A influência das eleições no Entorno para o Distrito Federal foi destacada por Celina Leão, durante o programa CB.Poder — parceria entre o Correio e a TV Brasília — de ontem. "O cidadão sempre deve escolher aquele que tem a melhor proposta e gestão, porque todos os nossos serviços públicos são impactados", disse. Às jornalistas Denise Rothenburg e Samanta Sallum, a vice-governadora do DF classificou como "fake news", a informação de que o governador Ibaneis Rocha quer acabar com o Eixão do Lazer. "É uma falácia da oposição que está juntando os partidos no local no domingo para fazer movimentações políticas", frisou.
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Como as eleições do Entorno impactam o DF?
Por mais que as pessoas achem que não tenha, as escolhas de candidatos no Entorno têm uma influência direta no DF. O cidadão sempre deve escolher aquele que tem a melhor proposta e gestão, porque todos os nossos serviços públicos são impactados pela Região Integrada de Desenvolvimento Econômico (Ride) e pela região metropolitana, principalmente a área de saúde, que é tão demandada. Quando você tem um bom prefeito e uma boa gestão de saúde e de educação, diminuímos nossos gastos públicos aqui também. Nós podemos fazer convênios. Nossa Ride é uma oportunidade, e temos que receber esses moradores. Muitos deles trabalham aqui e têm a referência da capital ser aqui. Por isso, bons candidatos e prefeitos são muito importantes.
Como está sendo sua atuação nas eleições do Entorno?
Eu sou filiada ao Partido Progressista (PP). Então, o nosso partido tem um planejamento nacional e estamos casando essas agendas onde temos candidatos do Progressista que podem fazer diferença para a nossa legenda nacional. Quando olhamos para um deputado federal, ele tem um prefeito que o apoia. Então, para o crescimento do nosso partido isso é importante. Eu tenho minhas funções aqui no DF. Sou a vice-governadora. Mas tento estar presente em ações como essa aqui do Entorno. Meu partido tem um grande número de prefeitos aqui, inclusive, com candidaturas à reeleição. Estamos com uma expectativa de fazer cinco prefeitos aqui nessa região próxima ao DF (Cidade Ocidental, Alexânia, Planaltina de Goiás, Santo Antônio do Descoberto e Formosa).
Como você enxerga a denúncia contra o agora ex-ministro, Silvio Almeida, de assédio sexual em que a ministra Anielle Franco teria sido uma das vítimas? Qual a sua avaliação sobre esse caso?
Devemos ter um pouco de preocupação para não politizar esse tema, porque ele é muito grave. Fui coordenadora da bancada feminina, coordenei 79 mulheres de diferentes ideologias, e temos uma percepção de que o preconceito não tem identidade partidária. Ele vem simplesmente contra as mulheres e precisamos ter esse entendimento e sensibilidade de nos apoiar, porque o que se percebe nesse caso do ministro é que já havia um conhecimento por parte do próprio presidente (da República) e de alguns outros ministros, mas a tomada de decisão poderia expor o governo, e isso te faz ter uma reflexão. Até quando as mulheres vão ser assediadas para não expor o governo A, B ou C? Até quando as mulheres em situação de poder vão ver seus direitos rechaçados? Temos legislações importantes aprovadas no governo Bolsonaro e agora no governo do presidente Lula sobre assédio, duas grandes legislações. E temos que dar exemplo.
Ou seja, a lei não falta…
A lei não falta, mas isso só demonstra aquilo que nós falamos todos os dias. Ainda há no nosso país um machismo estruturante muito grande, onde um ministro se acha na liberdade de passar a mão na perna de uma ministra sem o consentimento dela. Isso é muito grave, é algo que nos expõe ao quanto ainda precisamos melhorar. A educação precisa ser a base e o pilar dessa mudança que precisa acontecer no Brasil. Não é um problema do governo A, B ou C. É um problema que as mulheres sofrem. Quando uma pessoa vai assediar alguém, ele não pergunta qual o partido dela. Ele simplesmente faz o ato. Agora, a gravidade é os personagens serem duas figuras públicas, como um ministro de direitos humanos, cujo comportamento deveria ser outro.
Toda mulher nessa situação se sente muito vulnerável. E ela, ocupando um cargo de importância e poder, se sente ainda mais exposta, não é?
Ela nem foi ao 7 de setembro. Não teve coragem de falar ainda, por isso que precisa existir a solidariedade das mulheres. Se vocês repararem, algumas pessoas que foram assediadas pelo próprio ex-ministro foram à internet e contaram o que passaram. Pois, em um primeiro momento, ficam em estado de choque, no segundo momento começam a perceber a situação.
Quando a senhora foi coordenadora da bancada feminina na Câmara dos Deputados, chegou a receber alguma denúncia grave de assédio desse tipo?
Recebíamos denúncias quase que semanalmente, seja de violência política ou outras formas de agressão. Acho que é por isso que tenho hoje o respeito das deputadas federais. Nunca faltou compromisso. Quando a violência era praticada, eu jamais olhei se era uma mulher de centro, de direita ou de esquerda. Sempre fazia nota, encaminhava para o Ministério Público. Tínhamos o respeito e a solidariedade de todas elas. Cada uma vai ter uma linha política. Mas a violência, e aí é uma experiência minha, não escolhe partido.
Nas eleições do Entorno temos muitas candidatas? A senhora viu alguma denúncia de assédio?
Temos mulheres candidatas em Formosa, Santo Antônio, Valparaíso, entre outras. A discussão quando elas, que nunca foram candidatas, se chocam com as fake news. A fake news contra nós é assassinato de reputações. Até porque a pessoa lê primeiro e faz o pré-julgamento. Existem mentiras que viram verdades no conceito das pessoas com esse assassinato de reputações. Isso está muito grave nas eleições.
Estamos vivendo essa seca e vendo uma cidade "defumada". Até quando vai essa questão e o que o governo está fazendo para mitigar essa situação?
Olha só, o que acontece. O governo seria muito pretensioso se dissesse que consegue controlar a seca. Até porque é uma condição climática. Brasília sofre todos os anos e o que temos feito é uma prevenção de possíveis acidentes e de situações que precisamos lidar durante a seca. Uma informação importantíssima: quase 100% dos focos de incêndio no DF são causados por ações humanas.
Todos criminosos?
Não, não são todos criminosos. Por exemplo, temos pessoas em situação de rua em alguns parques que, às vezes, fazem fogo para se aquecer à noite. Aquele fogo, nessa secura, pode se alastrar. O próprio agricultor, que muitas vezes acha que pode fazer um fogo controlado, pode perder o controle por conta da umidade. Nossa umidade já chegou a 7%, a mais baixa da história. Inclusive, temos campanhas em curso para que nossos agricultores não façam nenhum tipo de fogo neste momento. Os incêndios são tão ferozes que muitas vezes os bombeiros não conseguem acessá-los. É importante que a população nos ajude nisso. Agora, também temos incêndios criminosos. É um absurdo existirem pessoas que chegam e colocam fogo na nossa Floresta Nacional de Brasília (Flona) e nos parques. Isso é uma irresponsabilidade. A Câmara Federal, inclusive, está vendo isso. Porque o que está acontecendo não é só em Brasília. Se olharmos o mapa, nunca tivemos essa situação de fumaça igual aos dias passados. Ou seja, o Brasil inteiro está em chamas.
E o Eixão do Lazer, como está a negociação com os artistas da cidade?
Primeiro, é importante desmentir uma fake news de que o governador Ibaneis Rocha (MDB) vai acabar com o Eixão do Lazer. A oposição não tem nada para falar de nós e fica pegando um tipo de lead como esse, fazendo manifestação para não acabar com o Eixão. Nunca se falou em acabar com o Eixão do Lazer. Quero relembrar a população que o primeiro espaço de lazer reaberto após a pandemia da covid-19 foi o Eixão do Lazer. Ali é um espaço democrático da população do DF. Não tem nenhum governador que vai querer tirá-lo.
Você não acha que tenha sido muito intenso?
Foi. Inclusive, emitiram uma nota do próprio governador falando sobre isso. Também houve ações internas do próprio governo. Agora, temos ali duas faces da mesma moeda. É importante falar que é da mesma moeda, pois são sobre as pessoas que frequentam o local. Alguns não querem a bebida alcoólica e outros querem. Estamos ouvindo a comunidade. Daqui a um mês, esse plano de ocupação vai ficar pronto e com a opinião de todo mundo. Inclusive, tem uma pesquisa acontecendo no Eixão. Mas essa história de fechar o Eixão é uma falácia da oposição que está juntando os partidos no local no domingo para fazer movimentações políticas. Estão politizando o tema, o que é natural da política.
Quem está fazendo a pesquisa é o GDF? Ela está sendo feita com os moradores, frequentadores e comerciantes?
Exatamente. Há recomendação do Ministério Público do Distrito Federal e dos Territórios (MPDFT) e há reclamação dos próprios moradores. Em relação ao MPDFT, é para cumprir a lei. O que ela fala sobre as vias do Departamento de Estradas de Rodagem do DF (DER-DF)? Que não pode haver o uso de bebida alcoólica.
Essa orientação veio do próprio MPDFT?
Também tem o acompanhamento do próprio MPDFT. Existe o acompanhamento da comunidade. O que eu gostaria de falar para vocês é sobre a forma de falar. Isso não foi uma orientação do nosso governador. Inclusive, a primeira diretiva dele foi que fosse feito tudo com cautela. Sabemos que o Eixão é um local democrático de participação popular. E ninguém vai tirar as pessoas. Quero afirmar, em nome do nosso governador Ibaneis Rocha, que as pessoas podem ficar tranquilas. Ele foi presidente da Ordem (dos Advogados do Brasil) e tem essa postura sempre de liberdade.
*Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado
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