Esporte em que, nos últimos anos, tem despontado campeões do Brasil mundo afora, o skate é muito vai além das competições. Para Robson Diego de Menezes Oliveira, a prancha com quatro rodinhas foi uma oportunidade e uma salvação. Por isso, o skatista usa seus finais de semana para dar aulas gratuitas da modalidade do Taguaparque com o projeto Brasil Skate School.
Preso em ressocialização e dependente químico em reabilitação, Oliveira começou a praticar o esporte no final dos anos 1990. Naquela época, também, uma série de escolhas erradas, segundo ele, o fez cometer crimes e acabou detido por nove anos. Atualmente em prisão domiciliar, encontrou perto de casa uma forma de se tornar útil à sociedade. "O skate salvou minha", garante.
A iniciativa não é um negócio e nem uma ONG. O skatista une o amor que tem por esse esporte à vontade de fazer a diferença. Nas aulas, ele passa desde como se equilibrar no skate — ato conhecido pelos praticantes como "remar" — até manobras mais difíceis envolvendo corrimões e rampas.
Oliveira tem experiência em ações sociais. Ele trabalhou, em 2018, no projeto Pro Radical Skate, no Recanto das Emas, que terminou em outubro daquele ano. Isso fez com que ele começasse a dar aulas de graça e a montar skates com peças doadas para quem queria aprender, mas não tinha condições financeiras para investir em uma dessas pequenas pranchas com rodas. Além de receber de amigos apetrechos usados que reutilzado nos skates que monta, ganha doações de lojas como a Overstreet, de Brasília, e das marcas paulistas CBskateshop e Stronger Trucks.
Porém, como teve de se mudar para Taguatinga, passou a frequentar a pista do Taguaparque, nas proximidades de uma das entradas do Vicente Pires. Lá, recomeçou o trabalho do zero, encontrando novos alunos e reiniciando as aulas.
Objetivo
Por mais que ame o que faz, o fundador da Brasil Skate School necessita trabalhar durante a semana para garantir o seu sustento, deixando para os sabádos e domingo o tempo dedicado aos alunos. "Eu sonho em conseguir recursos financeiros para poder dar aulas de manhã e de tarde todos os dias", promete. "Eu sei que com o investimento certo, eu poderia proporcionar esporte de forma profissional e gratuita", acrescenta.
Enquanto esse apoio ou patrocínio não chega, os alunos continuam aparecendo. E eles podem ser de qualquer idade. Oliveira diz que, numa mesma aula, iniciantes de 6 e 48 anos dividem a pista e aprendem juntos. "Meu foco é atender quem não tem oportunidade, seja quem for", explica.
Cosmo Batista da Silva, 48 anos, que é jadineiro e vendedor ambulante, é um aluno assíduo. Ele sempre amou skate, mas — até encontrar a Brasil Skate School — nunca teve a chance de praticar por sempre ter de trabalhar para se manter. Em um Natal, conta que comprou um skate para cada uma de suas duas filhas que, contundo, preferiram seguir praticando futebol. Ele, então, pegou um dos presentes, criou coragem e foi para a pista do Taguaparque aprender Oliveira. "Há um mês, o Robson Oliveira viu que não mandava muito bem e disse que ia me ensinar", lembram, acrescentando que "o skate mudou minha vida".
Colega de Silva no projeto, Ana Laura Araújo, 6, vai aprimorar manobras e gastar energia levada pelo seu pai, João Antônio Araújo, 37, quem conta que o professor viu potencial em sua filha. "Ele ofereceu o skate para ela e incentivou para que participasse, brincasse e se divertisse com esporte", conta Araújo, professor de geografia. A garota, por sua vez, sonha alto: "Quero ser skatista igual à Rayssa (Leal)".
Pista em más condições
Apesar de o projeto juntar interessados, a pista onde se realiza tem problemas. Com avarias, desníveis e buracos, o local, no Taguaparque, oferece riscos. "É preciso revitalizar a área para melhorar em segurança. Há em lugares que, claramente, as pessoas podem cair, mesmo sabendo andar bem de skate", aponta o pai de Ana Laura.
Oliveira acrescenta outra reclamação: "O arquiteto e engenheiro que criaram essa pista, definitivamente, não andam de skate". A reclamação do professor se baseia em que, de acordo com sua análise, as rampas de aceleração não direcionam para os obstáculos de manobra, dificultando que a volta dos skatistas, pelo circuito, seja fluida.
Para o criador da Brasil Skate School, o ideal seria contrstruir uma nova pista em uma área vazia ao lado da atual. Ele pede que as secretarias de Obras e de Esportes do Distrito Federal, em conjunto às administrações de Taguatinga e de Vicente Pires ajudem com a construção, que, sugere, deveria ser coberta para evitar que as chuvas e o sol forte atrapalhem a prática da modalidade.
"Se não houvesse tão pouco interesse por projetos sociais como este e tão poucas pessoas apoiassem o skate no DF, seria possível que muita coisa fosse melhor do que é atualmente. Haveria muito menos gente fazendo a coisa errada", avaliaa Oliveira.
Saiba Mais
-
Cidades DF Food truck Chico Chicó é recuperado pela PM no Recanto das Emas
-
Cidades DF Suspeita de esfaquear e matar homem no Gama tem 14 anos; menor foi apreendida
-
Cidades DF Despedida de Darlan Guimarães, dono da rede Pão Dourado, reúne milhares de pessoas
-
Cidades DF Mulheres são presas com 43 tabletes de maconha em ônibus de viagem no DF
-
Cidades DF Obituário: 41 funerais no DF e Entorno neste domingo; veja lista
-
Cidades DF Mulher fica ferida após cair de paraquedas na Esplanada dos Ministérios