Religiosidade

Oração, fé e comunhão marcam 9ª edição do Levanta-te

Quase 8 mil fiéis se reuniram na 9ª edição do Levanta-te, em São Sebastião. Encontro anual é voltado para a cura e a libertação de pessoas que sofrem com problemas espirituais e emocionais, doenças, vícios ou dificuldades familiares

Fiéis de todos os cantos do país destinaram seu domingo a pedir bênçãos e agradecer pelas graças alcançadas em suas vidas na 9ª edição do Levanta-te, em São Sebastião. Às 9h, já não havia mais assentos para as quase 8 mil pessoas que se concentraram na sede da Associação Padre Júlio Negrizzolo (APJN), do Instituto Missionário Rosa Mística. Os que estavam em pé, porém, não se importaram, pois o momento, regado à emoção, foi dedicado a reforçar a espiritualidade por meio da oração, fé e comunhão. 

O Levante-te é um encontro anual, com pregações da palavra de Deus, voltado para a cura e a libertação de pessoas que sofrem com problemas espirituais e emocionais, doenças, vícios ou dificuldades familiares. O intuito é tratar feridas, trazer de volta o desejo de lutar pela vida e levantar aqueles que estão caídos "à beira do caminho" (a expressão faz referência ao versículo 14 do Salmo 145, que diz "o Senhor sustenta a todos os que caem, e levanta a todos os abatidos". 

A administradora Marluce Pereira, 35 anos, participa das missas dominicais todas as semanas e, há pelo menos cinco anos, comparece ao Levanta-te. Moradora de São Sebastião, ela disse que saiu da primeira parte do evento sentindo-se abençoada. Os pedidos de bênçãos incluíram saúde e melhoria financeira para a família, além de fé e persistência para o pequeno Gael, 5, sobrinho que a acompanhou no encontro.

O garoto, que nasceu com paralisia nas pernas e danos na coluna, passou recentemente por uma cirurgia nos membros inferiores, que ainda estão completamente enfaixados. "Temos muita fé que ele vai andar um dia, porque, apesar de tudo, ele é muito forte e persistente. Vive feliz, está sempre sorrindo", contou Marluce. Sentado em uma cadeira de rodas reclinável, o garoto esbanjou simpatia e curiosidade com a reportagem. "Estou brincando desde cedo. Sempre venho para orar, gosto do padre e dos meus amigos", revelou Gael. 

Letícia Mouhamad/CB/D.A Press -
Fotos: Letícia Mouhamad/CB/D.A Press -
Letícia Mouhamad/CB/D.A Press -
Lúcio Bernardo Jr. / Agência Brasília -
Fotos: Lúcio Bernardo Jr. / Agência Brasília -
Lúcio Bernardo Jr. / Agência Brasília -

Esperança

Organizador do evento e presidente da APJN, o padre Vanilson Silva comandou as orações do Levanta-te, reforçando que o encontro é inspirado no envangelho e visa devolver o ânimo, a coragem e a confiança às pessoas. "Queremos dizer a elas: 'Levante dessa depressão, dessas efermidades, desse problema. Toque a vida e siga em frente'", explicou, em entrevista ao Correio. Sobre a 9ª edição, ele manifestou satisfação com a quantidade de fiéis.

"Está sendo uma bênção, pois havíamos organizado para 7 mil pessoas e tem quase 8 mil. Fico feliz pela resposta do povo e pela abertura que os fiéis têm para o momento de oração", completou o padre, um dos poucos a realizar exorcismos no Distrito Federal. Em um dos momentos de cura e libertação, fiéis bastante emocionados levantaram fotografias de familiares para quem pediam bênçãos. 

Lúcia Rodrigues, 46, compareceu ao encontro para buscar a libertação do filho dependente químico. "Às vezes, chegamos aqui angustiados com os problemas do dia a dia, sabe? Mas, conforme as orações e os louvores vão passando, vamos nos libertando dessas dores. Há muita bênção, paz e cura. Nem dá vontade de ir embora", afirmou. A dona de casa saiu às 5h40 de Planaltina de Goiás para passar o dia no templo. É a terceira vez que participa. "Nos anos anteriores, consegui a graça de me fortalecer, então, também venho agradecer", acrescentou. 

Sentimento único

Para a dona de casa Cristina Maria dos Santos, 42, o acolhimento do Levanta-te é diferente. "Aprendizado", resumiu. Ela saiu de Valparaíso de Goiás em uma caravana que reuniu mais de cem moradores do município. Preparada, visto que participa do evento pela terceira vez, levou uma toalha para estender no chão com os brinquedos da filha Maria Gabriela, 5, que distraía-se no momento da conversa.

Cristina, que deixou o trabalho para cuidar de Maria Gabriela — diagnosticada com transtorno do espectro autista —, dedicou os principais pedidos de bênçãos à filha. "Quando vim no primeiro ano, Maria ficou muito agitada. Então, na oportunidade seguinte, me posicionei diante da imagem do Santíssimo e não aguentei: comecei a chorar, assim como ela. Senti uma emoção muito forte. Depois disso, percebi que minha menina ficou mais calma. As coisas melhoraram", revelou, emocionada.

"Nós, pais de autistas, ainda sofremos muita discriminação. As pessoas não compreendem que nossos filhos demandam mais atenção e cuidado. Por isso, um dos meus pedidos, hoje, é também por maior aceitação por parte da comunidade, inclusive, da igreja", desabafou. Com um semblante sereno, Cristina garantiu: "Quando percebemos que o Senhor é o centro da nossa vida, passamos a encarar os desafios com mais força e persistência. Isso que quero passar para minha filha".

Apoio à comunidade

Presente na celebração, o governador Ibaneis Rocha destacou o trabalho do governo para que a Associação Padre Júlio Negrizzolo continue a desempenhar serviços em prol da população do Distrito Federal, como a entrega da pavimentação na via que leva até o templo. "Enquanto governo, nós temos de apoiar toda a comunidade que vem a este centro de evangelização e o trabalho que ele exerce, e é isso que estamos fazendo. Estamos regularizando templos religiosos e também entregamos o asfalto que dá acesso à associação, que era um pedido do padre para facilitar a vida dos fiéis", afirmou

Padre Vanilson avaliou os feitos do GDF como benéficos à comunidade. "A visita do governador é muito importante para nós. Agradecemos as benfeitorias entregues, como o asfalto na via que traz até aqui. Isso ajudou muito no acesso dos nossos assistidos e mostra também uma sensibilidade das autoridades com a nossa realidade. O governador presente na festa nos diz que não estamos isolados nem sozinhos", avaliou o pároco. 

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