Para perpetuar o legado de Ezechias Paulo Heringer (1905-1987), ambientalista pioneiro do Distrito Federal, Quelvia Heringer, 78 anos, filha do especialista, escreveu Ezechias, o desbravador, livro que detalha a vida e o trabalho do engenheiro agrônomo e ambientalista que se dedicou à preservação da natureza em uma época em que o tema não era tão falado no Brasil.
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Em entrevista exclusiva ao Correio, a arquiteta Quelvia revela que o livro — que será lançado nesta quarta-feira (11/9), no Clube de Engenharia — percorre a trajetória do pai e o impacto duradouro de sua contribuição na construção da cidade. Ezechias, nascido em Manhuaçu (MG) e formado pela então Escola Superior de Agricultura de Lavras (Esal) — hoje Universidade Federal de Lavras (Ufla) —, chegou à capital federal em 1959 a convite do presidente Juscelino Kubitschek para colaborar na construção de um dos maiores legados ambientais do país, o Parque Nacional de Brasília. "Meu pai foi o pioneiro na ideia da criação deste parque, antes mesmo da existência de órgãos como o Ibama ou o ICMBio", conta.
O trabalho de Ezechias foi crucial na formação de várias unidades de conservação que hoje são áreas essenciais para o lazer e preservação no Distrito Federal. Entre os marcos de sua carreira, destaca-se a criação do Parque Nacional de Brasília, um espaço que protege a Água Mineral e a represa de Santa Maria, importante para o abastecimento hídrico da cidade. Quelvia lembra que, inicialmente, o projeto enfrentou muita resistência. "Apesar das dificuldades, com persistência e o apoio de colegas do Ministério da Agricultura, e a aprovação de Tancredo Neves, o projeto foi estabelecido. Meu pai sabia da importância da preservação da biodiversidade para o futuro", explica.
O ambientalista foi responsável pela criação de outros espaços verdes, como o Parque do Guará, onde ele, ao lado da família, residiu por muitos anos. Quelvia recorda a simplicidade da vida na região nos primeiros anos e destaca a dedicação de seu pai ao estudo da flora local. "Morávamos em uma casinha de madeira sem luz elétrica, e ele passava o dia no mato, reunindo amostras e estudando as plantas", relata. Ao todo, ele fez mais de 35 mil coletas de espécies, a maioria endêmica do Cerrado.
Além da enorme contribuição ambiental, Ezechias Heringer foi professor na Universidade de Brasília (UnB), onde lecionou botânica e madeiras. Com extrema admiração, Quelvia descreve o pai como uma figura respeitada e sábia, com conhecimentos amplos e, por vezes, compartilhados. "Ele era um homem simples, mas muito esperto. Seu conhecimento sobre florestas e botânica era imenso, e ele ensinou a todos que puderam aprender com ele", disse a filha.
Educando novas gerações
O livro Ezechias, o desbravador não apenas conta a história de um visionário, como pretende educar as novas gerações sobre a necessidade da preservação ambiental. Além do trabalho escrito, a filha do ambientalista está desenvolvendo o projeto de um museu em homenagem ao pai, que contará a história da agronomia e das ciências naturais, e preservará seu legado para o futuro. "Esse local é um sonho do meu pai, e estamos começando a torná-lo realidade", revela Quelvia.
Para a filha do pioneiro ambiental, os parques criados pelo pai têm grande importância para a qualidade de vida em Brasília. Ela destaca que a capital, planejada como uma cidade-parque, possui uma arborização essencial para o bem-estar dos moradores. "Os parques e as áreas verdes são vitais para a sustentabilidade da cidade. Eles oferecem ar puro, proteção contra o calor extremo e contribuem para a qualidade de vida", afirma.
Segundo ela, a preservação dos parques é fundamental para manter o equilíbrio ecológico e a qualidade de vida em Brasília. Quelvia enfatiza a necessidade de ações pacíficas e bem planejadas para resolver conflitos relacionados à preservação ambiental. "O lançamento do livro e o projeto do museu são formas de honrar a memória de meu pai e continuar sua luta pela preservação", conclui.
Serviço
Lançamento do livro Ezechias, o desbravador
Quando: quarta-feira (11/9)
Onde: Clube de Engenharia de Brasília (SCES Trecho 2, Conjunto 35 -Asa Sul)
Horário: a partir das 18h
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