A Secretaria DF Legal realizou uma operação de derrubada, nesta quinta-feira (19/9) no condomínio Golden Park, localizado nas chácaras 105/107, na 26 de setembro, região entre o Parque Nacional e a Floresta Nacional (Flona). Duas casas foram demolidas como parte de uma ação de combate, segundo a pasta, à ocupação irregular de áreas públicas.
Entre as famílias afetadas está Patrícia Helena Alves, 51, residente há cinco anos do local. Patrícia relata com dor o que vivenciou ao lado dos familiares. “Fui conversar com o responsável, e ele me chamou de invasora e criminosa. Fiquei sem palavras. Ele me disse que as casas habitadas iriam ao chão. Falei para ele que não ia sair dali viva. Derrubaram tudo, postes, a caixa d'água, sem nenhum cuidado”, desabafa ao Correio.
Pedro Rodrigues, filho de Patrícia, compartilha o mesmo sentimento de desamparo da mãe. “Chegaram com marretas, arrombaram as portas, jogaram tudo para fora. Não deram chance de salvar nada. O pior foi ver os policiais rindo enquanto minha mãe passava mal, uma senhora que já tem problemas de saúde”, relata com indignação.
Moradora do condomínio há um ano, Clara Jane Santos Silva, 31 anos, conta que estava trabalhando quando tudo aconteceu. Ela diz que se esforçou muito ao lado do marido para construir a casa e que investiu mais de 60 mil nesse sonho. "Trabalhamos dia e noite para construir nossa casa. Ninguém merece passar por isso, eu cheguei minhas coisas estavam jogadas. A casa no chão. Não tinha mais nada. Eles arrombaram minha casa, entraram e derrubaram", enfatiza.
Em nota, a Secretaria DF Legal afirma que a operação feita nesta quinta (19), teve o objetivo de combater a ocupação e o parcelamento irregular de áreas públicas, na região conhecida como 26 de setembro. A área onde ocorreu a demolição, chácaras 105/107, foi apontada como foco de desmatamento, ameaçando a Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) do Córrego Cabeceira do Valo. O comunicado informa também que apenas duas famílias estavam ocupando construções inacabadas e que a Secretaria de Desenvolvimento Social (Sedes) ofereceu acolhimento, porém, a oferta foi recusado.
Segundo a pasta, a expansão irregular na região teve início antes de 2002, sendo alvo de várias ações fiscais ao longo dos anos. Em 2023, foram realizadas 79 operações e, até agosto de 2024, foram 12 operações, visando coibir o parcelamento e uso irregular do solo. O monitoramento da área é feito por drones, imagens de satélite e equipes de campo.
O DF Legal também destacou que a regularização da área está em andamento junto aos órgãos competentes do GDF, após a transferência da terra pela União. Para garantir maior controle e evitar novas ocupações, o órgão planeja ampliar seu efetivo e utilizar novas tecnologias, além de fortalecer a cooperação com forças de segurança e o Judiciário.
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