O Distrito Federal enfrenta, nesta semana, mais uma onda de calor. É a nona que atinge o Brasil em 2024 e a segunda consecutiva que chega à capital do país. Além das altas temperaturas, Brasília também sofre com incêndios florestais. Somente nesta segunda-feira (30/9), até o fechamento desta edição, 46 ocorrências haviam sido registradas no DF, totalizando 126.000m² de área queimada.
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De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a onda de calor deve seguir até a próxima terça-feira. Conforme a previsão, as temperaturas podem alcançar 36ºC até a semana que vem. Nesta segunda-feira (30/9), a máxima no DF foi registrada no Gama, às 14h, quando os termômetros marcaram 33ºC. A umidade mais baixa ocorreu em Planaltina — 11%, às 13h.
Queimadas
Um incêndio atingiu uma área próxima ao Condomínio Alto da Boa Vista, em Sobradinho, na tarde desta segunda-feira (30/9). A fumaça invadiu o residencial, assustando os moradores, que viram as chamas se aproximarem das casas. Outra ocorrência de queimada foi registrada às margens da BR 020, também na região de Sobradinho. Até o fechamento desta edição, equipes do Corpo de Bombeiros (CBMDF) estavam trabalhando para conter as chamas nas duas áreas.
O morador Felipe Braga, de 25 anos, disse que o fogo começou por volta das 11h30, em uma mata próxima ao condomínio. "É uma região com pinheiros e muito mato seco ao redor. O fogo chegou perto das casas na quadra 106", detalhou. A área ficou encoberta pela fumaça. "Moro a três ruas da cerca do condomínio, e é possível ver muita fumaça no horizonte", descreveu.
Em setembro, foram contabilizadas 2.802 ocorrências de incêndios florestais. Os picos ocorreram nos dias 16 e 17, com 138 e 132 registros, respectivamente.
Cuidados
Médico e coordenador do Pronto Socorro do Hospital Brasília, da rede Dasa, Paulo Correia explica que ondas de calor ocasionam importantes impactos na saúde pública, provocando aumento de mortalidade em até 22% por doenças cardiovasculares, principalmente renais e respiratórias, como demonstrado por estudos científicos recentes. Os problemas são especialmente graves em populações vulneráveis às variações de temperatura, como idosos, crianças, pacientes com doenças crônicas e pessoas com baixo status socioeconômico.
"Normalmente, esses agravos de saúde são explicados devido ao estresse para o corpo ocasionados pelo calor, levando a prejuízos na termorregulação, prejudicando o controle interno de temperatura", explica. De acordo com o especialista, nesse contexto, espera-se a piora de doenças crônicas como asma, hipertensão e renais. Também pode ocorrer o desenvolvimento de doenças agudas relacionadas às altas temperaturas, principalmente insolação e desidratação. "A saúde mental não deve ser desprezada — ondas de calor estão relacionadas à baixa produtividade laboral, redução da capacidade física e redução do desempenho cognitivo", complementa.
Clima quente
Antônia Lauene da Silva, 21, é moradora do Itapoã e relata as dificuldades enfrentadas com o calor intenso, especialmente em relação à filha pequena. "Está difícil esse calor, quem sofre mais são as crianças. A gente nem tanto. Esses dias mesmo, ela estava com o rosto cheio de carocinhos por causa desse clima. A gente não tem ventilador em casa e nem umidificador. Quando tem um momento livre, aproveitamos para vir aqui no Lago Paranoá", conta.
Morador do DF há 12 anos, Diomédio Oliveira ainda se impressiona com o calor da capital. O chef de cozinha, 43, residente no Paranoá, aproveitou a folga do restaurante onde trabalha, na Asa Sul, para procurar um lugar onde pudesse se refrescar com o filho Cássio Marques, 8. Com apenas ventilador em casa, ele comenta sobre a dificuldade de lidar com o calor intenso de Brasília: "É dia de folga, aí tem que procurar um lugar bom para trazer as crianças. O segredo é fazer o uso de muito líquido, não tem para onde correr, bastante água. Frequentamos a Prainha umas duas ou três vezes por ano", diz.
*Estagiária sob supervisão de Malcia Afonso
Saiba Mais
Focos
Ocorrências de incêndios florestais nos últimos dias
21/9 103
22/9 67
23/9 109
24/9 84
25/9 75
26/9 76
27/9 77
28/9 87
29/9 88
30/9 (até as 17h) 46
Fonte: CBMDF
Chuva
Apesar de chuvas terem caído em pontos isolados do DF, a estação do Inmet para referência dessa estatística é a do Plano Piloto, que está há 161 dias sem registrar precipitações. É a segunda pior estiagem que Brasília enfrenta. A primeira foi em 1963, quando a seca durou 163 dias. Não há previsão de chuva para esta semana.
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