A onda de calor que assola a capital do país levou o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) a emitir um alerta laranja nessa terça-feira (1º/10), quando os termômetros registraram 31,1°C. Este alerta é emitido quando a temperatura máxima prevista é cinco graus acima da média do último mês. A previsão de máxima para esta quarta-feira (2/10) é de 34ºC enquanto a média máxima dos últimos 30 dias havia sido 29ºC. Além do clima quente, Brasília completa hoje 162 dias sem chuva — o período mais seco da história foi de 163 dias, na década de 1960.
Apesar de chuvas isoladas no último fim de semana em alguns pontos do DF, se a estação meteorológica do Plano Piloto não registrar chuvas até esta quinta-feira (3/10), 2024 entra para a história como o ano com maior período de estiagem desde a fundação da capital. Mas a previsão do Inmet é que haja precipitações somente a partir da próxima terça-feira (8/10). Segundo os meteorologistas, uma massa de ar seco atua sobre o Distrito Federal, atrasando o fim da estiagem. O céu deve permanecer com poucas nuvens até a próxima semana, com névoa seca em todos os períodos do dia.
Sol escaldante
A Secretaria de Saúde do DF (SES-DF) informou que, na primeira semana de setembro de 2024, o número de atendimentos relacionados a síndromes respiratórias totalizou 5.193. Como em 2023, no mesmo período, foram registrados 3.931 atendimentos, há um crescimento de 32%.
Com as altas temperaturas e a umidade em baixa, o calor se torna um desafio diário para quem trabalha ao ar livre. Residente do Riacho Fundo 2, Ademar Moreira, 44 anos, é operador de máquinas em obras públicas e lida com a exposição ao sol. "Nós já estamos acostumados, mas é sempre muito ruim quando está muito quente assim. Fazemos o máximo para conter. Uso chapéu, e ando com uma garrafa grande de água. Fico aqui o dia todo manuseando máquinas e isso exige muito esforço", diz.
De acordo com o dermatologista Fábio Gontijo, a longo prazo, o principal risco da exposição ao sol por longos períodos é o câncer de pele. "A radiação solar promove mutações no DNA das células da pele. Além disso, o envelhecimento da pele também é exacerbado. A curto prazo, devemos nos preocupar com as queimaduras solares, insolação e desidratação", orienta. "As brotoejas também figuram como doenças de pele comuns relacionadas ao calor. Elas são causadas pelo uso de roupas pesadas ou cremes que obstruam as glândulas de suor da pele. As micoses também podem se tornar mais frequentes nas condições de calor aumentado", acrescenta.
José Santos Diniz, 60, vendedor de água de coco na Catedral, tem a função social de refrescar a população, mantendo-a hidratada, mas também enfrenta o sol escaldante em sua rotina. "O calor está matando, mas tem que trabalhar. Tento me proteger com boné, roupas de manga e bebendo água, mas é complicado. Pelo menos esse calor aumenta as minhas vendas, as pessoas procuram água e coco para se refrescar", comenta o morador da Vila Planalto.
Aloisio Pereira, 50, que há mais de 10 anos trabalha vendendo pipoca, tem seu lugarzinho cativo no Setor de Rádio e TV Sul, então às vezes consegue ficar na sombra. "O ruim é só ficar carregando o carrinho, esse sol castiga. Tento sempre começar a rodar só depois das 16h, que o sol está mais brando", destaca.
Cuidados
A SES orienta que, neste período de seca e queimadas, é importante ingerir bastante líquido, fechar portas e janelas, e usar máscara se estiver muito próximo a locais de queimadas e buscar ajuda médica quando necessário. Em caso de sintomas relacionados a problemas respiratórios, a orientação é procurar uma Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). A secretaria alerta que a baixa umidade pode ressecar as vias respiratórias, aumentando o risco de irritação, tosse e até mesmo infecções respiratórias. Além disso, pode causar ressecamento e irritação da pele e dos olhos, o que pode agravar alergias, visto que o ar seco pode piorar os sintomas de alergias e asma, tornando as mucosas mais suscetíveis a irritações.
*Estagiária sob a supervisão de Patrick Selvatti
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