O fogo intenso que atingiu a Floresta Nacional de Brasília (Flona), nos últimos dois dias, foi controlado na noite de quarta-feira (4/9). A confirmação ocorreu na manhã desta quinta-feira (5/9), em coletiva de imprensa que reuniu o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal(CBMDF) e Instituto Brasília Ambiental (Ibram).
"Conseguimos controlar todos os focos ativos. Hoje já fizemos um levantamento de drone e vimos que não há pontos quentes significativos. Então, estamos em uma situação muito melhor do que ontem", afirmou o chefe da Flona e da Área de Proteção Ambiental (APA) da Bacia do Descoberto, Fábio dos Santos Miranda.
Imagens de satélites revelaram que 38,58 % da unidade foi perdida para o fogo, cerca de 2,1 mil hectares. Na área 1 da Flona, onde costuma haver mais visitações, quase 60% do espaço foi queimado, demandando esforços significativos para sua recuperação.
O coordenador das atividades de manejo integrado do fogo da Flona, Hudson Coimbra, explicou que o combate às chamas ocorreu de forma direta, com bombas e abafadores, e indireto, com queimas de expansão, que visam a margem de segurança das queimadas e aberturas de linhas de defesa.
"Hoje, felizmente, o nosso perímetro está limpo, sem qualquer reignição. Agora é trabalhar na extinção dos focos que estão localizados, principalmente nas matas de galeria, zonas de conservação e prioritárias", contou. Ainda segundo o coordenador, trata-se do maior incêndio na Flona nos últimos quatro anos.
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Preservação da fauna
Uma das maiores preocupações no momento é com a fauna da Flona. O Zoológico de Brasília, o Jardim Botânico, o Ibama, o ICMBio e o Batalhão Ambiental da Polícia Militar do DF estão mobilizados para realizar os resgates de animais da região. A principal ação será garantir alimentação para esses animais, visando evitar que eles se desloquem para vias movimentadas em busca de comida e corram o risco de serem atropelados. Há cerca de 20 pessoas envolvidas na conservação da fauna.
"Já encontramos animais mortos e feridos, porém, uma boa notícia é que já avistamos também muito (animais) vivos, como um lobo guará, uma anta com seu filhote e alguns veados. Todos ainda perdidos por conta da perda de suas casas, mas vivos. Isso nos dá muito esperança em relação a recuperação da unidade", ressaltou o chefe da Flona.
Os animais feridos serão encaminhados para hospitais de referência, mas já há preparação para deixar alimentos por toda a Flona. Ainda não há um número fechado acerca da quantidade de bichos mortos nos incêndios, porém, sabe-se que nenhum animal de grande porte foi encontrado morto. Já foram resgatados pássaros, cobras e ratos silvestres. "É natural que muitos (animais) se escondam em tocadas para se proteger das chamas, por isso ainda não temos um levantamento definitivo", acrescentou Fábio dos Santos Miranda.
Um dos maiores desafios no combate às chamas, segundo os bombeiros, foi enfrentar as altas temperaturas, o clima seco e os ventos fortes, que dificultam o controle do incêndio. Às 21h de ontem, as operações foram interrompidas, em vista da falta de condições de segurança para trabalhar durante a madrugada.
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Investigação policial
Em razão do incêndio, a Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar a possibilidade de origem criminosa. Ainda nesta quinta, será realizada uma perícia nas locais onde começaram as chamas. Segundo o ICMBio, três pessoas foram vistas no local onde o fogo começou, o que pode indicar ação intencional.
As investigações estão sendo conduzidas em sigilo pela Delegacia de Repressão a Crimes Ambientais da Superintendência da PF no DF.
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