Os perigos das apostas on-line para a saúde mental dos jogadores foram avaliados por Helena Moura, psiquiatra e professora da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), durante o programa CB.Saúde — parceria entre o Correio e a TV Brasília — desta quinta-feira (19/9). Às jornalistas Carmen Souza e Mila Ferreira, a especialista também comentou sobre o que leva as pessoas a procurar esses jogos como opção para enriquecimento rápido.
“É realmente muito preocupante. Pela primeira vez eu estou vendo, chegando à clínica, muitos pacientes com essa questão. Antes, em quase 10 anos de consultório da parte clínica, tanto do SUS quanto do privado, eu tinha visto um ou dois pacientes com transtorno de jogo e, agora, praticamente toda semana está aparecendo pelo menos um caso, todos com uma história muito parecida”, relata a especialista.
Gatilhos
Ela explica que muitas pessoas começam por brincadeira, apostando on-line em jogos que simulam um cassino e quando vêem já possuem uma dívida enorme. A facilidade para começar a jogar atrai jogadores com a promessa de dinheiro rápido e fácil, mas acaba induzindo ao vício.
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Helena também afirma que dificilmente os pacientes começam a jogar já tendo dívidas, que começam a ser desenvolvidas ao longo do tempo com o aumento do vício. Essa vontade de continuar colocando dinheiro em apostas costuma vir por conta das histórias de outras pessoas que teriam ficado ricas dessa maneira, de acordo com a especialista.
Veja a entrevista completa
“Com essa disponibilidade de jogos on-line, nós estamos começando a perceber uma mudança do perfil das pessoas que jogam. Antes eram principalmente senhoras de meia idade e homens mais jovens, já com o perfil de ser mais impulsivo e que às vezes já tinham envolvimento com o uso de substâncias como álcool e drogas. Agora, é uma população que, a princípio, não tem uma comorbidade prévia, e ainda assim desenvolveu transtorno de jogo”, alerta a psiquiatra.
*Estagiário sob supervisão de Márcia Machado