Em entrevista ao Podcast do Correio, apresentado pelos jornalistas Vinícius Dória e Adriana Bernardes, o secretário de Turismo do Distrito Federal, Cristiano Araújo, disse que está focado em trazer turistas estrangeiros para a capital do país. Além disso, comentou o funcionamento dos equipamentos públicos, a criação de um aplicativo para incentivar o turismo no DF e os eventos que virão no fim do ano.
“Minha missão é trazer o dólar aqui para dentro, onde está o dinheiro, onde está o recurso novo. Não adianta eu como secretário de Turismo ficar focado no turismo dos moradores que visitam Brasília. Eu tenho que trazer o estrangeiro, os Estados Unidos, a Argentina, o Chile, o Peru. Eu tenho que trazer o turismo lá de fora que traz dinheiro novo”, afirmou.
De acordo com o secretário, a visão de que Brasília é uma cidade somente para negócios é ultrapassada. “Eu acho que as pessoas já veem Brasília também como um polo turístico de lazer, de entretenimento. Brasília tem hoje um polo gastronômico sofisticadíssimo, temos muitos eventos, eventos em níveis mundiais”.
“Não vou abrir mão de que somos a capital da política, porque somos uma capital de negócios, de eventos corporativos, mas vamos agora trabalhar no setor de entretenimento, que é o que sentimos que está faltando”, alegou.
Uma das conquistas da secretaria de Turismo no sentido de expandir a visitação da capital é a volta ao DF da Feira da Associação Brasileira de Agentes de Viagens, a Abrave, após 22 anos. “É uma feira de negócios fechada para operadores de turismo. Então vem todos os influenciadores, operadores, hoteleiros, donos de agências de viagens para falar sobre turismo”, explicou. A secretaria espera receber 10 mil turistas a cada dia de feira.
“Eu não sinto essa resistência dos produtores de eventos de virem a Brasília. Pelo contrário, eu sinto uma grande abertura no diálogo, uma boa vontade de fazer parceria conosco”, ressaltou.
Uma das áreas promissoras a serem exploradas é o turismo rural, que se desenvolveu sobretudo com a pandemia de covid-19. “As pessoas começaram a querer sair da cidade para poder explorar esse turismo rural, e Brasília despontou nisso. Temos uma região em volta de Brasília, muito próspera. Temos festas regionais importantes: do morango, da uva, da goiaba. São festas consolidadas, festas que passam 20, 30, 40 e até 50 mil pessoas. Depois da pandemia esse turismo veio fortalecendo tudo e à medida que isso foi fortalecendo, os empresários também têm procurado se organizar. É importante ter essa parceria do público com o privado”, elucidou.
“Vou dar um exemplo para vocês, o do vinho. Conseguimos o imposto zero, vamos dizer assim, para os produtores. Hoje eles pagam 1% de imposto na produção. Criamos a rota do vinho, o Detran entrou com a sinalização, o BRB entrou com a promoção, com a parte de publicidade. Então veja que isso é o governo investindo nisso, investindo nos produtores”, exemplificou.
Conforme Araújo, um aspecto de destaque para o melhor funcionamento do turismo na capital federal é aliar os equipamentos públicos ao fluxo turístico. “Acho que isso ainda pega um pouco. A visita também na Câmara, Senado, Supremo, precisava sincronizar isso com a agenda do turista”, defendeu.
Sobre os Centros de Atendimento ao Turista (CATs), o secretário destacou que os centros estão prontos para receber o turista. “Inauguramos um CAT no aeroporto. Fizemos uma réplica de um painel de Niemeyer e estamos colocando gente qualificada, são atendentes bilíngues, esticando o máximo da jornada que a gente consegue, de 8 às 10 da noite. A primeira coisa que fizemos foi qualificar os atendentes do CAT. Acabou aquele negócio de órgão público, cabide eleitoral. Hoje os atendentes se prepararam para fazer a venda de Brasília e dos produtos da cidade”, detalhou.
Araújo complementa ao dizer que os CATs devem estar localizados em pontos específicos da cidade, onde realmente convenha para o público. “Por exemplo, o turista pousou ali no aeroporto, ele vai ter um contato com a arquitetura de Brasília, ver os monumentos, ver o material impresso ali do que queremos mostrar. Agora, por exemplo, o CAT da Asa Norte, pra mim não faz sentido nenhum. Essa coisa de CAT está acabando, na minha opinião. As pessoas querem mais coisas digitais”, expôs.
Para facilitar a vida do turista, o secretário disse que o Turismo lançará um aplicativo com dicas de restaurantes, passeios e informações importantes para quem é de fora. “Está pronto para ser lançado, se chama Brasília de A a Z, em que você pode criar a sua rota cívica, gastronômica e ele cria todo um passeio ali”, descreveu. A promessa é que a aplicação deve ser lançada em breve.
Acerca de um fundo econômico para o turismo, Araújo disse que mantém conversas com o governador para a criação do recurso. “Hoje eu tenho uma situação na Secretaria que eu tenho dinheiro e não tenho projeto. A Secretaria cresceu muito e não tem servidor para fazer. Mas eu tenho dito para o governador sobre o fundo, e é sempre um papo ruim. Porque o fundo, ele vincula uma receita que só pode ser gasta para aquilo. E o governador, ele quer ter a mobilidade do orçamento de acordo com as necessidades”, explicou.
Para encerrar, o secretário garantiu que o Réveillon será especial em Brasília e adiantou que o dia 20 de novembro receberá uma programação especial em decorrência do Dia da Consciência Negra. “São três dias de evento. Será um evento grande que o governo está fazendo que terá Léo Santana, Raça Negra, e outros nomes que estarão na programação. Mas fora isso, também terá curadoria muito pesada com a consciência negra, mostrando essa parte cultural”, afirmou.