Na segunda rodada de entrevistas com os candidatos a prefeito de Planaltina, no Jornal Local, os jornalistas Lucas Móbille e Arthur de Souza conversaram, nesta terça-feira (24/9), com as concorrentes Eva Márcia (PT) e Ingrith Matias (Podemos). Elas destacaram suas principais propostas para os habitantes do município, que fica no Entorno do Distrito Federal. A sabatina é uma parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília.
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Eva Márcia (PT)
Fale-nos da senhora, de onde veio e qual a sua relação com a política de Planaltina?
Sou formada em pedagogia e orientadora educacional aposentada. Atuei 40 anos na área da educação. Sou mãe e esposa. Fui vice-prefeita de Planaltina, tendo um grande aprendizado. Minha veia política vem do meu pai, que foi vereador por 22 anos.
Planaltina está entre as 150 cidades mais violentas do país. Só em 2023, foram 26 homicídios. Como resolver isso?
Tem problemas que não dá para esperar. Há moradores que dizem que estão presos dentro de casa, pois têm medo de saírem por causa da violência. A minha proposta é, principalmente, a base comunitária da Guarda Civil Municipal. Também é preciso ampliar a rede de apoio às mulheres, elaborar um plano de segurança entre todas as forças de Planaltina, para que possamos criar uma central de monitoramento, onde possa acompanhar tudo o que está acontecendo na cidade.
Como será sua conversa com o GDF e com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para melhorar e subsidiar as empresas de ônibus?
São mais de 25 mil trabalhadores que saem de Planaltina, todos os dias. É preciso ter uma conversa séria com a ANTT. Ela precisa fornecer, para a prefeitura, quais são os critérios de escolha das empresas que prestam o serviço de transporte para o DF na nossa cidade. Também é preciso construir um terminal rodoviário na divisa com o DF.
E em relação ao transporte interno, como melhorar?
É preciso fazer uma pesquisa, para identificar quem é o usuário do transporte público, que horas sai e para onde vai. A minha primeira proposta é a tarifa zero para a empregada doméstica. Também vou conversar com todos aqueles que fazem parte do transporte interno. Vou buscar o subsídio efetivo, com taxas e tributos recolhidos no município, para gerenciar e cumprir o tarifa zero para toda a população.
Como vai funcionar a sua gestão dentro de Planaltina?
A primeira coisa que vou implantar é o orçamento participativo, além de um portal da transparência, onde as pessoas possam ver o que se arrecada, recebe e onde os recursos estão sendo aplicados. Será criado um aplicativo em que o cidadão poderá criticar, sugerir e elogiar todo o trabalho do serviço municipal. Também será instituído um conselho de governança, com várias secretarias e segmentos da sociedade civil, para o controle do trabalho feito e prestado pela prefeitura.
Qual será a sua atenção para a educação na cidade?
Temos, hoje, sete creches e 45 escolas de ensino fundamental. Dessas, só uma funciona em tempo integral. É necessário o tempo integral em todas as escolas, com oficinas de português e matemática, mais a prática de esportes, arte e cultura. Além disso, é necessário fazer um concurso público, inclusive para orientador educacional.
Como pretende trabalhar a saúde em Planaltina?
A nossa saúde é caótica. Temos que atravessar o DF e ir até Goiânia para conseguir um atendimento. Nosso hospital está sucateado, por isso, é necessário providenciar, de forma urgente, a sua revitalização. Além disso, é preciso fazer com que as UBSs funcionem, com médicos, procedimentos e remédios. Também precisamos construir um Caps II e melhorar o Caps III, que hoje funciona em uma casinha de fundo.
Quais as suas propostas para melhorar a infraestrutura local?
Os bairros periféricos estão totalmente abandonados. Vou criar a Central Única da Comunidade Ativa, que vai ajudar no desenvolvimento da infraestrutura de Planaltina, de fora para dentro. Mais de 20% da nossa população não tem água e esgoto tratados.
O que pretende fazer para que a população trabalhe e more em Planaltina?
Nosso comércio é maior do que o de muitos locais do DF. Vou criar uma agência de desenvolvimento, dentro de cada bairro, para capacitar as pessoas de acordo com as suas habilidades, além de contratá-las para prestar serviços. Se formarmos costureiras, por exemplo, que elas façam os uniformes das escolas públicas. Também será criado um banco de dados com os jovens que concluírem o ensino, para que eles possam prestar algum estágio.
Considerações finais
Sou uma mulher que tem coragem, capacitação, conhecimento e amor. Por isso, quero cuidar da nossa cidade e daqueles que, há 59 anos, acompanho. Sei onde estão os recursos e o que fazer para geri-lo. Peço o seu voto para que eu possa fazer mais e melhor, com honestidade, transparência e amor pelo povo.
Ingrith Matias (Podemos)
Fale-nos da senhorita, de onde veio e qual a sua relação com a política de Planaltina?
Nasci na roça e fui para Planaltina de Goiás com a minha família, que reside, até hoje, na cidade. Coloquei meu nome à disposição, querendo a mudança e a renovação para o nosso município.
Planaltina está entre as 150 cidades mais violentas do país. Só em 2023, foram 26 homicídios. Como resolver isso?
Quero expandir a Guarda Municipal, colocando pontos de apoio em todos os bairros. Além disso, vou fazer uma parceria entre as polícias Civil e Militar. Hoje, temos uma Delegacia da Mulher que só funciona até às 17h. Desse número citado (na pergunta), a maioria são mulheres, que sofrem violência, em sua maioria, no período da noite. Com uma delegacia que não funciona nesse horário fica difícil ajudar quem sofre esse tipo de violência. Vou colocar câmeras de monitoramento, pois, atualmente, não é possível ver o que está acontecendo, em tempo real.
Como será sua conversa com o GDF e com a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para melhorar e subsidiar as empresas de ônibus?
Somos 130 mil habitantes e só temos 60 eleitores. Por isso, acredito que temos que olhar para os deputados federais e distritais do DF, com o apoio dos deputados estaduais e federais de goianos, para fazer uma parceria com os governos de Goiás e do DF. Minha principal proposta é trazer a nossa rodoviária até o centro da cidade, pois, no local onde ela se encontra hoje, fica difícil fazer uma integração. Também pretendo construir um terminal na divisa.
Como pretende trabalhar a saúde em Planaltina?
Em Formosa, o Estado entrou na saúde e melhorou a situação do hospital local. É preciso fazer o mesmo em nossa cidade. Além disso, quero colocar postos de saúde 24h. Existe um, que está desativado, e a ideia é reativá-lo e implantar (similares) em vários bairros, com atendimentos multiespecializados. Também pretendo informatizar a saúde, assim como acontece no DF.
Em relação ao transporte interno, como melhorar?
Vou aproveitar a verba que vem do governo federal, com recursos da prefeitura, para colocar o transporte gratuito, facilitando a vida de quem o utiliza. Esse modelo existe em Formosa e Luziânia. Se é possível lá, também conseguimos implantá-lo na nossa cidade. Vou trabalhar para colocar o transporte 100% gratuito para a população.
O que pretende fazer para que a população trabalhe e more em Planaltina?
Vou criar incentivos, voltar com o polo de indústria e diminuir as taxas, para que empregos possam ser gerados na nossa cidade. Hoje, a maior parte das notas (fiscais) dos nossos agricultores é retirada em Formosa, que tem uma alíquota menor. A minha proposta é igualar ou até mesmo deixar a nossa menor, para trazer mais empresários para o nosso município.
Quais as suas propostas para quem precisa colocar os filhos nas creches?
Meu projeto é criar um cartão, para que elas possam pagar a creche. Com isso, creches privadas serão incentivadas a se instalarem na cidade, gerando emprego e ajudando as nossas mães. Sobre o horário, que (atualmente) de meio período, minha intenção é aumentá-lo, passando-o para ser de tempo integral, das 7h às 19h, além de deixar o funcionamento durante todos os meses do ano.
Como pretende melhorar o lazer para quem mora em Planaltina?
Temos uma das lagoas mais lindas e a população não pode aproveitá-la. Vou liberar, de forma imediata, as orlas, além de colocar bares e restaurantes, para atrair mais visitantes. Quero construir um parque de exposições, que vai gerar emprego, renda e cultura. Nesse espaço, a gente pretende atingir todas as pessoas que gostam de eventos sociais.
Quanto à rodovia que liga o DF a Planaltina de Goiás, como será a conversa com o GDF para resolver a situação de quem passa por ela?
Temos que sentar com os governadores de Goiás e do DF, para trabalhar em parceria e conseguir duplicar. Hoje (ontem) mesmo teve um acidente e eu também já perdi vários amigos e familiares nessa pista. Meu foco será duplicar aquela via o mais rápido possível.
Considerações finais
Coloquei o meu nome à disposição para o cargo de prefeita, por saber a real necessidade do nosso município. É preciso melhorar Planaltina, por isso, peço a oportunidade para ser a representante de toda a população. Sou forte, guerreira e sei o que preciso fazer para mudar a nossa realidade.