Em época de Olimpíadas, atletas do mundo todo, de todas as idades, sentem-se ainda mais motivados a se dedicarem aos esportes. São talentos que, na maioria das vezes, surgem na infância e são aprimorados em escolas ou clubes. No Distrito Federal, os Centros Olímpicos e Paralímpicos (COPs) são considerados berços de promessas para o esporte.
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Há 12 COPs no DF: Brazlândia, Ceilândia (P Norte e Setor O), Estrutural, Gama, Recanto das Emas, Riacho Fundo 1, Samambaia, Santa Maria, São Sebastião, Sobradinho e Planaltina, que atendem cerca de 40 mil pessoas, de acordo com a Secretaria de Estado de Esporte e Lazer (SEL). Esses espaços visam o aprimoramento de habilidades, a melhoria da qualidade de vida da população e a inclusão social.
Entre os serviços oferecidos estão: aulas de natação, futebol society, basquete, vôlei, ginástica e artes marciais; programas de inclusão e desenvolvimento para pessoas com deficiência; atividades recreativas e de lazer para todas as idades, acompanhadas de profissionais qualificados.
Para o secretário da pasta, Renato Junqueira, esses espaços são fundamentais para fomentar o esporte e promover o desenvolvimento de novos talentos. "Em pleno ano olímpico, estamos comprometidos em expandir essas iniciativas", afirma ao Correio. Renato adianta outras regiões que serão contempladas com o complexo esportivo. "A previsão é de que, em breve, seja assinada uma ordem de serviço para a construção de mais um COP que atenderá Paranoá e Itapoã", diz.
Inclusão
A diretora da unidade de São Sebastião, Camila Meireles, enfatiza que o esporte salva vidas. "Somos uma equipe muito unida. Por isso, temos colhido bons frutos", avalia. Segundo ela, o COP da cidade é referência em diversas modalidades. O goalball, esporte paralímpico desenvolvido exclusivamente para pessoas com deficiência visual, é ofertado somente nessa unidade.
Responsável pela Coordenação da Pessoa com Deficiência (CPD) do complexo em São Sebastião, Gabriel Siqueira foca na parte física, técnica e tática dos alunos de goalball. "Tentamos prepará-los também no aspecto mental e psicológico, que nesse jogo pesa muito, por ser um esporte totalmente estratégico", explica. A equipe foi campeã regional e brasileira. Nos últimos dois anos, o grupo foi vice-campeão nacional.
O professor revela a dificuldade em inserir esse esporte no COP de São Sebastião. "Comecei aqui em 2014 com uma atleta somente e foi difícil até colocar na grade. Era uma logística que todo mundo tratava como impossível. Hoje, chegar aqui e ter 20 atletas deficientes visuais para eu trabalhar é muito gratificante", celebra, emocionado.
Apesar das conquistas, Gabriel diz que é complicado manter os atletas promissores no DF, que acabam sendo recrutados para os outros estados, em busca de oportunidades melhores. "É ruim você perdê-los e ter que começar de novo. Mas nos apegamos mais nessa parte de formação e queremos vê-los felizes mesmo. Lutamos para que um dia, quem sabe, os mantenhamos aqui conosco com uma estrutura melhor e bolsas dignas", comenta.
Sonho
Ésio Júnior, 27 anos, é deficiente visual e faz parte da equipe de goalball do COP de São Sebastião, que se prepara de forma intensa para o campeonato brasileiro, competição mais importante do ano. O atleta relembra que a modalidade contribuiu para que criasse uma percepção de mundo. "Esse esporte ajudou demais na minha locomoção, poder ser uma pessoa melhor em todos os âmbitos da vida. Eu sempre digo que posso fazer qualquer coisa, mas onde me sinto à vontade mesmo é quando estou dentro da quadra, porque de olhos fechados é onde eu mais enxergo", destaca.
Em ano de Olimpíadas, Ésio tem um estímulo maior para treinar, pois almeja chegar aos jogos um dia. "O sonho de qualquer atleta é treinar muito para estar lá com a Seleção. Temos muito orgulho de ter a melhor Seleção do mundo e que está indo a Paris para buscar o ouro. Espero, de coração, que na próxima eu esteja lá também", enfatiza.
Promessa
Adryan Eduardo do Santos, 12, é considerado uma das promessas da natação brasiliense. O adolescente venceu recentemente o Meeting de natação do DF. Em novembro deste ano, irá a São Paulo, para a etapa nacional das Paralimpíadas Escolares. O nadador nasceu com uma má formação congênita de membros, mas isso não foi impeditivo para praticar esporte. Adryan também sonha em chegar aos Jogos Paralímpicos. "Estou todo dia treinando para realizar isso. Quero mostrar para o mundo que o Brasil é um país que tem ótimos atletas. Fico muito feliz porque há muitas pessoas que me apoiam. Quem sabe um dia posso ser medalhista ou, até mesmo, campeão olímpico."
Mãe de Adryan, Alessandra dos Santos se sente honrada pelo filho. "A única palavra que eu sempre digo é gratidão, porque tenho meus dois pés e não sei nadar, então, ele é nosso orgulho. Estamos trabalhando para ver ele deslanchar. Converso muito com ele sobre a questão de estudo também, porque ele tem que ter uma profissão além do esporte. Ele está sendo preparado para ser um grande homem, que respeita, cuida, é gentil e protege as mulheres, porque ele é criado por três", conta.
O professor Edson Tavares acompanha o atleta e se sente muito feliz por estar lapidando o talento do adolescente. "Fico muito grato porque é um sonho de qualquer professor ou técnico poder ter isso em suas mãos. Nós trabalhamos para transformar as vidas e o nosso objetivo é transformá-lo em uma potência no esporte", garante.
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