A quarta sabatina com os candidatos a prefeito das cidades do Entorno do Distrito Federal, que ocorreu durante o Jornal Local, entrevistou os primeiros postulantes de Luziânia, município que fica a 60km da capital do país. Os jornalistas Lucas Móbille e Samanta Sallum conversaram, ontem, com a Diretora Ana Lúcia (PSDB) e Lee Almeida (PSol), que destacaram suas principais propostas para as demandas da cidade. A sabatina é uma parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília.
Diretora Ana Lúcia (PSDB)
Quem é, de onde veio e qual a sua relação com a política de Luziânia?
Sou professora e fui, durante oito anos, diretora de escola. Sou mãe, tenho três filhos, e sou avó. Moro no distrito de Jardim Ingá desde 1993. Fui vereadora por dois mandatos e, hoje, estou vice-prefeita da cidade. Estamos pleiteando ser prefeita de Luziânia e com muita fé de que vai dar tudo certo.
Luziânia é a 10ª cidade, em todo país, com mais estupros. Qual a sua proposta para tentar mudar essa realidade?
Temos a Guarda Municipal que, hoje, está sem a estrutura necessária para estar, junto à Polícia Militar, fazendo a segurança da nossa cidade. No nosso governo, vamos correr atrás de todos os trâmites possíveis, para que a gente possa dar condições e as habilidades necessárias para serem devidamente armados.
Os professores da rede municipal entraram em greve em abril, pedindo reajuste e falando sobre a defasagem. O que eles podem esperar do seu governo?
Em primeiro lugar, a valorização da titularidade desses professores, que está esquecida. Graduados, mestres e doutores estão no mesmo nível, atualmente. Temos que corrigir isso. Daremos o auxílio alimentação e estaremos corrigindo sempre o piso (salarial), tomando o cuidado para que esses professores não tenham prejuízo financeiro. Vamos reformar as escolas, para que eles tenham melhor estrutura para trabalhar.
A senhora é vice-prefeita, mas está concorrendo contra o atual prefeito. O que aconteceu?
Infelizmente, houve divergência de pensamentos. Planejei um governo em que o prefeito e o vice poderiam trabalhar de mãos dadas, sanando todos os problemas possíveis da cidade. Tínhamos uma amizade muito boa e achei que fosse dar certo. Só que, depois da eleição, as divergências foram aparecendo. Por isso, cada um acabou seguindo o seu caminho. Na política, estou para trazer benefícios para o povo.
Então, fazendo parte da gestão, a senhora não conseguiu implementar aquilo que está prometendo agora?
Quando me candidatei a vice-prefeita, tinha projetos maravilhosos, que foram colocados no programa da época. Só que, infelizmente, quando ganhamos, cada um foi para o seu caminho e o meu projeto foi deixado de lado.
Luziânia tem tarifa zero. Como está a integração com o GDF e ANTT, em relação ao transporte público?
O tarifa zero não era para acontecer da forma que está, atualmente. Os ônibus estão sucateados e as pessoas não precisavam utilizar um cartão. O projeto veio de uma forma aleatória, sem uma programação. Ele está funcionando, mas tem muito a melhorar, como entrar em todos os bairros. Se eleita, vamos aprimorar o tarifa zero.
Como é possível administrar Luziânia e Jardim Ingá ao mesmo tempo?
Luziânia é uma cidade histórica e tradicional, ‘mãe’ do Jardim Ingá e temos que respeitar isso. Mas temos que ter a consciência de que a cidade cresceu bastante e teve uma miscigenação muito forte. Atualmente, 70% das pessoas que moram em Luziânia, vieram de fora. Por isso, hoje, não dá para dizer que Luziânia é tradicionalista, é um município com um povo que veio de todos os lados.
O que os alunos podem esperar das escolas públicas municipais?
Vamos criar o cartão escolar, em que o aluno terá direito de ir em uma papelaria para comprar seu material, por meio de convênios com todas as lojas interessadas. Além disso, vamos disponibilizar uniforme e tênis para todas as crianças.
Quais suas propostas para a saúde, principalmente a da mulher?
A primeira coisa que vamos fazer, é colocar o Hospital do Jardim Ingá para funcionar. Hoje, ele funciona das 8h às 17h e não atende emergência. Vamos fazer com que ele passe a funcionar 24h, com todos os tipos de emergências. Também vamos transformar o Cais (Centro de Atendimento Integral à Saúde) de Luziânia em Hospital Cais, atendendo todos os tipos de ocorrências, para desafogar as UPAs. Para a mulher, vamos abrir a maternidade de Luziânia. Hoje, não existe um lugar para realizar os partos, temos que recorrer ao DF.
Considerações finais
Nunca fui de me vender, ficar contra o povo e a favor do sistema, pelo contrário. São 12 anos de política e, hoje, ao falar em um carro de som, disse que se eu não ganhar, quem vai perder é o povo, pois a população vai perder uma mulher que sempre lutou pela cidade de Luziânia.
Lee Almeida (PSol)
Quem é, de onde veio e qual a sua relação com a política de Luziânia?
Sou paraense e cheguei em Luziânia há pouco tempo, após conseguir minha casa própria na cidade. Hoje sou servidor público em Cristalina (GO), como agente de combate a endemias, e estou acompanhando a política, tendo essa oportunidade de sair candidato a prefeito. Agradeço a Deus, a minha família e ao executivo estadual do partido, que me deu a oportunidade.
Luziânia é a 10ª cidade, em todo país, com mais estupros. Qual a sua proposta para tentar mudar essa realidade?
Vamos dar um reforço na Guarda Municipal, que é ostensiva, mas precisa de um foco mais específico. Além disso, é preciso criar um lugar onde as mulheres que passam por esse tipo de violência possam ser acolhidas, recebendo a segurança que elas precisam, e não passem por uma gravidez vinda de um estupro. Infelizmente, Luziânia está nesse ranking e temos que ter políticas públicas para mulheres.
Os professores da rede municipal entraram em greve em abril, pedindo reajuste e falando sobre a defasagem. O que eles podem esperar do seu governo?
A realidade, não só dos professores mas de todos os servidores públicos, é complicada. Existe sim essa dificuldade sobre a questão salarial, sempre com a justificativa de que não há recursos. Só que todos afirmam que existe a verba, falta apenas gestão. Vamos buscar isso, trabalhando o orçamento para que possamos atender as demandas da categoria.
O senhor é do PSol. Acredita que existe espaço para esquerda em Luziânia?
Há espaço para todos, o que não podemos é polarizar. Fazendo isso, vamos perder grandes nomes na política, pois vão ficar apenas dois grandes blocos. Eu passo por isso, por exemplo. Temos candidato com padrinho X, outro com padrinho Y e, quem não tem padrinho, fica sem vitrine.
Quais são suas propostas para o transporte público, tanto interno quanto para quem precisa vir até o DF?
Existe um projeto do VLT, que não foi viabilizado. Por quê? Se faltam parcerias, temos que dialogar para viabilizá-las. Geralmente, o político tem uma vida boa, com bons salários e não precisa do serviço público. Eu estive dentro de um ônibus. Quando se vem até o DF, é preciso acordar às 4h30, para chegar no Plano Piloto. Temos que ter essa mobilização para que as coisas aconteçam mais rapidamente.
Em relação à inclusão e desigualdade social, como a prefeitura pode ser mais atuante nesses setores?
Temos que criar projetos. A área do estádio é enorme, no meio de Luziânia, que poderia ser aproveitada para eventos, como feiras gastronômicas, de empreendedorismo, reforçando o contato entre as pessoas. O sonho é que, um dia, Luziânia deixe de ser uma cidade dormitório para muita gente.
É possível manter o tarifa zero em Luziânia? Quais projetos são os mais viáveis para o transporte público?
O tarifa zero é muito bom, mas é preciso saber quanto ele custa para o município. Podemos criar um bilhete para aquela pessoa que não tem condições, sem generalizar. Às vezes, tem gente que usa o tarifa zero, ocupando o lugar de alguém que realmente necessita. Também é possível ampliar o programa para locais mais distantes. Temos que trabalhar para que o projeto seja mais democrático.
Quais suas propostas para a saúde, caso seja eleito?
Não vamos somente contratar mais médicos. Temos que ser específicos com qual é o déficit de especialidades em Luziânia. Além disso, temos um hospital e UPAs que não funcionam de maneira adequada.
Como será a integração com o Jardim Ingá, caso seja eleito?
É um distrito com áreas muito afastadas, onde o serviço público precisa chegar. Por que muita gente quer a separação do Jardim Ingá, pois não há um orçamento participativo para toda a região. A gente tem que trabalhar para trazer, de fato, o saneamento para o local. Só asfaltar a rua, não é saneamento. Luziânia, de forma geral, está somente com 50% de saneamento e vamos trabalhar para melhorar isso.
Considerações finais
Convido os eleitores a ver minhas propostas, meu plano de governo e verificar se está sendo a mais propositiva para a cidade. Meu compromisso é fazer com que a população seja mais participativa com as políticas públicas de Luziânia, pois é como eu digo na minha propaganda: “temos que fazer mais e melhor”.