Economia

Comércio projeta R$ 261,7 milhões em vendas no Dia das Crianças

Entre brinquedos e roupas infantis, lojistas do Distrito Federal se preparam para a data comemorativa e esperam um aumento de 10% nas vendas em relação ao ano passado, com ticket médio de R$ 211,90

A duas semanas do Dia das Crianças, lojistas brasilienses se preparam para um aumento nas vendas, especialmente no setor de brinquedos, roupas e calçados infantis. A data traz otimismo para os comerciantes, que esperam uma melhora em relação ao ano passado. De acordo com a pesquisa realizada pelo Instituto Fecomércio-DF, 56% dos empreendedores projetam aumento nas vendas em comparação ao mesmo período de 2023. A expectativa é de que a data movimente R$ 261,7 milhões na economia local, com crescimento nas vendas estimado em 17,9% em relação a 2023.

Segundo o levantamento do Fecomércio, o ticket médio previsto por consumidor foi de R$ 211,90, registrando um crescimento de 6,8% em relação ao ano anterior, que chegou a R$ 198,43. De acordo com a instituição, esse acréscimo no valor de compra foi impulsionado, principalmente, pelos consumidores masculinos, que aumentaram seus gastos em 16,5% — passando de R$ 205,67, em 2023, para R$ 239,69, em 2024.

A pesquisa aponta que, na ótica dos consumidores, os brinquedos serão os itens mais procurados para a data, com 41,7% das intenções de compra. Em seguida, roupas e acessórios (20,5%) e calçados (10,5%) estão entre as principais escolhas, cumprindo a tendência observada em anos anteriores. Produtos como chocolates e trufas, e eletroeletrônicos também aparecem nas preferências dos clientes, mas em menor escala, com 7,3% e 5,6%, respectivamente.

O presidente do Sistema Fecomércio-DF, José Aparecido Freire, avalia que há um otimismo moderado, já que 56% dos lojistas esperam aumento nas vendas, índice que foi maior em anos anteriores. "Os consumidores estão mais dispostos a gastar, ainda que cerca de 40% da população economicamente ativa do DF tenha alguma conta em atraso, conforme tem mostrado a Confederação Nacional do Comércio (CNC). De toda forma, a expectativa é de crescimento e tudo indica que teremos um comércio mais aquecido nos próximos dias", afirma.

Eletrônicos

De acordo com o professor de finanças do IBMEC William Baghdassariano, a expectativa é alimentada pela antecipação dos consumidores. No entanto, ele adverte que o crescimento das vendas será limitado por fatores econômicos decorrentes da perda de poder aquisitivo das classes menos favorecidas e a reposição salarial abaixo da inflação. "Isso limita a capacidade de compra de grande parte da população", explica.

Há, porém, uma mudança na cultura de consumo infantil. "As crianças de hoje estão cada vez mais interessadas em eletrônicos, como celulares e televisões, o que reduz o apelo dos brinquedos tradicionais", destaca o professor. Apesar dessas mudanças, ele prevê alta das vendas desses produtos, mas ressalta que não será significativa. "A expectativa é positiva no curto prazo, mas no médio e no longo prazos, o crescimento econômico pode ser prejudicado pelas limitações fiscais do governo", afirma.

Para Baghdassarian, o crescimento econômico do país tem sido assimétrico, com setores como o agronegócio e partes da indústria crescendo bem, enquanto outros segmentos enfrentam dificuldades. "Embora o mercado tenha surpreendido com um crescimento mais forte do que o esperado, ele é fortemente impulsionado pelo gasto público, que, uma vez limitado, poderá desacelerar a economia", observa.

Expectativas

No comércio local, empresários como Mônica Teixeira, 59 anos, proprietária da Empório Kids e Teen, estão confiantes em uma recuperação do setor de varejo infantil. "Esse mercado tem se mostrado muito resiliente e com grande potencial de crescimento. Estou com grandes expectativas para este ano. Esperamos que seja melhor do que o anterior", afirma. 

A loja tem apostado na diversidade de produtos, especialmente roupas, que incluem marcas nacionais e internacionais, e em uma estratégia de marketing voltada para atrair clientes de todas as faixas de renda. Para este período do ano, a proprietária espera um ticket médio de R$ 110.

Segundo Mônica, os preparativos para o estoque estão em andamento. "Aumentamos a quantidade de produtos especialmente para atender à alta demanda que estamos esperando", destaca.

No mercado há quase 30 anos, a loja Chulezinho é referência no ramo de calçados infantis no DF. Ricardo Borges, 59, é o proprietário da empresa e conta que, apesar do momento que o comércio está enfrentando, as expectativas são as melhores. "Creio que vamos aumentar nossas vendas em relação ao ano passado", afirma. O empreendimento tem à disposição do público calçados de R$ 40 a R$ 400. "Isso nos permite atender tanto o público que busca opções acessíveis quanto aqueles que procuram produtos de ponta", enfatiza.

O empresário conta que a loja também aumentou os produtos em estoque. "Nos dedicamos a adquirir os calçados que vêm acompanhados de brinde, como carrinhos, bonecas e alguns tênis com led colorido. Geralmente os pais ou avós priorizam dar um brinquedo. Por isso, buscamos adotar essa estratégia", conta. 

Outro exemplo de otimismo no mercado é a Balocco, loja especializada em brinquedos infantis há 18 anos. Proprietária da loja, Patrícia Tavares, 49, destaca que o Dia das Crianças sempre traz um aumento significativo nas vendas. "Mesmo em anos de dificuldade, como durante a pandemia, percebemos que os pais continuam investindo em presentes para seus filhos", comenta.

Patrícia se diz confiante em um crescimento de até 10% nas vendas em 2024 e espera um ticket médio de R$ 150, por cliente. A empresária conta que buscou aumentar o estoque de produtos, pois tem grandes expectativas de crescimento das vendas. "É um período do ano no qual sempre recebemos muitos clientes, e, apesar do atual estado da economia, queremos vender bastante", afirma.

 

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