ESPORTE

Rebeca Andrade é inspiração para pequenas ginastas de Brasília

A busca pelo treinamento em ginástica artística aumentou no Distrito Federal depois do sucesso da maior medalhista olímpica do Brasil. Treinadoras ressaltam benefícios da prática

Nas Olimpíadas de Paris, as ginastas brasileiras esbanjaram simpatia, brilho e muito talento. Conquistaram quatro medalhas, sendo uma de ouro, entregue à Rebeca Andrade. O sucesso repercutiu na procura pelo esporte nos ginásios e polos da modalidade em Brasília. Na Asa Sul, o Centro de Iniciação Desportiva (CID) de ginástica artística do Centro de Ensino Médio (CEM) Setor Leste atende a jovens promissoras, desde a década de 1980.

Uma delas é Olívia Nogueira, 11 anos. Três vezes por semana, ela comparece às aulas na escola. "Foi o esporte que me conquistou. Quando entrei no ginásio pela primeira vez, há cerca de seis anos, pensei 'esse é o meu lugar'", relembra. O salto e a trave são suas especialidades preferidas e as que mais têm se destacado. Com um bom condicionamento físico, a menina diz ter energia para todas as outras tarefas do dia. Nada de cansar com facilidade. 

Com tanto apego pelo esporte, o ginásio virou sua segunda casa. "É um lugar maravilhoso, onde as professoras sabem do nosso potencial, respeitam nossos limites e nos dão liberdade para testar acrobacias novas. Também fiz muitas amigas por aqui", ressalta. Questionada se deseja tornar-se ginasta profissional, Olívia não hesita. "Sem dúvidas, é o meu sonho", assegura. 

Ed Alves/CB/DA.Press -
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Fotos: Ed Alves/CB/DA.Press -
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Fábrica de sonhos

A professora de educação física e treinadora Tatiana Freire, 45, confirma que, durante e após as Olimpíadas, houve um salto na procura pela modalidade no CEM Setor Leste. "Acho que saímos daquela ideia de que, no Brasil, só há espaço para o futebol. A equipe de ginástica artística do país abriu os olhos dessas crianças, mostrando o poder e a beleza desse esporte. Então, hoje, nossas meninas estão mais inspiradas do que nunca", comemora. 

A lista de espera por uma vaga é enorme, pois, segundo Tatiana, a desistência de alunas é muito baixa. "Sempre digo que temos uma fábrica de sonhos na mão. Sabemos que elas (as meninas do Setor Leste) são capazes. Vão crescendo, aprimorando-se e desenvolvendo ainda mais confiança", destaca. As vantagens do esporte, aliás, vão além da postura e da força física. "Elas desenvolvem autonomia e maior desenvoltura, o que contribui muito para a saúde emocional", completa. 

Ainda na graduação, Tatiana fez estágio no CID do Setor Leste e, após se especializar, voltou à escola como professora concursada. Lá, está há 26 anos. O ginásio atende a 230 alunas, de 6 a 12 anos. 

Superação e persistência

Como muitas criança, Karina Carvalho, 38, adorava o exercício de estrelinhas, fazer ponte e parada de mãos. Levava jeito. Aos 11 anos, descobriu que as acrobacias das quais tanto gostava se encaixavam em um esporte, a ginástica olímpica, como a modalidade era chamada na época. Foi amor à primeira vista. Em dez anos, tornou-se atleta de alto rendimento e foi campeã, por três vezes, de um torneio nacional. "Como a ginástica artística era minúscula no Brasil, não achei que poderia viver disso", lembra. Então, formou-se educadora física.

Em 2015, surgiu a oportunidade de empreender em uma academia de ginástica artística no DF. Ela apostou na ideia e, hoje, a empresa que leva seu nome contabiliza quatro unidades, com a quinta prestes a ser inaugurada no Guará e a sexta, em Salvador. "A ginástica artística é sempre desafiadora. Nunca chegamos em um platô no qual não é mais possível evoluir. Quando aprendemos um movimento, às vezes muito difícil, a sensação é de superação e dever cumprido", ressalta. No total, a escola conta com 2,3 mil matriculados.

Para as alunas Maria Luísa Pires, 10, e Paloma Bruno, 6, a inspiração na ginástica artística não poderia ser outra, senão Rebeca Andrade. Na academia Karina Carvalho, elas têm como acrobacias preferidas a paralela — na qual a atleta deve fazer movimentos se equilibrando em duas barras, o salto na mesa e as traves. "É tudo questão de técnica e de treino", explica Maria Luísa, sobre como consegue fazer acrobacias tão desafiadoras. 

Na academia, onde o lema é "formar crianças para a vida", Paloma tem a sorte de estar acompanhada pela mãe — a atriz Adriana Bruno, 49, ex-praticante de ginástica artística — nos movimentos que faz durante a aula. Mesmo nova, a menina garante: "quero ser ginasta e ir para as Olimpíadas".

"É um esporte que traz muita consciência corporal, além de concentração, persistência e disciplina", avalia Adriana, que treinou e competiu por cinco anos. "É a modalidade perfeita para enfrentar os nossos medos", completa.

Inscrições

As vagas, prioritárias para estudantes da rede pública de ensino, podem ser oferecidas à comunidade caso sobrem. As matrículas ocorrem apenas no começo do ano letivo, conforme o calendário da Secretaria de Educação, e devem ser feitas diretamente no ginásio. Há polos de ginástica, também, na Escola Parque 308 Sul e na Escola Classe 1 do Guará. 

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