Durante o programa Jornal Local, os jornalistas Lucas Móbille e Samanta Sallum, sabatinaram, nesta segunda-feira (9/9), os candidatos Dr. Klaus Pazlhaço (PSol) e Juraci Tesoura de Ouro (PSD), que disputam o cargo de prefeito em Águas Lindas de Goiás, cidade da Região Metropolitana do Distrito Federal. Eles comentaram sobre suas propostas para as principais demandas do município. A sabatina é uma parceria do Correio Braziliense e da TV Brasília. Confira o que cada um falou:
Dr. Klaus Pazlhaço (PSol)
Quem é, de onde veio e qual a sua relação com a política de Águas Lindas e de todo o estado de Goiás?
Eu me chamo Klaus Paz de Albuquerque, doutor Klaus por formação e ‘pazlhaço’ pelo prazer. Sou professor, mas sou brincante. Sou trabalhador, sou de Águas Lindas e sou nordestino. Gosto e quero participar da vida política, porque ela transforma todo o nosso cotidiano, dentro de casa, no trabalho e na rua. Como palhaço, quero a alegria das pessoas, então, essa foi a minha inspiração. Mais do que um palhaço, quero ser um administrador, para a alegria se espalhar por Águas Lindas.
Águas Lindas está entre as 150 cidades mais violentas do Brasil. Qual a sua proposta para a segurança pública?
São muitas propostas, mas vou dizer que a segurança pública, assim como todas as outras coisas, está conectada com a educação, a saúde, a iluminação, o saneamento básico, as ruas bem pavimentadas e a mobilidade. Se não houver essa integração e pensar a segurança pública de forma isolada, não teremos uma efetividade. Tudo tem que estar conectado e muito bem trabalhado.
Mais de 97% da população depende da saúde pública, em Águas Lindas, e a população reclama. Como o senhor pretende enfrentar essa questão?
A educação e a saúde devem andar juntas. Tenho muitas propostas e, uma delas, é criar os palhaços curadores. A população, inclusive eu, que vou ao hospital público, nos sentimos mal acolhidos. A ideia é trazer os palhaços como um símbolo de acolhimento. E não só eles, vamos trabalhar de uma forma muito mais sistêmica. A ideia é que os palhaços curadores tragam empatia e acolhimento.
O senhor considera que, em Águas Lindas, há uma esquerda que vai conseguir elegê-lo?
Desde que me entendo como ser político, me identifico como de esquerda, pois ela quer o melhor para todas as pessoas, mais urgentemente para quem está sofrendo mais. Mesmo que tenha outros partidos ditos de esquerda, nós, do PSol, achamos que deveríamos colocar a nossa candidatura, pois ela representa muito mais os anseios da população mais pobre, da classe trabalhadora e das minorias. Em Águas Lindas, somos esquerda, mesmo que outros partidos não estejam conosco.
As pessoas que se deslocam de Águas Lindas para o DF, pagam uma tarifa de ônibus muito alta. Como ajudar a resolver essa questão?
Existe uma grande parte da população de Águas Lindas que precisa de um transporte digno também para se deslocar dentro da cidade, inclusive para pegar o ônibus que vai para o DF. Minha proposta é que, dentro do município, o cidadão não pague nenhum tostão pelo direito de ir e vir. A gente tem esse direito, mas, se precisar de transporte público, precisa pagar para isso. Em Águas Lindas, a tarifa vai ser zero para se deslocar dentro da cidade.
Como o senhor enxerga a política de educação e da segurança nas escolas, dentro de Águas Lindas?
Como disse anteriormente, as coisas devem ser pensadas de forma sistêmica, coordenadas, conectadas e interligadas. A segurança dentro e fora das escolas, tem que ser pensada junto com educação, saúde e transporte. No caso das escolas municipais, teremos uma preocupação maior. Sou professor e sei muito bem a situação difícil que a classe trabalhadora, dentro da educação, está passando. Não só os professores, mas as merendeiras, o pessoal da limpeza e da segurança.
Como o senhor distingue a sua atuação como palhaço da política? Teme não ser levado a sério?
Primeiramente, quero dizer que palhaço não é sinônimo de coisas ruins. Muita gente utiliza a palavra como se fossem coisas ruins que os políticos fazem. Jamais. Vamos desassociar isso. Palhaços trazem coisas boas. Políticos ruins são outra história. Meu papel é de estar aqui para as pessoas que não confundam palhaço com uma pessoa que não pensa, não reflete, não é capaz de estudar, fazer um mestrado ou doutorado. Palhaço não é sinônimo de burrice e idiotice.
Por que o “doutor”?
As pessoas, realmente, não levam a sério os palhaços. Como tenho um doutorado, quis juntar as duas coisas, tanto para elevar a palhaçaria quanto para não colocar o ‘doutor’ em um pedestal, distante da classe trabalhadora, dos pobres e dos oprimidos. Foi para fazer essa igualdade, o palhaço não é idiota, mas o doutor também não é essas coisas todas.
O que o senhor pretende levar de cultura para Águas Lindas?
Conheço muita gente trabalhadora da cultura de Águas Lindas e fui eleito, agora, para o Conselho Municipal de Cultura. As demandas para o setor são muito grandes, pois a cultura não é levada a sério na cidade. O pessoal do hip hop é um pessoal muito bacana, com um trabalho excelente que, às vezes, não é reconhecido. Os trabalhadores populares, inclusive aqueles que fazem bonecos maravilhosos. Tenho e terei essa preocupação com a nossa classe. Só que vamos ter que misturar isso com a educação, a saúde e a mobilidade.
Considerações finais
Agradeço o convite. Achei importantíssimo termos esse espaço, principalmente nós, da classe trabalhadora e de partidos de esquerda, que não temos muito recurso. Inclusive, é bom dizer que temos apenas R$ 20 mil para trabalhar uma campanha do tamanho que é Águas Lindas. Por isso, peço sua atenção e para que vocês não vejam o palhaço como uma pessoa desprovida de inteligência e de capacidade para administrar a coisa pública. Nós temos. Temos propostas e não são poucas. Não somos alheios a colocar e pensar de forma bem trabalhada. Pense na alegria. Alegria é coisa boa, para todos nós.
Juraci Tesoura de Ouro (PSD)
Quem é, de onde veio e qual a sua relação com a política de Águas Lindas e de todo o estado de Goiás?
Sou nordestino e sou conhecido como Juraci da Tesoura de Ouro. Águas Lindas sempre foi uma cidade que eu sempre gostei, desde os anos 80, quando era camelô e feirante de rua. Nos dias da minha folga, ia comer galinha caipira e jogar bola na cidade. Sempre me identifiquei muito com Águas Lindas e, por isso, coloquei meu nome à disposição. Não era candidato e o PSD logo me convidou.
Águas Lindas está entre as 150 cidades mais violentas do Brasil. Qual a sua proposta para a segurança pública?
A cidade, hoje, é muito violenta pelo fato de não ter muitos policiais militares. Além disso, só existem guardas patrimoniais, que não ajudam muito. Por isso, precisamos de uma polícia municipal, colocar monitoramento, além de contratar empresas de segurança para ajudar a Polícia Militar a vigiar os patrimônios e a ajudar a população, principalmente os jovens, que estão sofrendo muito porque a segurança é muito precária. Podem ter certeza que vamos cuidar da segurança de Águas Lindas.
Mais de 97% da população depende da saúde pública, em Águas Lindas, e a população reclama. Como o senhor pretende enfrentar essa questão?
A saúde é a área mais precária que temos. Para se ter uma ideia, não nasce uma criança e não se faz uma cirurgia na cidade há mais de 10 anos. O hospital municipal parece um posto de saúde e a população, quando procura, não encontra estrutura suficiente para o atendimento.
As pessoas que se deslocam de Águas Lindas para o DF, pagam uma tarifa de ônibus muito alta. Como ajudar a resolver essa questão?
O transporte público interno, além de ser caro, está abandonado e os ‘piratas’ acabaram tomando de conta. No caso do interestadual, que também é cara, perto de R$ 11, a ideia é fazer uma integração, por meio de uma rodoviária que seria feita na saída da cidade, em que a população pagaria somente uma passagem, que custaria cerca de R$ 7 (interestadual) mais R$ 2,75 a municipal. Muitos trabalhadores do DF que moram em Águas Lindas, estão perdendo o emprego porque a passagem é muito cara e os empresários não estão contratando. Tem como organizar, o que falta é gestão.
O orçamento anual é de cerca de R$ 700 milhões. O que o senhor pode fazer de diferente e melhor do que a atual gestão?
Águas Lindas vem sofrendo com muitos escândalos e corrupção. Se fizermos uma gestão enxuta, tenho certeza que os R$ 700 milhões, junto com algumas verbas de parlamentares do Goiás e do governo federal, dá para gente fazer uma gestão muito organizada, onde vamos mexer em todas as áreas e ainda sobrar cerca de R$ 200 milhões para fazer investimentos.
O que seria uma gestão enxuta?
Seria na hora de contratar. As licitações, muitas delas, vem com a ata pronta. É só ver o escândalo que aconteceu na Cidade Ocidental. Águas Lindas não fica atrás. Temos um mandante, que é o sogro do prefeito, que sempre fica com os maiores contratos, em que se gasta muito e pouco se faz. Sobre a nossa saúde, a OS contratada não faz uma boa gestão e, logo que assumir, farei o distrato e vou entregar a gestão da saúde para a própria secretaria.
E sobre a educação?
Uma colaboradora minha disse que tem um filho que estuda dentro de um contêiner e passa a semana sem ter aula. Fui ver as notas dele e era só 10. Fiz algumas perguntas e ele não sabia ler e escrever. A minha viu isso e mandou o menino para Brasília, para poder estudar. O que precisamos é de bons gestores, para termos escolas de qualidade e em tempo integral. Também precisamos melhorar as creches, que estão abandonadas. É dinheiro público jogado fora.
E a segurança nas escolas?
No DF, em gestões anteriores, existiam batalhões educacionais. Isso precisa ser feito em Águas Lindas, tendo um policial masculino e outro feminino, para poder cuidar da segurança das escolas. Além disso, é necessário instalar detectores de metal, para que ninguém entre armado. Em Águas Lindas, os professores têm sofrido muito dentro das escolas, por isso, o município tem que ajudar, para que eles se sintam mais seguros e possam dar uma educação melhor para as crianças da cidade. Meu maior projeto é colocar adolescentes, a partir dos 15 anos, para fazer curso profissional no turno oposto ao que estuda. Já faço isso nas escolas particulares que tenho na cidade.
Considerações finais
Quero transformar a cidade de Águas Lindas. Eu e minha vice, Alessandra, demos 30 mil cursos profissionalizantes na área da saúde, da segurança, administrativa e da tecnologia. Mais de 20 mil alunos que passaram por eles estão trabalhando e mais de 1 mil se tornaram empreendedores. Quero trazer um polo industrial para Águas Lindas, que vai gerar entre 20 mil e 40 mil empregos. Tenho certeza que isso dá certo, pois tenho empresas, em outras cidades, que estão faltando mão de obra, coisa que sobra nas cidades do Entorno, principalmente Águas Lindas.
O senhor consegue trazer esse polo industrial em quatro anos?
Com certeza. O prefeito atual, para poder ganhar, lançou uma pedra fundamental que traria 2 mil empregos da China. Passei pelo local e vi que a pedra foi roubada e não existe nenhum chinês. Eu, por ter feito isso em outros locais, tenho experiência na área. Como prefeito e gestor, trarei muitas empresas brasileiras para Águas Lindas, podem ter certeza disso. Conversando com alguns empresários, deixei claro que a cidade terá uma mão de obra treinada e qualificada.
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