Meio ambiente

Campanha Cerrado, Coração das Águas denuncia a devastação do bioma

O Cerrado é a casa de muitos povos e comunidades tradicionais e o berço de nascentes que abastecem importantes rios do Brasil.Devido ao desmatamento e queimadas, o bioma já perdeu 50% de sua vegetação nativa

 15/09/2024 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - Movimentação no Eixão do Lazer na Asa Norte. Diana Guileto, indigena carregando a tora. -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
15/09/2024 Crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press. Brasil. Brasília - DF - Movimentação no Eixão do Lazer na Asa Norte. Diana Guileto, indigena carregando a tora. - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

No momento em que o Brasil e o Distrito Federal vivem um período crítico de queimadas e desmatamentos, preservar o Cerrado é um tema urgente em todos os segmentos sociais. Neste domingo, no Eixão do Lazer, a campanha "Cerrado, Coração das Águas" ganhou as ruas com o propósito de sensibilizar a opinião pública para o bioma que abriga as nascentes de oito das principais bacias hidrográficas do Brasil e é responsável por prover grande parte da água doce do país.

O Cerrado abrange uma área entre 1,8 milhão e 2 milhões de km² nos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso do Sul, sul do Mato Grosso, oeste de Minas Gerais, Distrito Federal, oeste da Bahia, sul do Maranhão, oeste do Piauí e porções de São Paulo. Devido ao desmatamento e queimadas, o bioma já perdeu 50% de sua vegetação nativa. 

Coordenadora do Programa Cerrado do ISPN, Isabel Figueiredo, 44, afirma que é necessário ampliar a visibilidade do Cerrado, especialmente neste período do ano, quando a seca ameaça o bioma. "A nossa opinião pública foca muito na proteção da Amazônia, mas sabemos que os biomas são interligados e conectados. Se quisermos ter alguma chance, precisamos conservar os biomas como um todo. Além de ter uma imensa biodiversidade, o Cerrado é a casa de muitos povos e comunidades tradicionais", destaca. 

O Domingo do Cerrado contou com a apresentação do grupo musical Seu Estrelo e Fuá de Terreiro, e teve também a corrida de toras protagonizada por mulheres indígenas das etnias Timbira e Xavante. Natural do Maranhão e indígena da etnia Timbira, Diana Guileto, 42, foi uma das vencedoras da corrida de toras. Para ela, estar presente em uma celebração ao Cerrado demonstra a força e a união de todos em um momento tão difícil para o país. "Isso é muito bom, pois conseguimos mostrar a nossa cultura, a importância da corrida e a valorização da cultura dos povos Timbira e do Cerrado. Esse movimento é muito importante para toda a sociedade", complementa. 

Todas essas ações, na avaliação da organizadora, são importantes para que o público tenha conhecimento sobre o funcionamento do Cerrado. "Estamos falando de um bioma que pulsa água para todas as regiões e que está muito ameaçado. Por isso, precisamos de toda a atenção da sociedade em geral. O Cerrado tem oito das 12 principais bacias hidrográficas que cobrem o Brasil", finaliza. De acordo com o coletivo, é a vegetação mais devastada do país. 

Apreciando a música e prestigiando o evento, Welitania de Oliveira Rocha, 44, acredita que a campanha é uma forma de proteção ao Cerrado. "As pessoas precisam entender a capacidade de produção que esse bioma tem em relação às águas e a quantidade de biodiversidade que ele comporta", destaca.

De acordo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais, o Plano de Ação para Prevenção e Controle do Desmatamento no Cerrado (PPCerrado) estima que pelo menos metade do desmatamento no Cerrado ocorra sem autorização.

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postado em 16/09/2024 03:54 / atualizado em 16/09/2024 10:58
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