SUSTENTABILIDADE

Comerciantes aderem ao 'lixo zero' e promovem o consumo consciente

Empreendedores locais se unem para reduzir o desperdício, mostrando que é possível conciliar sucesso financeiro com responsabilidade ambiental

Diante da preocupação crescente com o meio ambiente, comerciantes do Distrito Federal vêm adotando a estratégia do "lixo zero". Eles transformam suas práticas para minimizar resíduos e promover a sustentabilidade. De acordo com a Lei distrital n° 5.610/2016, os grandes geradores, que produzem mais 120 litros desses materiais por dia, devem possuir contêiner próprio e contratar empresa privada habilitada para realizar a coleta, além de garantir armazenamento e destinação adequada do próprio lixo gerado. Iniciativas como a compostagem de resíduos orgânicos e o uso de embalagens biodegradáveis têm gerado resultados significativos.

"O Lixo Zero é um conceito, ao mesmo tempo em que também é um valor e uma meta para pessoas, organizações e comunidades que buscam ter uma atuação sustentável ecologicamente", avalia o ambientalista Thiago Ávila. Segundo ele, uma empresa tem muito a ganhar ao aderir à causa e estabelecer metas concretas para isso, tendo vantagens como o diferencial competitivo, pois, cada vez mais, as pessoas tomam consciência quanto aos impactos ecológicos, a partir de hábitos de consumo, e consideram isso ao adquirir um produto ou serviço. "Também envolve o próprio propósito daquelas empresas, de quem as constrói e o impacto nas comunidades às quais pertencem", ressalta.

Thiago complementa que, inicialmente, as pessoas podem ter "a ideia equivocada de que isso gera apenas despesas adicionais, mas isso não procede". O especialista assinala que a geração de valor a partir do reconhecimento da marca, da satisfação de clientes e de reconhecimento social impactam nas vendas. "A própria geração de valor a partir dos resíduos, se bem pensada, pode deixar de ser uma despesa e até se tornar fonte de receita. Essa é uma forma adequada e moderna de lidar com resíduos e torna-se cada dia mais necessária, devendo também ser incentivada e fiscalizada pelos governos e pela própria população", conclui o ambientalista.

Ed Alves/CB/DA.Press -
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Compostgem

Com lojas nas Asas Sul e Norte, a rede de cafés e padarias Ernesto é um desses estabelecimentos. Inaugurados em 2011, desde 2018 adotam a compostagem de orgânicos em busca de uma destinação mais coerente e para diminuir o impacto industrial. Giordano Bomfim, 35, é gerente da rede e afirma que esses resíduos correspondem a 60% do total. "São as cascas de frutas, vegetais, restos de produção da padaria, o que volta da mesa. Futuramente, são esses mesmos elementos que retornam para o local como adubo no jardim", explica.

Ele assegura que em todas as fases de produção da compostagem existe um cuidado. "Pensamos nisso na seleção dos insumos, quando produzimos nossas receitas, na forma como servimos o produto e em como ele vai ser reaproveitado", elenca. No entanto, para chegar ao resultado esperado, toda a equipe precisa ser mobilizada. "O desafio é fazê-los entender que é necessário higienizar os plásticos antes da seleção, e as bombonas de descartes de orgânicos não podem ser usadas para itens que não são compostáveis", observa.

Preferência

Caio Dutra, 33, frequenta o Ernesto desde a sua inauguração e prioriza estar em lugares que têm uma visão voltada à sustentabilidade. "Acho muito importante o fato de eles seguirem esse caminho", analisa.

O produtor cultural conta que consegue enxergar que a equipe é capacitada para realizar esse tipo de trabalho. Para ele, isso é um diferencial para que mantenha sua fidelidade ao estabelecimento.

A preocupaçãp com o meio ambiente no dia a dia faz parte da vida de Caio. "Morava em um prédio que mantinha uma rotina de cuidado com a compostagem, porém, eu me mudei recentemente, e meu novo prédio não é adepto a essa forma de sustentabilidade. Mas sempre busco fazer minha parte, como não usar sacolas plásticas e separar o lixo corretamente", garante.

Beleza

Na Asa Norte, o Salão Bioma promove uma política sustentável, desde o atendimento. São usados produtos orgânicos, naturais e com ativos vegetais. "Nossa empresa tem 35 anos de história no país, e trouxemos essa inovação para Brasília. Usamos linhas de tratamento que têm um retorno mais limpo para a natureza. Até o processo de cuidado com as embalagens é pensado, pois são feitas a partir de um plástico que diminui o tempo de degradação na natureza de 200 anos para seis anos", destaca Carina Melo, 35, gerente do estabelecimento. 

A empresária acrescenta que o público do salão tem essa sintonia com a sustentabilidade. "Para se ter ideia, temos uma quantidade exata de água a ser usada em cada cliente. Para isso, diluímos os produtos capilares antes para diminuir os resíduos que forem ao ralo. Assim, incentivamos os clientes a fazerem o mesmo em casa. São os detalhes que fazem a diferença e temos um compromisso com a forma como a beleza está sendo construída. É nesse pilar que precisamos focar para um mundo com menos resíduos despejados na natureza", defende.

Coleta

Com o objetivo de conscientizar sobre a importância da separação entre orgânicos e recicláveis e da necessidade do descarte correto do próprio lixo, para que não haja acúmulo de resíduos nas quadras comerciais, o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) informa que realiza constantes ações nesses locais, principalmente no Plano Piloto. A ideia é orientar os comerciantes, incluindo informações quanto aos dias e aos horários das coletas. Todas as orientações estão disponíveis no site slu.df.gov.br.

Saiba mais

O conceito de Lixo Zero refere-se a uma abordagem para a gestão de resíduos, com o objetivo de reduzir ao máximo sua geração e eliminar a disposição final em aterros sanitários ou incineração. Baseado nos princípios da economia circular, o conceito vê os resíduos como recursos valiosos que podem ser reutilizados, reciclados ou compostados. O foco está na prevenção da geração de resíduos, na redução, reutilização, reciclagem e recuperação de materiais, bem como na educação e conscientização da população sobre a importância da mudança de hábitos para alcançar um futuro sustentável.

Fonte: SLU

*Estagiárias sob a supervisão de Malcia Afonso

 

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