IDENTIDADE

Além da arquitetura: conheça 10 patrimônios culturais de Brasília

Atualmente, Brasília conta com 10 bens tombados como patrimônio imaterial no âmbito distrital. Mais seis manifestações que abrangem o DF são tombadas em âmbito federal

Apesar da inspiração maranhense, o Boi do Seu Teodoro é um filho de Brasília
 -  (crédito: Davi Mello)
Apesar da inspiração maranhense, o Boi do Seu Teodoro é um filho de Brasília - (crédito: Davi Mello)

Muito do que é importante para construção da nossa identidade enquanto sociedade não é palpável. Manifestações culturais, eventos ou mesmo um costume do dia do cotidiano podem ser tão importantes quanto um edifício tombado pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Ipahn). Trata-se dos patrimônios culturais imateriais. 

No Distrito Federal, a lista de patrimônios imateriais tombados no âmbito distrital somam 10 bens, entre eles o Boi do Seu Teodoro, a Festa do Divino Espírito Santo de Planaltina e o Ideário Pedagógico de Anísio Teixeira. "Registrar um bem imaterial é reconhecer que ele faz parte do nosso processo construtivo, como sociedade. Nossa identidade é formada por signos culturais comuns, e o registro de bem imaterial permite reconhecer aqueles que devemos nos esforçar mais para preservar", explica Felipe Ramon, subsecretário de Patrimônio Cultural, da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF (Secec). 

Recentemente, a Cultura de Respeito à Faixa de Pedestre, uma das marcas de Brasília, recebeu o reconhecimento de patrimônio imaterial do DF. A oficialização do título ocorreu em 18 de julho. Ramon explica que o processo de análise dos bens que pleiteiam o reconhecimento requer uma tramitação "bem longa, com a avaliação de especialistas de diferentes áreas". 

O subsecretário detalha que cada caso exige profissionais específicos para o entendimento se aquele bem deve ou não que ser tombado. "O caso da faixa de pedestres, por exemplo, foi analisado por uma historiadora. Porque foi algo que começou como uma lei e acabou virando um comportamento cultural", cita Felipe, que revela que a subsecretaria está em processo de contratação de mais especialistas, a fim de acelerar os processos de análise de outras manifestações socioculturais. 

"Com a inscrição no livro de patrimônio, o Estado reconhece que aquele bem cultural tem relevância. Mas isso não quer dizer que passa a ser responsabilidade do Poder Público. O bem continua sob a responsabilidade do proprietário, grupo ou coletivo ligado àquele patrimônio", esclarece Felipe Ramon. "O Estado pode entrar em ação caso o bem esteja em risco de descaracterização", complementa. O subsecretário sublinha que o reconhecimento também ajuda a sociedade a enxergar a importância daquele bem. 

Além dos já citados, também são patrimônios culturais imateriais do DF: Fuá do Seu Estrelo; Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc); Clube do Choro de Brasília; Festival de Brasília do Cinema Brasileiro; a Via Sacra ao vivo de Planaltina; e Praça dos Orixás e Festa de Iemanjá

Nacional

Também há os patrimônios imateriais tombados no âmbito federal que abrangem o DF. São eles: o Ofício das Baianas de Acarajé; o Teatro Popular de Bonecos; as Matrizes Tradicionais do Forró; o Ofício dos Mestres e Roda de Capoeira; a Literatura de Cordel; e o Repente. 

"É possível conectar, aqui no DF, a história da formação da capital e as manifestações culturais que fazem parte do patrimônio imaterial nacional. Isso porque, nos fluxos migratórios da construção de Brasília, as pessoas trouxeram as suas referências, tradições religiosas e festivas e seus saberes, modos de fazer e criar", diz Maurício Goulart, coordenador técnico da seção local do Iphan-DF. 

Ele explica que, para muitos grupos do DF, há expressões culturais que são vividas e transmitidas há décadas, também ressignificadas no cotidiano, muito embora sejam associadas como patrimônio de outras regiões do país. "É o exemplo do Teatro de Bonecos Popular do Nordeste, cuja vitalidade e força no DF foram responsáveis por impulsionar o processo de reconhecimento dessa forma de expressão em nível federal. Assim como ocorreu com o choro pela importância de suas rodas e músicos na sonoridade da capital e fora dela", argumenta o coordenador. 

"Sem esquecer da criatividade dos poetas, compositores e músicos populares responsáveis pela literatura de cordel, pelo repente e pelo forró tradicional, que enriquecem o universo literário e musical de todo o DF. Ou mesmo, da importância do papel dos mestres de capoeira e das rodas na formação de gerações de crianças, jovens e adultos em inúmeros espaços do DF", conclui.

  • Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro
    Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro Foto: Thiago Araújo
  • A Via Sacra ao vivo de Planaltiva reúne milhares de pessoas
    A Via Sacra ao vivo de Planaltiva reúne milhares de pessoas Foto: Carlos Vieira/CB/D.A Press
  • O tradicional desfile da Aruc é a cara do carnaval brasiiense
    O tradicional desfile da Aruc é a cara do carnaval brasiiense Foto: Aruc/Divulgação
  • O Clube do Choro propôs o tombamento do chorinho no Brasil
    O Clube do Choro propôs o tombamento do chorinho no Brasil Foto: Minervino Júnior/CB/D.A Press
  • O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro chega à 57ª edição
    O Festival de Brasília do Cinema Brasileiro chega à 57ª edição Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • Na Praça dos Orixás, todo ano ocorre a Festa de Iemanjá
    Na Praça dos Orixás, todo ano ocorre a Festa de Iemanjá Foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
  • A Cultura de Respeito à Faixa de Pedestre é um orgulho do DF
    A Cultura de Respeito à Faixa de Pedestre é um orgulho do DF Foto: Minervino Júnior/CB/D.A Press
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postado em 01/09/2024 06:00
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