Membros da facção amazonense Família do Norte (FDN) são suspeitos de fornecer drogas à organização criminosa oriunda do Distrito Federal, o Comboio do Cão. Na manhã desta terça-feira (10/9), policiais civis da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, vinculada ao Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco/Decor), cumpriram 128 ordens judiciais, entre mandados de prisão, busca e apreensão e sequestro de bens.
Em coletiva de imprensa promovida nesta manhã, os delegados Leonardo de Castro, coordenador do Decor, Jorge Teixeira, adjunto da Draco, e Paulo Coppi, deram detalhes da megaoperação, que foi chamada de Dog Head. Dos 25 mandados de prisão, 16 foram cumpridos em cidades da capital, em Goiás, no Rio Grande do Norte, em Alagoas, no Amazonas e em Roraima.
A operação teve por objetivo combater o tráfico de drogas interestadual, lavagem de dinheiro e associação para o tráfico. Estima-se que, em aproximadamente dois anos, o grupo movimentou R$ 200 milhões com as atividades ilícitas. “O objetivo principal da operação de hoje foi apreender bens e asfixiar organizações criminosas que trabalham com a distribuição de entorpecentes no Distrito Federal”, destacou o delegado Paulo Fernando Coppi.
Os policiais do DF descobriram um forte vínculo entre a facção amazonense e o Comboio do Cão, a maior do DF. “A ligação entre a organização criminosa do Norte e do DF era uma relação comercial ilícita entre fornecedor e distribuidor”, acrescentou. “Uma empresa de fachada de Goiânia fazia o trabalho de logística e distribuição da droga para o Distrito Federal”, enfatizou Coppi.
Lavagem de dinheiro
As investigações apontam que a organização criminosa utilizava empresas fictícias na região da Cabeça do Cachorro, no Amazonas, para movimentar grandes somas de dinheiro, direcionadas à compra de drogas e ao fortalecimento das atividades ilícitas do grupo. A respectiva região fica localizada no extremo noroeste do Brasil, nas divisas com a Colômbia, Peru e Venezuela. A área é estratégica para o tráfico de drogas e serve como ponto de passagem e distribuição de entorpecentes adquiridos pelas organizações criminosas.
Um dos alvos da operação mantinha uma empresa de fachada em Goiás e usava um banner na porta do estabelecimento como sendo uma loja de transporte e logística. “No entanto, no interior da loja era algo completamente diferente. O despachante nos contou que recebia o pagamento para manter a placa”, destacou o delegado Jorge Teixeira.
Segundo o coordenador do Decor, Leonardo de Castro, na operação desta terça foram apreendidos seis veículos avaliados em R$ 600 mil, R$ 19 mil em especial e 26 veículos e um imóvel em Manaus foram sequestrados.
Os investigados poderão responder pelos crimes de tráfico de drogas interestadual, associação para o tráfico, lavagem de dinheiro e integração em organização criminosa, com penas que, somadas, podem ultrapassar 41 anos de reclusão.