ACIDENTE NO CRUZEIRO

Recall: como saber se o carro precisa de reparo da montadora

A assistente social Marcela Gonçalves Feitosa de Melo, 37 anos, perdeu a vida após o veículo que dirigia bater e uma peça do airbag atingiu a cervical dela

Os motoristas devem estar atentos aos recalls das montadoras -  (crédito: Samuele Errico Piccarini na Unsplash)
Os motoristas devem estar atentos aos recalls das montadoras - (crédito: Samuele Errico Piccarini na Unsplash)

O acidente ocorrido na Avenida das Jaqueiras, em frente ao terminal rodoviário do Cruzeiro, na terça-feira, levantou debates acerca da segurança dos sistemas de airbag. A assistente social Marcela Gonçalves Feitosa de Melo, 37 anos, perdeu a vida após o veículo que dirigia, um carro modelo Toyota/Etios SD XS, 2015/2016, colidir com a traseira de um veículo HB20, que havia parado na faixa para a travessia de um pedestre.

Segundo o delegado-chefe da 3ª Delegacia de Polícia do Cruzeiro, Victor Dan, as investigações preliminares apontam que a vítima perdeu a vida após ter a cervical perfurada por um projétil, supostamente expelido durante o acionamento do airbag. O ferimento causou lesões nos vasos cervicais, o que provocou a morte. 

Para consultar a necessidade de reparos em qualquer veículo, basta acessar o site da Secretaria Nacional de Trânsito e informar o número do chassi ou da placa para obter detalhes do recall. As montadoras também oferecem, nos sites oficiais, uma página para consultar comunicados. Para encontrar, basta digitar, no Google, o nome da montadora e a palavra recall. Confira as páginas das principais montadoras: Toyota, Volkswagen, Fiat, Hyundai e Chevrolet.

 Marcela Gonçalves Feitosa de Melo, 37 anos, morreu em um acidente em frente ao Terminal Rodoviário do Cruzeiro. O carro dela estava com recall pendente
Marcela Gonçalves Feitosa de Melo, 37 anos, morreu em um acidente em frente ao Terminal Rodoviário do Cruzeiro. O carro dela estava com recall pendente (foto: Reprodução/ redes sociais)

Recall pendente

O carro de Marcela estava com dois recalls pendentes, segundo informações obtidas pelo Correio no portal de serviços da Secretaria Nacional de Trânsito (SENATRAN). A reportagem constatou que o veículo faz parte do lote que apresenta defeitos no airbag do motorista e do passageiro. "O proprietário deverá procurar imediatamente a concessionária fabricante do veículo. A não reparação do feito coloca em risco a segurança de todos", apontou o resultado da consulta.

Consta que o registro de recall foi anexado em 23 de novembro de 2020, para o airbag do motorista, e em 24 de novembro de 2020, no caso do airbag do passageiro. Na consulta, não consta data de notificação via e-mail para a proprietária do veículo. O defeito foi descrito como "ruptura da carcaça do deflagrador com riscos de dispersão de fragmentos metálicos junto com a bolsa do airbag".

Icaro Morais, engenheiro automotivo pela Universidade de Brasília (UnB), explicou que a espoleta trata-se de um dispositivo eletromecânico, instalado atrás da almofada do airbag, que, quando acionado, liga uma resistência elétrica que literalmente explode e cria os gases responsáveis por inflar a bolsa.

"O airbag não precisa de manutenção preventiva. A indústria automotiva não orienta que seja feita manutenção periódica porque esse sistema tem uma confiabilidade muito alta. Algumas marcas determinam um prazo de validade, mas geralmente são grandes, como uma década. Nesse caso, se o laudo pericial indicar que a espoleta realmente foi arremessada contra a ocupante, isso com certeza terá sido um erro de projeto, porque esse dispositivo tem de ficar preso no colo do volante", apontou.

Segundo o especialista, o recall é uma "engenharia reversa". Quando a montadora identifica falhas, os veículos fabricados no lote passam por vistoria para fazer a manutenção das peças e os ajustes necessários.

O Correio teve acesso ao aviso de risco enviado pela Toyota aos proprietários do veículo modelo Etios, mesmo carro de Marcela. Segundo o comunicado, uma investigação realizada pelo fornecedor do airbag, que fica no Japão, mostrou degradação do componente do deflagrador após longos períodos de exposição a altas temperaturas.

"O fato torna a peça mais suscetível a romper-se inadequadamente no caso de colisão do veículo, o que pode provocar a dispersão de pequenos fragmentos de metal da carcaça do deflagrador, juntamente com a bolsa, e causar danos materiais, lesões físicas graves, ou até mesmo fatais, ao motorista e aos ocupantes do veículo", disse o informe da montadora.

Pronunciamento

Por meio de nota, a Toyota posicionou-se sobre o acidente. Leia na íntegra:

"A Toyota se solidariza com a família da vítima e lamenta o ocorrido. Com relação ao veículo, informa que se encontra com campanha de recall pendente desde 2019. Para que a Toyota possa fornecer mais informações, será necessária perícia técnica.

Aproveitamos para pedir aos proprietários que verifiquem se os seus veículos estão envolvidos na campanha de recall pelo site da montadora, pelo Toyota Assistência 24 horas, no telefone 0800 703 0206, ou diretamente com o concessionário mais próximo.

Caso o veículo esteja envolvido na campanha de recall, pedimos que o proprietário entre em contato com a Rede de Concessionárias Toyota para realizar o agendamento. O serviço consiste na substituição do deflagrador da bolsa do airbag, tem duração estimada de até 1 hora e é realizado de forma gratuita."

Veículo de mulher que morreu em acidente estava com recall pendente


Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Ícone do whatsapp
Ícone do telegram

Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br

postado em 03/10/2024 11:46
x