A 1ª Vara Criminal e do Tribunal do Júri de Águas Claras decidiu manter preso o cabo da Polícia Militar do Estado de Goiás (PMGO) Wilson Viana da Silva, detido desde março por atirar no carro de um policial reformado do Distrito Federal. Além disso, o militar foi flagrado com 2 kg de esmeraldas, avaliadas em R$ 200 mil.
A decisão foi proferida na noite desta sexta-feira (20/9). O juiz André Silva Ribeiro, ao negar a liberdade do cabo, argumentou que a medida é necessária para preservar a ordem pública, visto que o militar goiano quase assassinou um colega de profissão.
"Ressalte-se que o crime supostamente praticado pelo acusado é gravíssimo, considerando que, mesmo sendo policial militar, ele assumiu, em tese, o risco de provocar uma morte ao disparar uma arma de fogo contra o veículo da vítima. É certo que a suposta vítima só não veio a óbito porque o projétil se alojou no banco traseiro do veículo, fato que, por si só, demonstra a necessidade de resguardar a ordem pública", escreveu o juiz.
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A defesa de Wilson solicitava a liberdade provisória do cabo, alegando que ele precisava de tratamento para um câncer nos testículos, que teria se agravado durante sua prisão. Segundo os advogados, o cabo agora apresenta um tumor abdominal de cerca de 20 cm, localizado próximo à aorta. No entanto, o pedido não foi aceito nem pelo juiz nem pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), que também defendeu a manutenção da prisão.
Em julho, a defesa recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), mas o ministro Sebastião Reis Júnior indeferiu o pedido de soltura.
O caso
O incidente ocorreu em Águas Claras, no dia 4 de março. Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), o policial reformado acionou uma equipe do 17º Batalhão após ter seu veículo, uma Toyota Hilux, atingido por disparos enquanto trafegava pela cidade. O tiro partiu de um Volkswagen Polo branco, conduzido por Wilson.
Os policiais foram até o local indicado pela vítima, na Avenida Jacarandá, onde constataram que o suspeito era cabo da PMGO e residia no endereço. Ao ser abordado, Wilson se recusou a atender à equipe.
Por volta das 3h, o Batalhão de Operações Especiais (Bope) e a guarnição da PMGO foram chamados e iniciaram a "Operação Gerente", que resultou na contenção e prisão do suspeito.
De acordo com o Corpo de Bombeiros (CBMDF), Wilson apresentava sinais de surto psicótico. Na residência, foram apreendidas duas armas de fogo, sendo uma delas pertencente à PMGO, mas nenhuma registrada em nome do acusado. A prisão do cabo foi convertida em preventiva durante a audiência de custódia e, desde então, ele permanece detido.
Investigação
Wilson também já respondeu a um processo criminal por ameaçar um agente e uma delegada na 21ª Delegacia de Polícia (Taguatinga Sul), em 13 de dezembro de 2019.
Naquela ocasião, o cabo estava nas proximidades de seu condomínio, na QS 5 do Areal, quando decidiu disparar em via pública. Assustados, os vizinhos acionaram a PMDF, que o prendeu em flagrante, apesar de sua resistência.
Na delegacia, Wilson passou a insultar o agente e a delegada, afirmando: "Sou policial também e vamos nos encontrar lá fora". Ele ainda tentou intimidar os investigadores com frases como "lá fora a gente se entende" e "no Goiás as coisas são diferentes". Wilson também mandou a delegada "calar a boca".
Esse episódio resultou em sua condenação a quatro anos e cinco meses de prisão por desacato e disparo de arma de fogo em local público. A reportagem não conseguiu localizar a defesa do acusado.
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