A terceira fase da operação Saturação, desencadeada na manhã desta sexta-feira (30/8) pela Polícia Civil (PCDF) prendeu, no total, 36 integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC). Onze pessoas são consideradas foragidas. Entre os detidos estão membros da cúpula que desempenhavam funções distintas na organização criminosa, tais como “vigia”, os responsáveis por cooptar novas pessoas e o chamado “coordenador regional”.
Em coletiva de imprensa promovida nesta manhã, os delegados Leonardo de Castro, coordenador do Departamento de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Decor), Jorge Teixeira e Paulo Francisco Soares, adjunto e chefe da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), deram detalhes sobre a operação, que visa impedir a instalação da facção na capital federal.
Dos 47 mandados de prisão, 26 foram cumpridos em cinco presídios do Complexo Penitenciário da Papuda e na Penitenciária Feminina (PFDF). Os alvos, nesse caso, já estão detidos por outros crimes, mas foram identificados como envolvidos na organização criminosa.
“O cumprimento do mandado de prisão para quem já está preso tem, primeiramente, um caráter pedagógico de demonstrar que o fato dele ter cometido o crime facção criminosa no passado, ainda que ele hoje diga que não integra mais, está sendo levado à Justiça a pagar a ‘conta judicial’. Outro motivo é que alguns deles podem estar já às portas de serem liberados para o regime semiaberto ou receber algum benefício no sistema penal e esse mandado de prisão impede isso. E o terceiro objetivo é que aqueles que estão dentro da prisão e recebem esse mandato de prisão de comprimento, eles vão repensar, talvez, em não cooptar outros colegas presos”, explica o delegado Jorge.
Outras 10 pessoas foram detidas em regiões distintas do DF, de Goiás e em São Paulo e tinham funções distintas na organização criminosa. Tinha aqueles que executavam a tarefa de “vigia” de local, ou seja, mantinham a disciplina. Outros, eram encarregados pela cooptação a “batismo” de novos membros. Cargo este desempenhado, na maioria das vezes, dentro do presídio.
Como numa empresa, a facção promovia os integrantes a um cargo mais alto. A polícia identificou que alguns deles foram consagrados para uma função ligada diretamente ao tráfico de drogas. Esses eram responsáveis por trazer “riqueza” à Orcrim. “Um deles chegou a ser Geral do Estado, que seria uma função de coordenação regional aqui do Distrito Federal. Não conseguimos falar de liderança aqui no DF, porque esse incessante combate que promovemos desestimula a instalação deles aqui no Distrito Federal. A experiência que vimos é que várias dessas lideranças gerais do Estado foram capturados em outros estados do Brasil, porque eles não ficavam aqui no DF, com medo de ser alcançado com mais facilidade”, pontuou Jorge Teixeira.
Combate
As ações de repressão contra a instalação e o fortalecimento de organizações criminosas no DF ocorrem desde 2014 e representam um marco estratégico na repressão ao crime organizado. A operação contou com o apoio do Núcleo de Fiscalização do Sistema Penitenciário do Ministério Público do Distrito Federal (Nupri/MPDFT) e com o suporte operacional da Secretaria de Administração Penitenciária (Seape) e de outras unidades da Polícia Civil