Artistas, produtores culturais, grupos do setor e autoridades políticas se manifestaram contra a ação desencadeada pelo Governo do Distrito Federal (GDF) que desmobilizou vendedores ambulantes e manifestações artísticas no Eixão do Lazer, na tarde deste domingo (1º/9). Após a os agentes terem ido ao local — que fica fechado para carros, e aberto à comunidade —, nomes políticos do DF foram a público lamentar o caso.
A ex-candidata ao governo do DF, Keka Bagno; o presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass e o deputado distrital Fábio Felix (PSol) foram alguns dos que lamentaram a ação.
Fábio Felix chamou a operação de "absurdo" e reforçou o espaço cultural do Eixão do Lazer. "Bem absurdo neste momento que a prioridade do governo do Distrito Federal seja criminalizar a cultura e perseguir os trabalhadores. O Eixão do Lazer é um espaço fundamental da cultura do DF. Deixo aqui o meu repúdio e vamos atuar junto com a sociedade civil para que isso não se repita!"
Grass salientou que já está em contato com outras autoridade e pontuou o local como espaço de cultura. "É importante que Brasília seja uma cidade livre. Livre para ser cultural".
Ver essa foto no Instagram
Keka cobrou explicações do governo Ibaneis se disse "indignada" com a ação. "Brasília cotidianamente tenta se reinventar para garantir cultura, lazer, esporte, diversão e vida comunitária. Mas os governantes odeiam o povo na rua".
Ver essa foto no Instagram
O ex-governador Rodrigo Rollemberg definiu a ação como “falta de sensibilidade” do GDF. “Recebi várias ligações de pessoas reclamando das ações abusivas do GDF (...) coibindo o Eixão do Lazer. O Eixão do Lazer é para as pessoas praticarem esportes, para curtir música, para se encontrar. Temos eventos culturais que já entraram no calendário cultural da cidade, como o Choro do Eixo e o Complexo Cultural da Asa Sul, e as pessoas vão ali para vender seus produtos, um chopp caseiro, uma comida de qualidade, e hoje essas pessoas estão proibidas pelo Governo do DF. Não podemos aceitar isso. Quero saber de onde partiu uma ideia tão infeliz de proibir esses eventos que trazem tanta alegria para as famílias do DF”, pronunciou.
Ver essa foto no Instagram
Grupos
Representantes culturais do DF também usaram as redes para demonstrar indignação. O Coletivo Superjazz convidou as pessoas a uma manifestação marcada para o próximo domingo (8/9) em repúdio à operação. “Cultura é um direito do cidadão e um dever do estado”, publicou o Coletivo por meio da página do Instagram Eixão do Jazz.
O Sambas DF, grupo que promove rodas de samba por toda a capital, fez uma publicação com a frase: “A cidade onde fazer cultura é crime”. “Quem faz (ou tenta fazer) cultura em Brasília sofre. Sofre com multas impagáveis, sofre com arbitrariedades, sofre com falta de diálogo e truculência do governo. Hoje, vimos as imagens dos fiscais dizendo que usariam a força e tomariam o material de pessoas que pasmem: faziam música, vendiam seus produtos, levavam para casa seu ganha pão! 4 órgãos do governo, dezenas de funcionários designados para um único propósito: acabar com o lazer, no Eixão do Lazer.”
O grupo musical Choro no Eixo iria se apresentar no Eixão da 207 Norte a partir de 12h, mas a apresentação não aconteceu. Nos stories da página do Instagram do grupo, o cantor Gilson informou o cancelamento do evento. “Estão dizendo que não vai mais acontecer esses eventos no Eixão. Não sabemos como será daqui para frente. Acredito que a gente consiga reverter isso em breve.”
Ação
Por meio de nota ao Correio, o DF Legal apontou que a ação deste domingo foi "para verificar licença de vendedores ambulantes presentes no Eixão do Lazer e coibir a venda irregular de bebidas alcoólicas". A secretaria ainda pontuou que os ambulantes irregulares foram "orientados a saírem do local e a procurarem o DER para cadastro e emissão de autorização para comércio ambulante".
A secretaria ainda completou que na semana que vem "a partir da próxima semana, haverá a apreensão das mercadorias no caso de insistência em realizar o comércio no local por parte daqueles que não possuírem autorização do DER para comércio ambulante na faixa de domínio".
O Correio questionou o GDF sobre a ação, mas não obteve retorno até a última atualização dessa reportagem.
Saiba Mais
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:
Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail sredat.df@dabr.com.br