O Espaço Cultural Renato Russo (ECRR) celebra 50 anos de história como um dos polos culturais mais importantes da capital. Para comemorar o cinquentenário, o Instituto Janelas da Arte, Cidadania e Sustentabilidade e a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec-DF) realizam um festival que iniciou em 9 de agosto e segue até dia 18.
A programação é diversificada e gratuita, com espetáculos de teatro, música, dança e circo, e exposições de arte. "Estamos esperando um grande público para celebrar esse marco histórico, e convidamos todos a participarem desse momento especial. O sentimento de celebração é intenso, pois essa data representa meio século de história e luta pela cultura em Brasília", afirma Jaqueline Dias, vice-presidente e coordenadora de comunicação do Instituto Janelas.
"Esse local é uma verdadeira fábrica de cultura, com centenas de pessoas produzindo, aprendendo e apreciando arte todos os dias. Temos muito orgulho desse espaço tão importante para a capital. Celebrar seus 50 anos de história é reforçar a importância do Renato Russo como local de vanguarda da inovação artística e contribuir para o fortalecimento da identidade cultural do DF", afirma o titular da Secec, Claudio Abrantes.
Também se destaca como um centro de formação, por oferecer cursos, oficinas e workshops, nos quais grupos artísticos desenvolvem seus trabalhos e a comunidade tem acesso gratuito a esses eventos. Jaqueline Dias acrescenta que o espaço sempre foi um exemplo de resistência cultural. "Desde o surgimento, foi um ponto de encontro para as mentes criativas do teatro e da música. Ao longo das décadas, manteve esse papel fundamental", ressalta.
Começo
Inaugurado em 1974 como Teatro Galpão, pois ali funcionavam depósitos e a sede da extinta da Fundação Cultural do Distrito Federal, o ambiente cresceu. Em 1977, recebeu o nome de Centro de Criatividade, incluindo o Teatro Galpão, o chamado Galpãozinho e galerias de arte. Tornou-se ponto de encontro dos artistas da cidade. Posteriormente, depois de quatro anos fechado, foi reformado e rebatizado como Espaço Cultural 508 Sul, sendo reaberto em 1993. Em 1999, em homenagem ao cantor, compositor, líder e vocalista da banda Legião Urbana, que morreu em 1996, passou a se chamar Espaço Cultural Renato Russo.
As atividades realizadas no local fizeram parte da formação da juventude de Brasília desde sua inauguração. Passaram por lá muitos nomes importantes para a cultura, como Hugo Rodas, Alexandre Ribondi, Guilherme Reis, James Fensterseifer, Cássia Eller e o próprio Renato Russo.
Hoje, o complexo abriga 11 salas — de teatro, de estudos e de exposições. No último dia 9, foi inaugurada a Musiteca, batizada com o nome de Clodo Ferreira, músico, compositor, instrumentista e professor da Universidade de Brasília (UnB), que morreu em julho deste ano. O novo departamento tem o objetivo de mostrar às pessoas o acervo e o equipamento utilizados antigamente pela Rádio Cultura, vinculada à Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Distrito Federal (Secec), que está todo digitalizado.
Espetáculo
Um dos grupos que se apresenta na programação dos 50 anos é a Cia Lumiato, criada em 2008, quando o diretor brasiliense Thiago Bresani foi morar em Buenos Aires, para estudar na Universidade de San Martin. No país, ele conheceu a diretora argentina Soledad Garcia, que também estava fazendo curso de teatro de titeres (fantoches) e objetos. A dupla fundou a companhia, que traz uma proposta de teatro em formas animadas.
Para Thiago, fazer parte da celebração é uma alegria. "Estou muito feliz porque, para mim, o Renato Russo é um espaço de muita referência, é plural, onde existe e convive uma diversidade de linguagens. Ele é aberto para a comunidade e isso é fantástico", avalia. Em 2023, a Luminato comemorou seu aniversário na casa.
Soledad, que atua na peça, está com grandes expectativas para a apresentação do espetáculo Memória Matriz. "Estreamos em março deste ano, mas acabei pegando dengue, e a última sessão teve que ser cancelada. Muitas pessoas que tinham se programado para essa data ficaram com vontade de assistir. Agora, terão a chance durante esse evento tão importante e simbólico para a cidade", enfatiza.
O espetáculo é uma revisitação de memórias familiares que, por meio de projetores de slides, mostram um reencontro de histórias femininas que se repetem entre as gerações. "Essas questões sociais que nos atravessam tanto familiarmente como historicamente se representam no Memória Matriz, por meio do teatro de sombras contemporâneas, da dança e, também, da intervenção da fotografia analógica para poder apresentar ao público esse universo da relação entre mãe e filha", descreve.