A versão para a Ceilândia da 15ª Parada LGBTQIA+ gerou público superior a 4 mil pessoas, com direito a dois trios elétricos, neste domingo (22/9), no centro da maior região administrativa do DF.
A sensibilização para causas da comunidade contou com a adesão de jovens como os "ficantes" Ludmilla Oliveira, 18 anos, que veio do Recanto das Emas para "apoiar primos", e o faxineiro Jofre Vilarinho Jr., ambos heterossexuais. Morador do P-Sul, o rapaz crê que preconceitos habitem o pensamento "de pessoas mais antigas". Dono de criações autorais e amadoras no ramo do rap, ele aposta em certo ranço de machismo, mas percebe um respeito maior às causas LGBTQIA+. "Acho que deveria ter mais movimentos como a parada, já que existe um público ainda reprimido. Estamos na era da informação, e um evento como este traz luz e força", comentou.
Pertencimento
Nas aulas do dia a dia, o jovem professor João Victor, 31, conta "estar (vestido) de boyzinho", mas, na parada, cedeu espaço a drag Invctor. "Aos 16 anos, fui na minha primeira parada em Taguatinga, e senti o pertencimento — vi que aqui tem a minha vibe", observou. Com formação em artes cênicas, Invctor ensaia atualmente o Ridícula Show, que vem calibrado por relatos de violências. "Atualmente, se tem acesso à informação e a difusão da tecnologia possibilitou o avanço de novas formas de arte e compreensão", avaliou.
"Quando o preconceito desponta, hoje em dia, sei onde recorrer. Mostramos, numa parada, que existimos, independente de cor, raça ou sexualidade. Temos o mesmo espaço dos outros", ressaltou o assessor parlamentar Kaio Souza, 33. Em se tratando de política, os deputados distritais do PSol Max Maciel e Fábio Félix fizeram coro afinado no teor. "Toda a população LGBT corre risco de retrocesso, diante da conjuntura conservadora e da série de ataques que vem sofrendo", disse Maciel. Já Félix aproveitou para destacar avanços de consciência da sociedade em relação ao respeito à diversidade.
Junto com notas musicais apresentadas por artistas como Robert Evhann (DJ) e a performer Avellaskis, Harleyqueen (o "muito fluido" cuidador Allan Duarte, 24) aproveitou para se divertir e conhecer pessoas. Dançou, ao som das notas de visibilidade para a causa, junto a vozes de ícones como Gloria Groove e Pabllo Vittar. "Elas representam a garra: nunca foi fácil, mesmo para elas. Presentes, elas garantem representatividade", destacou.
Para a auxiliar de serviços gerais Gleice Mônica, 38, com a parada se traz força para a comunidade "Aqui, não nos sentimos sós", disse. E o gosto é de liberdade? "Sim. Fui totalmente livre, a partir da capacidade de decidir o que realmente queria", finaliza.
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