Em meio à pressão estabelecida para que o primeiro jornal de Brasília fosse instituído no dia 21 de abril de 1960, junto com a inauguração de Brasília, o início da construção do que seria o edifício sede do Correio Braziliense foi repleta de imprevistos. Ari Cunha, um dos fundadores do jornal, relembrou, em vida, detalhes da epopeia.
Em depoimento dado em 21 de abril de 1963, Cunha contou que, enquanto o jornalista Edilson Varela, um dos pioneiros da capital e diretor do Correio Braziliense por mais de três décadas, solicitava a Israel Pinheiro, primeiro presidente da Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), tratores e caminhões de cascalhos para identificar o local exato e fazer o canteiro da obra, ouviu que se o jornal não fosse inaugurado no dia 21 de abril, tudo seria "tomado. "A gente toma tudo. O terreno e as benfeitorias, se é que eles farão...", declarou Pinheiro à època, conforme recordou Ari Cunha.
Naquele dia, 12 de setembro de 1959, aniversário do então presidente Juscelino Kubitschek, todos os diretores associados do Brasil chegavam a Brasília para, no dia seguinte, lançarem a pedra fundamental do que hoje é o Correio Braziliense.
Ari Cunha contou naquele 21 de abril de 1963 que até o renomado arquiteto Oscar Niemeyer foi vítima da pressão. Foi exigido que ele desenhasse "qualquer coisa de um esboço para o jornal". "O esboço foi feito às pressas e depois completado. Mas a solenidade seria às 16h, e já eram 10h, e ninguém sabia onde era o terreno. Fomos até lá num caminhão de areia. Era impossível lançar a pedra fundamental dentro do Cerrado. Foi quando veio a solução: 'faz aqui mesmo, gente! Pertinho do asfalto e dá ideia de que o prédio ficará na beira da estrada. Se for lá dentro o homem se apavora!', relatou Cunha em vida.
E assim a pedra fundamental foi então lançada. Ao lado do Eixo Monumental, numa solenidade que contou com a presença do presidente da República, Juscelino Kubitschek, e do presidente da Novacap. A correria não pararia com o término do evento. "Quase seis horas da tarde, a solenidade havia terminado, o presidente já tomara seu helicóptero com o Dr. Israel, quando chega o jipe da Novacap, com três pessoas dentro: 'Cadê a urna! Tira logo, que vai haver outra pedra fundamental no Centro de Recuperação! E lá levaram a urna," detalhou Ari Cunha.
A pedra fundamental foi lançada no dia 13 de setembro de 19590, embaixo de um pequizeiro, cujos galhos retorcidos seguravam a planta feita um dia antes por Oscar Niemeyer. O projeto, contudo, tomou destino desconhecido. Niemeyer concordou que o esboço feito a priori precisava ser alterado, e não se sabe onde foi parar o desenho original.
Embaixo do prédio que abriga a redação do Correio Braziliense, porém, não há nenhuma urna com os jornais do dia, moedas e atas. As obras para a construção do edifício foram iniciadas, de fato, tempos depois. Ari contou que o terreno foi descoberto em outubro e desmatado dois meses depois. Somente em janeiro de 1960 é que a grande arrancada foi iniciada.
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