Na terceira e última semana de entrevistas com os candidatos a prefeito dos municípios do Entorno do Distrito Federal, no Jornal Local, os jornalistas Lucas Móbille e Vinícius Dória iniciaram, nesta segunda-feira (23/9), conversas com os postulantes de Planaltina (GO). Os primeiros entrevistados — da parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília — foram: Delegado Cristiomário (PP) e Denis Franco (PRD). Eles destacaram suas principais propostas para as demandas do município goiano. Clique aqui e assista aos encontros com os dois concorrentes.
Delegado Cristomário (PP)
Fale-nos do senhor, de onde veio e qual a sua relação com a política de Planaltina de Goiás?
Sou filho de uma empregada doméstica que veio para Brasília nos anos 80. Cresci em Brasília estudando e trabalhando. Sou pernambucano, vim do Nordeste. Em 2014, fui para Planaltina atuando como delegado de polícia. Conseguimos, em parceria com a Polícia Militar, com a Guarda Civil Municipal e com todas as outras instituições de segurança melhorar bastante a segurança da cidade, que na época era bastante complicada. Isso me ajudou a ter o destaque que tive e me fez virar referência. Hoje, estou como prefeito da cidade, com muita honra. Começamos a transformá-la e queremos continuar trabalhando para que seja cada vez melhor.
Planaltina está entre as 150 cidades mais violentas de acordo com o Atlas da Violência divulgado no começo do ano. Só em 2023, foram 26 homicídios. Como resolver isso?
Eu assumi uma cidade que tinha 90 homicídios. É claro que, para a pessoa que perde um ente querido, é muito ruim. Mas, comparando com (o período) quando começamos, a cidade melhorou muito. Essa é uma realidade comum no Entorno. A segurança pública depende muito do governo do estado, que comanda tanto o Corpo de Bombeiros quanto as Polícias Civil e Militar, mas, na nossa cidade, a Guarda Civil Municipal contribui muito com a política de segurança. Temos uma Guarda Civil armada, além disso, contribuímos com o banco de horas da Polícia Militar e com servidores para a Polícia Civil. Inauguramos, recentemente, uma delegacia da mulher no centro da cidade.
Quanto à mobilidade urbana, como será sua conversa com o GDF e com a ANTT para tentar melhorar e subsidiar as empresas de ônibus. Como vai funcionar, caso o senhor seja reeleito?
Infelizmente, temos uma caixa preta nessa questão do transporte interestadual. A ANTT não esclarece à população e nem à prefeitura quais (são) os critérios que utiliza para justificar uma passagem tão cara. Além disso, temos uma única empresa que atua, entre Planaltina e o Distrito Federal, cobrando esse preço caro e sem licitação. Se eu tiver que comprar um prego na minha prefeitura, tenho que licitar, mas a ANTT permite que uma empresa sem licitação atue há tanto tempo. Todas as vezes que houve uma tentativa de aumentar a passagem, nós ajuizamos ações, mas todo esse trabalho vai depender de uma articulação entre os governos. Nós participamos de reuniões com o governador Ibaneis, com o governador Caiado, e eles têm disposição de criar uma espécie de consórcio que possa ajudar na solução disso. Dependemos, exclusivamente, de uma posição do governo federal, que é o responsável pela gestão da ANTT. A gente espera que esse quadro mude o mais urgente possível.
Quanto à rodovia que liga o DF a Planaltina de Goiás, uma rodovia perigosa, como melhorar a mobilidade para quem trabalha no DF e mora em Planaltina? Qual a proposta para mudar a realidade para quem usa carro ou transporte público todos os dias?
Nós temos muito interesse da parte do governador Ibaneis e da vice-governadora Celina. Ambos declararam, recentemente, que pretendem fazer a duplicação da DF 128. Hoje, está esbarrando nas questões ambientais. É muito importante, porque essa rodovia é conhecida como rodovia da morte e depende exclusivamente do DF. Eu vejo muito interesse da parte do atual governo do DF, e temos feito gestão. Antes mesmo de estar como prefeito eu procurava o governo do DF, fizemos abaixo-assinado, manifestações, mobilizações de todo tipo. É muito importante para a nossa cidade, tanto para desenvolvê-la do ponto de vista econômico e garantir uma agilidade na mobilidade entre DF e Goiás, quanto no sentido de evitar mortes, que é muito mais importante. É muito mais importante evitar mortes do que garantir, simplesmente, a questão ambiental.
Quais as suas considerações finais?
Eu acredito que a população de Planaltina tem visto o nosso esforço em melhorar a cidade. Nós assumimos uma cidade que não tinha certidão, não tinha nome, não aprovava contas no Tribunal de contas há quase 20 anos e, também, estava há quatro anos com uma intensa instabilidade. Nós tivemos, nos quatro anos antes da nossa gestão, 10 prefeitos diferentes. Nenhuma cidade aguenta viver dessa forma, em uma instabilidade intensa. Se tapava buraco com terra, não se reformava escola, não se cuidava das pessoas. Hoje, o nosso governo faz isso. Nós iniciamos a transformação, a mudança e a melhoria da cidade. E a gente pretende continuar. A cidade ainda tem muitos problemas, mas a gente está dando conta de gerir e de cuidar dela. Eu acredito que a nossa segunda gestão será melhor do que a primeira, e a gente vai conseguir devolver ainda mais para a população essa confiança que nos foi dada.
Denis Franco (PRD)
Fale-nos do senhor, de onde veio e qual a sua relação com a política de Planaltina de Goiás?
Eu sou vereador por três mandatos consecutivos, em Planaltina, sendo, de 2012 a 2016, o vereador mais novo, e, de 2016 a 2020 também, o vereador mais novo. Estou no mandato e venho concorrer à prefeitura da cidade onde nasci. Sou o único candidato a prefeito nascido em Planaltina. Sou casado com a Antônia Selma, tenho três filhos: Manuela, Denis Filho e Valentina, que é um anjo do céu. Tenho uma grande história dentro da Câmara Municipal. Brigamos por projetos que mexeram com toda a sociedade. Lutamos para quebrar o monopólio do gás de cozinha, para o cidadão poder pagar entre R$ 59 e R$ 70. Hoje, está pagando R$ 100 porque a manobra voltou, e a lei foi derrubada.
Planaltina está entre as 150 cidades mais violentas, de acordo com o Atlas da Violência divulgado no começo do ano. Só em 2023, foram 26 homicídios na cidade. Como resolver isso?
Quando entrei na Câmara, tínhamos uma guarda desarmada e, hoje, a nossa guarda é armada e muito bem vista. Teve uma ocorrência de um feminicídio, e a nossa guarda prendeu aquele bandido. Hoje, a guarda de Planaltina necessita de um plano de carreira efetivo. Estamos no século XXI, precisamos informatizar. O vídeomonitoramento vem para ajudar a nossa segurança pública. Já é realidade em vários lugares. Em Planaltina, não tem monitoramento nas saídas. E, hoje, vamos trazer essa situação, para o bem de todos. Precisamos valorizar a Guarda Civil Municipal. Dados mostram que, em 2010, nossa cidade era muito perigosa. De 2018 para 2024, essa situação mudou muito.
Quanto à mobilidade urbana, como será sua conversa com o GDF e com a ANTT para tentar melhorar o preço da passagem, caso seja eleito?
A questão da mobilidade é um problema que se arrasta há anos em Planaltina. Eu vejo que falta muita vontade. Nós já fomos à ANTT. Como vereador, minha força é pequena. Por isso, quero ser como prefeito. Precisamos de alguém de coragem que vá à ANTT, fale com o governador do Distrito Federal para fazer o que nós temos em mente, que é colocar uma integração de qualidade. É levar até o DF, e o DF levar nossos passageiros com ônibus de qualidade, porque, hoje, o cidadão de Planaltina, quando sai da cidade, muitas vezes, o ônibus quebra de duas a três vezes. E, hoje, temos, no nosso plano de governo, a melhoria da questão do transporte. Hoje, mobilidade urbana não é só o transporte, é pegar um carro e não ter engarrafamento. Se você tem um transporte de qualidade, o cidadão vai usar o transporte público.
Planaltina de Goiás é uma das cidades mais distantes do Plano Piloto e sofre com falta de infraestrutura básica. Asfalto, ônibus, posto de saúde, escola. O que um prefeito pode fazer para aproximar essas realidades do Entorno com o DF?
Hoje, estamos ao lado da capital federal, que é nossa referência, nos acode. Hoje, em Planaltina, as crianças nascem em Brasília. Eu sou nascido em Planaltina de Goiás. Eu vejo um retrocesso. Hoje, fala-se em fila zero em Planaltina, mas as pessoas fizeram cirurgia em hospitais de Valparaíso, de Formosa, de Goiânia. Já foi realidade, no meu primeiro mandato de vereador, cirurgia de hérnia e vesícula sendo feita em Planaltina. É um retrocesso, as coisas estão acontecendo fora de Planaltina. É preciso fazer parcerias, próximo à eleição, com hospitais particulares para isso acontecer. Na questão da educação, Planaltina sofre muito. Primeira infância — zero a seis anos, (período de) formação dos cidadãos: Planaltina peca por falta de creche. As mães não têm com quem deixar seus filhos. As mãezinhas sofrem, pois deixam os filhos na creche só meio período. Estamos comprometidos em dar total apoio às crianças de zero a seis anos, que é o momento em que os cidadãos terão a primeira formação. A creche em tempo integral vai ser uma realidade em nosso governo. Cirurgias, escolas em tempo integral, cursos profissionalizantes para os nossos jovens.
Quais as suas considerações finais?
Planaltina, vocês me conhecem desde o meu primeiro mandato. Sabem da minha seriedade e foi por isso que vocês me deram três oportunidades. Deem um passo mais alto por vocês. E, estas mãos, vocês conhecem, trabalharam por vocês. Reflitam: vocês conhecem estas mãos porque são mãos de trabalho, de uma pessoa nascida em Planaltina. E eu sou cristão, sou família, sou casado com minha primeira namorada, que conheci quando eu tinha 18 anos e, hoje, é minha esposa e mãe dos meus filhos. Eu peço a vocês que me deem a oportunidade de ser o prefeito de vocês. PRD, Denis Franco, 25. Com certeza, a política mudou. Entreguem a prefeitura a quem vai fazer em todas as áreas, quem vai cuidar de você, senhora, de você que pega ônibus de manhã.