Antônia Gonçalves de Araújo, figura de grande importância nos bastidores da política brasileira, morreu aos 91 anos. Ela viveu os últimos anos com a saúde debilitada pelo Alzheimer, cercada por uma equipe de cuidadores. Dona Antônia, assim conhecida, deixa um legado de força, discrição e dedicação aos bastidores da história política do Brasil. O velório será realizado nesta terça-feira (17/9), no Cemitério Campo da Esperança, na Asa Sul, das 14h às 16h, na Capela 6. O sepultamento está marcado para as 16h30.
Natural de Pires do Rio (GO), Antônia foi uma das mulheres mais influentes da República na década de 1980, conhecida especialmente pelo trabalho de secretária do então senador e futuro presidente Tancredo Neves. Atuante nos bastidores, ela foi fundamental para a eleição indireta de Tancredo à presidência em 1985, cargo que ele nunca chegou a assumir devido à morte antes da posse.
Formada em Letras e com estudos em Economia, Antônia se destacou desde cedo pela inteligência e domínio de línguas. Ela aprendeu inglês com freiras americanas no Mosteiro Santa Maria Mãe de Deus, em Mineiros (GO), onde também dava aulas de português para as religiosas. Com uma bolsa de estudos oferecida pelas freiras, foi estudar nos Estados Unidos, na Mount St. Scholastica, em Atchison, Kansas, o que abriu portas para a carreira.
De volta ao Brasil, Dona Antônia trabalhou com uma equipe de militares americanos que realizava o levantamento aerofotográfico de Brasília. O domínio da língua inglesa foi fundamental para o sucesso do projeto, cujas fotografias ajudaram na criação do edital do Concurso do Plano Piloto, que determinou a construção da nova capital.
No cenário político, a eficiência e a discrição a tornaram uma pessoa de confiança para Tancredo Neves. Além de secretária, ela era uma consultora e assessora de grande importância, desempenhando um papel significativo na campanha presidencial de Tancredo em 1985.
Após a morte de Tancredo, Dona Antônia passou um tempo afastada da política, mas foi trazida de volta à cena pública por José Aparecido de Oliveira, então governador de Brasília, que a nomeou diretora financeira da Companhia Energética de Brasília (CEB).
Depoimentos
Silvestre Gorgulho, que acompanhou de perto a trajetória de Dona Antônia, ressalta sua importância na história política do país. "Ela foi muito mais do que uma secretária. Era uma mulher de extrema confiança de Tancredo, e sua influência era tão grande que, em muitos momentos, era mais assediada que os próprios ministros".
Roberto Brant, ex-ministro e amigo próximo de Antônia, relembra com carinho: "Era uma pessoa digna, decente e muito capaz. Sua relação com Tancredo era de total confiança, ele sempre recorria a ela para qualquer coisa. Ela deixa saudades e será lembrada por seu papel singular em momentos cruciais da história recente do Brasil".
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