A Esplanada dos Ministérios foi palco da 1ª Corrida e Caminhada da Rede Sarah, evento que reuniu mais de 2 mil participantes em percursos de 3 e 6km, ontem. O projeto, que foi realizado para celebrar o Dia Nacional da Pessoa com Deficiência Física — comemorado em 11 de outubro — teve o objetivo de promover a conscientização sobre os direitos das pessoas com deficiência e incentivar a prática de atividades físicas e esportivas.
A presidente da Rede Sarah de Hospitais de Reabilitação, Lúcia Willadino Braga, destacou a importância da iniciativa. "O evento foi maravilhoso porque mostrou que a mobilidade deve ser de acesso a todos. Tivemos mais de 200 cadeirantes participando, o que foi muito significativo. É um momento de celebração da saúde e de mostrar que o esporte é para todos", afirma ao Correio.
Lúcia acrescentou estar muito feliz de ver antigos pacientes, como o atleta Caio Bonfim — medalhista de prata na Marcha Atlética nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 —, conquistando grandes feitos. "Vê-lo ganhando as corridas, superando a marcha atlética, foi lindo demais. Nós o acompanhamos desde bebê e, hoje, ele é um campeão. É uma alegria enorme vê-lo alcançando esses resultados, assim como outros pacientes que se destacam em diversas modalidades", enfatizou.
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A corrida também contou com a participação de colaboradores de diversas unidades da instituição hospitalar pelo país. "Veio gente de Belo Horizonte, São Luís, Salvador, Fortaleza. Foi lindo ver todos juntos, participando desse momento", comemorou a presidente da rede. Segundo ela, que também é neurocientista, a ação teve 2.215 inscritos oficiais, mas muitas outras pessoas se juntaram ao longo do percurso, incluindo familiares, pets e até bebês em carrinhos. "A inclusão é o que define a Rede Sarah. O evento foi um sucesso e esperamos que seja o primeiro de muitos", diz.
A disputa teve inicio às 17h em ponto, na altura do Teatro Nacional, próximo à Rodoviária do Plano Piloto. Atletas e paratletas de várias idades percorreram um circuito de 3km que passava pela Alameda dos Estados, em frente ao Congresso Nacional, contornando e seguia pela via da Esplanada dos Ministérios rumo ao teatro. Para cumprir o trajeto de 6km era necessário fazer duas voltas.
A festividade teve a presença de esportistas olímpicos e paralímpicos que receberam atendimento da Rede Sarah, como Aline Furtado de Oliveira (atleta paralímpica da canoagem em Paris 2024); Ariosvaldo Fernandes da Silva, o Parré (medalhista de bronze paralímpico nos 100 metros rasos em cadeira de rodas); Caio Bonfim (medalhista de prata olímpico na marcha atlética Paris 2024); Jade Lanai Oliveira Moreira (campeã do US Open Júnior em tênis em cadeira de rodas em 2022); Rejane Silva, que participou da Paralimpíadas Rio 2016 e Tóquio 2020 nas modalidades tênis em cadeira de rodas e tiro com arco, respectivamente); e Sérgio Oliva (detentor de duas medalhas de bronze em hipismo, na Paralimpíada Rio 2016).
Superação
Medalhista dos Jogos Olímpicos de Paris 2024, Caio Bonfim compartilhou sua emoção e gratidão em participar da corrida como símbolo de superação e exemplo para a comunidade. "A Rede Sarah faz parte da minha história. Se não fosse por eles, eu não estaria aqui. Eles solucionaram o problema das minhas pernas e, hoje, posso viver do esporte. Estou muito feliz em dividir esse momento com a minha família e com todos os participantes", declara ao Correio.
Ariosvaldo Fernandes da Silva, o Parré, também marcou presença na corrida. O atleta paralímpico, medalhista de bronze nos 100 metros rasos em cadeira de rodas nos Jogos Paralímpicos de Paris, é acompanhado pela rede desde 1992 e vê na instituição um divisor de águas em sua vida. "O Sarah mudou a minha história. Se não fosse pelo tratamento, talvez eu não teria me tornado o atleta que sou hoje. É incrível ver a rede organizando um evento que promove a inclusão e mostra que não há diferença entre atletas com ou sem deficiência. Todos podemos competir juntos e desfrutar do esporte", declarou.
Outro destaque da corrida foi a participação de Dyonathan Nunes, 32 anos, soldador de Manaus e paciente em Fortaleza há oito anos. Ele sofreu um acidente de trabalho que o deixou paraplégico. Mas, segundo Nunes, isso não o impediu de perseguir seus sonhos. "Além de paciente do Sarah, sou atleta de basquete e halterofilismo. Vim participar da corrida e, se Deus quiser, levarei o primeiro lugar. A expectativa é essa, porque muitas pessoas me veem como inspiração. Hoje, quero mostrar que, com determinação, podemos superar qualquer desafio", garantiu.
Diego Lima, 29, outro participante, falou sobre o significado de poder competir na 1ª Corrida e Caminhada. Diagnosticado, recentemente, com paralisia cerebral, o paratleta começou a praticar esportes ainda criança. Ele conta que é muito importante participar dessa celebração. "Competir hoje (ontem) está sendo muito especial. É a primeira edição e espero que venham muitas outras. O esporte melhora a minha qualidade de vida e me faz sentir parte de algo maior", afirma.
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