No dia a dia dos animais, acidentes estão sujeitos a acontecer, até porque, por mais que queiramos prevenir as dores de nosso pets, os animais são seres livres e curiosos, o que muitas vezes pode colocá-los em risco. Uma das maiores demandas emergenciais na medicina veterinária são casos de fratura.
Segundo o veterinário da Vethome Paulo Vieira, atividades rotineiras como brincadeiras e pulos podem ocasionar em fratura ou lesão no pet. “As principais causas de fraturas em cães e gatos incluem acidentes de trânsito, quedas de grandes alturas, traumas durante brincadeiras e, em alguns casos, doenças ósseas que enfraquecem a estrutura óssea.”
De acordo com ele, raças de pequeno porte são mais suscetíveis a fraturas, como chihuahuas e dachshunds, que são mais vulneráveis devido à estrutura óssea. Em cachorros, os ossos mais frequentemente fraturados são os das patas traseiras, especialmente o fêmur e a tíbia. Já em gatos, a pélvis e as patas dianteiras e traseiras são mais acometidas.
Para prevenir acidentes, é fundamental supervisionar as atividades do pet, garantindo que ele esteja em um ambiente seguro, e manter a saúde óssea por meio de exercícios regulares e uma dieta equilibrada e rica em cálcio e vitamina D. “Prevenir acidentes pode incluir manter o pet em áreas seguras, usar coleiras e guias durante passeios e evitar que eles acessem lugares altos ou perigosos”, ensina Paulo.
O veterinário alerta que se o animal estiver mancando, com inchaço, reativo ao toque, relutante em se mover ou brincar, agressivo e, em alguns casos, apresentando choro ou gemidos constantes, pode ser que ele esteja com uma lesão ou fratura. “Durante o transporte, é bom usar uma maca improvisada ou uma superfície plana para evitar que a lesão piore”, ressalta.
Caso o tutor esteja presente no momento do acidente, Paulo aconselha manter a calma, evitar mover o animal desnecessariamente e imobilizar a área lesionada. “Sempre que for socorrer um animal, é importante ter muita atenção e cuidado quando for manusear, pois ele pode estar com dor e pode ficar mais reativo para se defender”, completa a médica veterinária fisiatra Catherine Lara.
Tratamento
De acordo com Paulo Vieira, os tratamentos de fraturas e lesões podem variar desde imobilização com talas e gessos até cirurgias mais complexas, dependendo da gravidade. Analgésicos e anti-inflamatórios são frequentemente prescritos para aliviar a dor e a inflamação. “A cirurgia é necessária em casos de fraturas graves ou complexas, em que os ossos precisam ser realinhados ou estabilizados com pinos, placas e parafusos, como acontece também com o ser humano”, afirma.
Uma etapa muito importante do tratamento, principalmente em casos cirúrgicos, é a fisioterapia. “Inicialmente, realizamos o tratamento pensando em auxiliar no alívio da dor e também no processo inflamatório pós-operatório”, afirma Catherine Lara.
Posteriormente, é acrescentada a parte de cinesioterapia, na qual são realizados exercícios diversos para que o paciente possa, aos poucos, retomar a função correta do membro. Técnicas fisioterapêuticas como eletroterapia, campo magnético e laserterapia são muito usadas para auxiliar no processo inflamatório.
Para Catherine, o desafio é lidar com animais com muita dor e com aqueles mais ariscos e desconfiados. Em todos os casos, é de extrema importância prezar pelo conforto do paciente, associando o tratamento a algo positivo, utilizando petiscos ou brinquedos. “É importante fazer com que o tratamento seja algo agradável e divertido para ele, dessa forma, a aceitação fica sempre mais tranquila e conseguimos trabalhar com muito mais facilidade e obter resultados muito mais rápidos também.”
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Em casa
Longe da clínica veterinária, o tratamento também acompanha o dia a dia dentro do lar. Segundo a veterinária fisiatra Catherine Lara, o tutor pode auxiliar o tratamento do pet realizando alguns exercícios e caminhadas, sempre com guia, para maior controle. Em casos de repouso mais rigoroso, é importante restringir o espaço onde o paciente vai ficar.
“Evitar locais onde ele possa pular, correr ou escorregar durante esse período de repouso com maior restrição. E sempre indicamos colocar tapetes emborrachados para dar maior aderência”, aconselha Catherine.
Manter o animal em repouso pode ser desafiador, mas crucial para a recuperação. “Manter o pet em um espaço pequeno e confortável, usar cercadinhos e limitar a atividade física são maneiras eficazes. Proporcionar brinquedos interativos que não exijam muito movimento pode ajudar a mantê-lo entretido”, recomenda o veterinário Paulo Vieira.
Da dor veio um lar
Com menos de dois meses, o vira-lata Thor foi atropelado e fraturou os dois fêmures e uma tíbia. Segundo Débora Euclydes, 36, veterinária e atual tutora de Thor, foi necessária a realização de uma cirurgia no lado direito, onde teve a fratura do fêmur e da tíbia. No lado esquerdo, foi utilizado somente uma tala.
“Depois da cirurgia, ele ficou com a tala nas duas patas por algum tempo. Teve troca de tala, mas ele era muito tranquilo, um neném bem pequenininho”, conta. Thor ficava em um berço hospitalar e, por causa das talas, os movimentos eram reduzidos.
E de um trauma tão forte veio a maior alegria de um amigo peludo: uma família. Antes do acidente, Thor morava na rua, e foi durante o tratamento que a família de Débora decidiu dar um lar cheio de amor para o cachorrinho. “A gente estava cuidando dele para colocá-lo para adoção, só que nesse caminho não teve jeito, e me apaixonei”, afirma a tutora.
Depois da cirurgia e de retirar as talas, o tratamento com fisioterapia foi de extrema importância para a recuperação. Em casa, Thor usava meias para ter uma maior adesão no chão e não escorregar.
Apesar da fratura agressiva, por ser tão jovem, a recuperação foi um sucesso. Quando o membro operado é forçado demais, Thor o levanta e, às vezes, manca, mas nunca demonstra dor. “Eu achei que ele ia ter sequelas, mas ele vive tranquilo, consegue subir nas coisas, descer, correr, brincar, ele corre horrores, na verdade”, finaliza Débora.
*Estagiária sob a supervisão de Sibele Negromonte