O Distrito Federal atravessa um longo período de estiagem, com mais de 130 dias sem chuvas. Sem previsão de precipitações para as próximas semanas, a chegada do mês de setembro traz um aumento na temperatura, acompanhando a transição do inverno para a primavera, o que poderá intensificar ainda mais a sensação térmica e a baixa umidade do ar na cidade.
Embora o aumento das temperaturas seja uma constante em várias regiões do país, uma possível onda de calor poderá impactar, nos próximos dias, as áreas centrais do Brasil, especialmente estados como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, São Paulo e Minas Gerais. Brasília tem vivido momentos de calor e seca intensos, o maior dos últimos 14 anos, mas ainda não se enquadra nos critérios técnicos para uma onda de calor. De acordo com Olívio Bahia do Sacramento Neto, meteorologista do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a definição para este fenômeno estabelece que as temperaturas devem permanecer 5°C ou mais acima da média histórica por pelo menos cinco dias consecutivos.
Atualmente, a média histórica para o mês de setembro no DF é de 29,1°C. Caso uma onda de calor chegue a Brasília, as temperaturas devem superar os 34°C de forma contínua por cinco dias. Segundo Sacramento Neto, os próximos dias reservam temperaturas variando entre 32°C e 33°C. A umidade relativa do ar também vai continuar baixa, com índices em torno de 10% a 12%, o que agrava a seca. Esse cenário representa grandes riscos à saúde pública e ao meio ambiente.
Segundo o especialista, o calor intenso e a baixa umidade aumentam consideravelmente o risco de incêndios. A vegetação seca e o solo ressecado criam um ambiente propício para que pequenos focos de fogo se espalhem rapidamente. Além disso, o ar poluído, carregado de poeira e fuligem, contribui para crescimento dos casos de doenças respiratórias, afetando principalmente crianças, idosos e pessoas com condições de saúde preexistentes.
As previsões para o DF indicam que o clima quente e seco deve persistir ao longo da semana, sem grandes mudanças. A amplitude térmica, diferença entre as temperaturas mínimas e máximas do dia, será grande alta, variando cerca de 20°C, com mínimas de 12°C, durante a madrugada, e máximas de até 32°C, durante o dia. "A umidade do ar, que já está em níveis críticos, pode cair ainda mais, especialmente em regiões como Brazlândia e Gama, onde foram registrados valores abaixo de 10%", adianta o meteorologista Sacramento Neto.
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Cuidados
Diante desse cenário, vale tomar alguns cuidados para evitar problemas de saúde, como manter boa hidratação, umedecer periodicamente as narinas e os olhos com soro fisiológico, utilizar umidificador, baldes ou bacias com água ou panos molhados para elevar a umidade, não praticar atividades físicas entre 10h e 16h, dar preferência a refeições leves e se proteger do sol. Além disso, é preciso ter atenção ao manuseio de fogo, para evitar incêndios e queimadas.
Isabel Cristina, 63 anos, está visitando Brasília e conta que ao chegar na capital, sentiu um choque térmico devido à diferença de temperatura de sua cidade natal. "São Paulo ainda está frio, e aqui está muito quente. Além disso, está muito seco. Quando cheguei, fiquei surpresa ao ver a grama toda seca. Nada parecida com as fotos que vi", relata. Para refrescar-se, Isabel aproveitou o Lago Paranoá com a neta Rúbia Cristina. "Achei bem bonito. Foi uma maneira gostosa de amenizar o calor", disse.
Também vinda de São Paulo, Rúbia Cristina, 24, compartilha uma experiência semelhante. "Cheguei em Brasília em abril e notei uma diferença grande no clima. Minha garganta ficou irritada, e precisei me hidratar bastante e usar creme e manteiga de cacau para evitar o ressecamento da pele. Aproveitei a visita da minha avó e trouxe ela para conhecermos e desfrutar do lago", explica
Para a baiana Andréa Lemos, 43, a maior dificuldade em relação ao tempo no DF é a baixa umidade. "Na Bahia, recorremos ao mar, e aqui, ao lago, que é o mais acessível. Na verdade, a secura de Brasília é o que mais me incomoda, porque afeta as minhas vias aéreas e torna a prática de atividades físicas mais difícil. Gosto de correr no Eixão nos fins de semana, mas, com esse clima, tem sido um desafio", conta.
A moradora de Brasília Luciane de Mello Rodrigues, 35, revela que este ano é um dos mais quentes que se lembra. "Estou bebendo muita água e tomando banho o tempo todo praticamente. Está muito quente, talvez um dos piores casos que já vi. O lago é uma das poucas opções gratuitas para a gente relaxar e distrair do dia a dia", concorda.
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