afastado do regime semiaberto.

Ao Correio, o advogado de Wellington, Síldilon Maia, relatou que agentes da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal (Seape-DF) afirmaram que seu cliente teria se envolvido em uma troca de agressões físicas com outro detento, o que é contestado pelo réu. “Segundo o próprio Wellington, a verdade é que ambos foram agredidos por policiais penais. O tempo para ele progredir para o regime semiaberto já foi cumprido, e a sindicância está atrasada há mais de 30 dias”, afirmou Maia.

Macedo foi condenado a seis anos de prisão pelo atentado. Logo depois de a ação haver sido frustrada, com a ação polícial, ele fugiu do país, sendo encontrado apenas em setembro do ano passado, após ser capturado em uma operação conjunta da polícia paraguaia e a Interpol, no extremo leste do Paraguai.

Em nota, a Seape explicou que Wellington Macedo se envolveu em uma agressão mútua com outro companheiro de cela, sendo encaminhado à ala disciplinar em 4 de junho. "Em razão da falta grave cometida, conforme a Lei de Execução Penal, a progressão de regime foi suspensa, aguardando análise do Poder Judiciário sobre a infração", explicou à pasta, ao Correio.

Já acerca de uma suposta agressão por parte dos policiais penais, a secretaria pontuou que não recebeu nenhuma notificação formal acerca de qualquer desvio de conduta por parte de seus agentes.

Condenações

Além de Wellington, George Washington de Oliveira Sousa e Alan Diego — outros envolvidos na trama — foram condenados na primeira instância do Judiciário local. O Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) e as defesas dos dois réus questionaram a condenação.

Em decisão proferida em segunda instância na Justiça do DF, o desembargador Jansen Fialho de Almeida acolheu o pedido do MP, e aumentou a pena de Sousa, de nove anos e quatro meses para nove anos e oito meses de prisão, com base nos artigos 14 e 16 da lei n° 10826/03.

Sobre Diego, o desembargador entendeu que as condenações dadas a ele são fixadas em consonância com os parâmetros adotados pela legislação. Com isso, a pena, que antes era de cinco anos e quatro meses, foi diminuída para cinco anos. Na decisão, o magistrado rejeitou um pedido de liberdade das defesas e determinou que ambos cumprirão pena em regime fechado.

Wellington Macedo está detido na Penitenciária do Distrito Federal II (PDF II), no complexo da Papuda, onde cumpriu pouco mais de 16% da pena.

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postado em 04/10/2024 23:43 / atualizado em 07/10/2024 16:47
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