Medida

'Para atender reclamações de moradores', diz Ibaneis sobre ação no Eixão do Lazer

Governador do DF usou as redes sociais para explicar a medida e garantiu que ninguém será impedido de promover atrações culturais no local

O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), usou as redes sociais para se posicionar sobre a ação que desmobilizou vendedores ambulantes e manifestações artísticas no Eixão do Lazer, na tarde deste domingo (1º/9). O chefe do Executivo local garantiu que ninguém será impedido de promover atrações culturais no local. 

A operação, coordenada pela Secretaria de Proteção da Ordem Urbanística (DF Legal) em parceria com o Departamento de Estradas de Rodagem do Distrito Federal (DER) e da Polícia Militar (PMDF), pegou todos de surpresa e causou repercussão negativa entre artistas, produtores culturais, grupos musicais e autoridades políticas. 

Nesta tarde, Ibaneis publicou uma mensagem no Instagram sobre o fato. Disse que o Eixão do Lazer é uma conquista da população de Brasília e que não vai fechar o local e ninguém será impedido de promover as atrações culturais “que se tornaram um patrimônio da capital.” Segundo o governador, a operação ocorreu para atender reclamações de moradores próximos, “tendo sido orientada apenas a organizar o comércio no local, que será mais funcional na medida em que possamos cadastrar e regularizar a atividade.”

“Nada que retire do Eixão seu caráter de espaço de convivência democrática, de criatividade, com liberdade e segurança”, justificou Ibaneis. 

Em nota, a DF Legal apontou que a ação deste domingo foi "para verificar licença de vendedores ambulantes presentes no Eixão do Lazer e coibir a venda irregular de bebidas alcoólicas". A secretaria ainda pontuou que os ambulantes irregulares foram "orientados a saírem do local e a procurarem o DER para cadastro e emissão de autorização para comércio ambulante".

A secretaria ainda completou que na semana que vem "a partir da próxima semana, haverá a apreensão das mercadorias no caso de insistência em realizar o comércio no local por parte daqueles que não possuírem autorização do DER para comércio ambulante na faixa de domínio".

Repercussão

Após a os agentes terem ido ao local — que fica fechado para carros, e aberto à comunidade —, nomes políticos do DF foram a público lamentar o caso. A ex-candidata ao governo do DF, Keka Bagno; o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass e o deputado distrital Fábio Felix (PSol) foram alguns dos que lamentaram a ação.

Fábio Felix chamou a operação de "absurdo" e reforçou o espaço cultural do Eixão do Lazer. "Bem absurdo neste momento que a prioridade do governo do Distrito Federal seja criminalizar a cultura e perseguir os trabalhadores. O Eixão do Lazer é um espaço fundamental da cultura do DF. Deixo aqui o meu repúdio e vamos atuar junto com a sociedade civil para que isso não se repita!"

Grass salientou que já está em contato com outras autoridades e pontuou o local como espaço de cultura. "É importante que Brasília seja uma cidade livre. Livre para ser cultural".

Keka cobrou explicações do governo Ibaneis se disse "indignada" com a ação. "Brasília cotidianamente tenta se reinventar para garantir cultura, lazer, esporte, diversão e vida comunitária. Mas os governantes odeiam o povo na rua".

O ex-governador Rodrigo Rollemberg definiu a ação como “falta de sensibilidade” do GDF. “Recebi várias ligações de pessoas reclamando das ações abusivas do GDF (...) coibindo o Eixão do Lazer. O Eixão do Lazer é para as pessoas praticarem esportes, para curtir música, para se encontrar. Temos eventos culturais que já entraram no calendário cultural da cidade, como o Choro do Eixo e o Complexo Cultural da Asa Sul, e as pessoas vão ali para vender seus produtos, um chopp caseiro, uma comida de qualidade, e hoje essas pessoas estão proibidas pelo Governo do DF. Não podemos aceitar isso. Quero saber de onde partiu uma ideia tão infeliz de proibir esses eventos que trazem tanta alegria para as famílias do DF”, pronunciou.

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