meio ambiente

Com 163 dias, seca de 2024 iguala recorde e pode entrar na história

Capital deve igualar nesta quinta-feira (3/10) recorde registrado em 1963. Com 163 dias sem chuva, população segue enfrentando desafios da estiagem, do calor persistente e das queimadas criminosas na região

 01/10/2024. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil.  Brasilia - DF. Trabalhadores que estão enfrentando calor em Brasília. Cerrado Seca -  (crédito:  Minervino Júnior/CB)
01/10/2024. Crédito: Minervino Júnior/CB/D.A Press. Brasil. Brasilia - DF. Trabalhadores que estão enfrentando calor em Brasília. Cerrado Seca - (crédito: Minervino Júnior/CB)

A capital completou 163 dias sem chuvas, igualando-se ao período de maior seca registrado em Brasília, ocorrido na década de 1960. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a temperatura máxima na capital atingiu 34,4ºC nesta quarta-feira (2/10), com umidade relativa do ar em torno de 12%.

O dia foi marcado por poucas nuvens e presença de névoa seca. Para esta quinta-feira (3/10), a previsão é de que a temperatura chegue a 35ºC, com umidade em torno de 15%. Ainda segundo o órgão, os próximos dias prometem ser bastante quentes, com previsão de chuva apenas para a próxima semana.

As condições climáticas têm afetado a rotina de muitos moradores e trabalhadores em Brasília e Entorno. Com temperaturas elevadas e a umidade do ar em níveis críticos, as dificuldades são sentidas tanto em ambientes externos quanto na locomoção pela cidade, agravadas pelas queimadas que assolam a região. Além do calor extremo, os incêndios frequentes têm agravado os problemas respiratórios da população, como relata Débora Neto, 23, moradora de Santa Maria.

"A questão não é só o calor, mas também a umidade baixíssima. E aí vêm esses incêndios que só pioram tudo. Eu tenho bronquite e, graças a Deus, não chegou a atacar, mas é horrível. Não só para a gente, mas também para os nossos animais. A gente vê alguns cães na rua, sempre ofegantes. Já não basta o clima ser seco, ainda vem as pessoas e agem de forma criminosa com as queimadas", desabafou Débora. "É importante manter a hidratação, não se expor ao sol, e cuidar dos animais também", lembrou.

Produtividade

A situação está afetando a produtividade da secretária Adriana Fátima Carlos, 48. "Eu tenho um umidificador e um ventilador em casa, mas estou pensando em comprar um ar-condicionado. Não estou conseguindo trabalhar direito porque a gente sua muito, e eu sinto dores de cabeça. Meu marido tem asma, e está sofrendo com isso também. No trabalho, até tem ar-condicionado, mas quando a gente sai, essa parte de se locomover é difícil. Dentro do ônibus que eu pego não tem ar-condicionado, e isso só piora tudo", lamentou a moradora do Cruzeiro.

Para o técnico de lubrificação automotiva Francisco Nascimento, 40, que mora na Candangolândia, o ambiente de trabalho tem proporcionado um pouco de alívio. "Está sendo muito ruim trabalhar nesse calor, não cheguei a passar mal, graças a Deus o transporte público que pego tem ar condicionado, e o lugar onde trabalho, apesar de não ter ar-condicionado, é bem arejado, então ajuda bastante. Mas sei que está sofrido e pesado para muita gente", comentou. 

Há, porém, que tenha uma perspectiva diferente. É o caso de José Vandeí Leite Vieira, 60, residente de Águas Lindas (GO), que está acostumado com o calor, e gosta. "Trabalho desde os 10 anos debaixo do sol, estou acostumado, até gosto". Para ele, entretanto, há o excesso notável. "Mesmo para quem está acostumado, está pesado, nunca vi Brasília assim. Graças a Deus, não cheguei a passar mal", concluiu o ambulante.

  • Débora Neto condena prática das queimadas criminosas
    Débora Neto condena prática das queimadas criminosas Foto: Giovanna Sfalsin/CB/D.A Press
  • Francisco Nascimento: uso do ar-condicionado do ônibus
    Francisco Nascimento: uso do ar-condicionado do ônibus Fotos: Giovanna Sfalsin/CB/D.A Press
  • Jose Vandeí, 60, trabalha desde os 10 anos exposto ao Sol
    Jose Vandeí, 60, trabalha desde os 10 anos exposto ao Sol Foto: Giovanna Sfalsin/CB/D.A Press

Cuidados

A Defesa Civil do DF alerta sobre os cuidados que a população precisa ter nesse período. É importante se hidratar, evitando exposição ao sol, e ter cuidado com crianças e idosos,  já que o tempo seco e a baixa umidade do ar podem levar a problemas respiratórios, ressecamento da pele, desconforto nos olhos, boca e nariz. Em caso de risco, a orientação é utilizar o canal de emergência do Corpo de Bombeiros (CBMDF) pelo telefone 193.

Além disso, a Defesa Civil informa que seguindo as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), monitora as condições do DF e, quando observados índices inferiores a 30% persistentes e em dois dias contínuos, emite os alertas. As mensagens são enviadas por SMS à população destacando a importância de tomar os devidos cuidados neste período. Para recebê-los é necessário fazer um cadastro prévio, enviando o CEP para o número 40199. 

Orientações

» Aumente a ingestão de água ou suco de frutas, mesmo sem ter sede;

» Evite bebidas alcoólicas;

» Faça refeições leves e mais frequentes;

» Atenção com a hidratação de recém-nascidos, crianças, idosos e doentes;

» Evite exposição direta ao sol nas horas mais quentes;

» Use roupas leves, que não retêm muito calor;

» Use umidificadores de ar, toalhas molhadas ou baldes de água; e

» Não deixe crianças ou animais em veículos estacionados.

 


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postado em 03/10/2024 05:00
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