Nos meses de inverno, os brasilienses não são os únicos a sofrer com as temperaturas abaixo do comum e com a baixa umidade do ar. Com possíveis riscos de saúde associados às mudanças climáticas, os animais se encontram entre os mais afetados, principalmente os que não têm um lar.
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De acordo com a Confederação Brasileira de Proteção Animal (CBPA), Brasília conta com mais de 1,5 milhão de cães e gatos vivendo nas ruas, mais do que o dobro do número desses animais que têm um lar. Diretora da CBPA, Carol Mourão afirma que não existe um programa específico de governo no DF que contemple o tema do abandono ou uma campanha que incentive a adoção de um animal neste inverno, dificultando o processo de acolhimento desses bichos.
O delegado Jônatas José Santos Silva, da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), confirmou que a Delegacia de Repressão aos Crimes Contra os Animais (DRCA) realmente não possui esse tipo de iniciativa. Apesar disso, ele afirma que o órgão está constantemente atento aos casos de abandono e maus-tratos, intensificando suas ações de fiscalização e resgate de animais em situação de vulnerabilidade, especialmente durante períodos de temperaturas mais baixas.
Riscos
Diretora do Serviço Veterinário Público do Distrito Federal (HVEP), Lindiene Samayana, 34 anos, alerta para os riscos que os animais correm durante esse período do ano. A veterinária avisa que os pets, principalmente os de pelos curtos, sofrem bastante com o frio. Por isso, é importante, nessa época, mantê-los sempre agasalhados com roupas confortáveis.
Os bichos também sentem os efeitos negativos da baixa umidade do ar. A médica aconselha deixar potes de água sempre acessíveis para os animais de estimação. Aqueles pets que são braquicefálicos (que têm os focinho achatados) ou que possuem dificuldades respiratórios podem também precisar de umidificadores.
Em relação ao frio, Lindiene afirma que a maioria dos casos que o HVEP recebe é de animais de rua. Cachorros e gatos que não têm um lar acabam sofrendo mais com as quedas de temperatura do inverno. Para diminuir o sofrimento desses seres vivos, abrigos e trabalhadores voluntários organizam campanhas de arrecadação para conseguir agasalhos e mantas, ajudando os que mais precisam.
Abrigos
Um desses abrigos é o Flora e Fauna, localizado no Núcleo Rural Ponte Alta Baixo. Vice-presidente da instituição, Wellington Fabiano Soares afirma que o local serve de moradia para mais de mil animais, sendo aproximadamente 800 cachorros e 200 gatos. Além disso, a casa tem "hóspedes" temporários, que são socorridos após sofrerem acidentes.
O período de seca, segundo Wellington, requer uma atenção maior dos cuidadores e tutores de pets. No abrigo, os funcionários colocam mais vasilhas com água durante o dia e regam, diariamente, o solo para manter o ambiente mais úmido. Também é necessário fornecer mantas e cobertores, além dos cuidados básicos, como manter a vacinação correta dos bichos em dia, para evitar doenças.
Wellington diz que o Flora e Fauna não recebe recursos oficiais, por isso conta com a ajuda de voluntários e realiza campanhas de arrecadação. Segundo o administrador, os interessados em ajudar o abrigo podem doar casas, cobertas e roupas para manter os animais aquecidos, além de itens como ração, produtos de limpeza, jornais e materiais de construção.
O administrador revela que a maior dificuldade é cuidar dos animais de rua. Sem poder abrigar todos, a casa tenta conscientizar a população. "As pessoas acham que é obrigação dos abrigos fazer isso, mas não, é a obrigação de cada um. Esses animais são de todo mundo, e todos precisam fazer a diferença na vida deles", completa.
* Estagiário sob a supervisão de Márcia Machado