Intitulado como "grande mestre dos vinhos" por quem o conhecia, o sommelier paraibano Gilvan Pires de Sá, fundador da Pires de Sá Vinhos, morreu, em casa, neste domingo (8/9), aos 77 anos. Ele atuou, por duas décadas, como representante da Vinícola Casa Valduga em Brasília. Gilvan deixa um filho e a esposa, Beatriz Schwab, 65, com quem era casado há cerca de oito anos.
O expert em vinhos enfrentava um quadro de alzheimer e demência. Segundo seu filho, Rafael Sá, 38 anos, a saúde do pai havia piorado há cerca de dois meses. "O processo foi muito rápido. Até junho e julho, ele estava razoavelmente bem, mesmo com as complicações de não andar ou de fala confusa e repetitiva. No entanto, de julho para cá, ele só piorou, a gente deu todo suporte, mas ele não resistiu", lamentou. Gilvan será velado nesta terça-feira (10/9), às 11h, no Cemitério Jardim Metropolitano, em Valparaíso de Goiás.
Engenheiro civil formado, Gilvan decidiu deixar de lado as obras e construções para se doar ao vinho. Emocionado e orgulhoso, Rafael lembrou ao Correio a trajetória do pai. "Ele largou a engenharia e tornou-se pioneiro no ramo dos vinhos. Estudou e abriu duas lojas, no Park Shopping e na 112 Sul. Meu pai fez um legado muito bonito em prol do vinho brasileiro e batalhou muito por isso", declarou Rafael.
O filho apontou que quando o pai iniciou sua atuação na área era comum que os amantes da bebida voltassem à atenção aos modelos importados, mas ele fazia questão de enaltecer a qualidade da bebida nacional. A Pires de Sá Vinhos foi fundada em 1993.
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Eliane Ulhôa, que trabalhou como assessora do mestre em vinhos, lembrou que Gilvan sempre marcava presença nos grandes eventos que ocorriam na capital e era muito querido por aqueles que tinham a oportunidade de conhecê-lo. "Ele fundou a Pires de Sá vinhos com a missão nobre de divulgar bons vinhos em Brasília. Foi um mestre que ensinou muita gente e inspirou gerações", disse.
Após a notícia do falecimento, Rafael confidenciou que representantes de outras vinícolas prestaram suas condolências, o que, segundo ele, ilustra a forma como Gilvan era rodeado pelo carinho de quem o admirava. "Ele tinha o prestígio das outras pessoas", emocionou-se.
Gilvan recebe, desde ontem, homenagem de amigos que relembram sua trajetória e, agora, despedem-se. "Prezados, nosso amigo Gilvan Pires de Sá, sommelier e grande expert em vinhos, nos deixou hoje. Foi, por muitos anos, representante da Vinícola Casa Valduga no DF. Agora foi para outras vinhas, de outros mundos, de outras terras, de outras paragens. Vai participar de outras vindimas do Universo. Deixa nos um legado de respeito ao vinho brasileiro como poucos fizeram com tanta maestria. Que Nosso Senhor Jesus Cristo o acompanhe nessa passagem para a vida eterna. Amém!", escreveu o empresário Carlos Medeiros, dono da A Garrafeira, loja que sedia cursos de vinho na 215 Sul.
Mestre
Durante oito anos, de 2002 a 2010, Gilvan atuou como professor na Associação Brasileira de Sommeliers do Distrito Federal (ABS-DF). O filho apontou que esse é mais um dos motivos para orgulhar-se da trajetória de seu pai. "Acredito que muitos dos sommelier que são hoje indicados para prêmios passaram pela sala de aula dele."
Aos 18 anos, Rafael inspirou-se no pai e decidiu mergulhar de cabeça no ramo. Estudou, tornou-se sommelier e hoje está à frente de aulas sobre o tema. "Em uma das viagens que ele me levou à Casa Valduga eu cheirei a taça e consegui identificar o aroma de um vinho, então o dono da vinícola disse para o meu pai que eu tinha faro de sommelier, e, desde então, eu comecei a estudar e ajudá-lo". lembrou.
Rafael destacou que carregará a bandeira do pai e dará continuidade ao legado estabelecido na capital. "O meu pai deixa de ensinamento a todos para que nunca deixem de acreditar em um sonho, mesmo que ele pareça impossível. Quando eu era pequeno, a gente assistia às corridas do Sena e ele sempre falava muito isso: 'pode estar difícil como for, mas a gente tem que fazer a nossa parte para conseguir' e ele chegou."
Parceiro do Correio
Por mais de uma década, Gilvan atuou, por meio da Casa Valduga, como parceiro do Correio Braziliense Solidário. O programa atua, desde 2003, na intermediação de doações a instituições de apoio social, como creches e lares de idosos. Quem teve contato com ele nos corredores do jornal, lembra de sua atenção, educação e cuidado com todos que passavam por seu caminho.
Rafael confessou que o pai amava a parceria. "Era algo que ele gostava muito de fazer e a Casa Valduga sempre foi apoiadora master do evento, porque o meu pai tinha esse viés de ajudar e de olhar para o próximo com carinho. Nós fizemos muitas edições do CB Solidário", lembrou.
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