O incêndio que matou um casal e o bebê recém-nascido em Valparaíso pode ter sido causado por produto utilizado na impermeabilização de sofás. A Polícia Civil do Estado de Goiás (PCGO) abriu um inquérito para investigar a causa das chamas e essa é uma das principais linhas de investigação. O delegado Bruno Van Kuyk, da 1ª Delegacia de Valparaíso, afirmou que colherá o depoimento de testemunhas e analisará as câmeras de segurança.
O empresário Cesar Castro, dono de empresa que faz o serviço de impermeabilização em Brasília, explica que, se o produto usado não for adequado para ambiente doméstico, os riscos são altos. Segundo ele, há entre quatro a cinco produtos químicos impermeabilizantes disponíveis no mercado nacional, mas nem todos são adequados para aplicação em apartamentos e casas.
“A impermeabilização de estofados é muito procurada, porque ela mantém o tecido limpo por mais tempo, ajuda nesse processo”, detalha o empresário. “Mas existem produtos feitos para uso industrial. O sofá já sai de dentro da fábrica impermeabilizado, com proteção feita em local adequado. Esses produtos são para isso. Não são para fazer aplicação na casa dos clientes.”
Cesar explica que os materiais usados na indústria são inflamáveis e exigem cuidados e equipamentos específicos para o manuseio, além de um local adequado. É o caso daqueles usados nas fábricas de confecção de sofás. Para o uso em ambientes domésticos, existem produtos à base d’água ou não inflamáveis que podem ser usados com segurança, segundo ele. Além do produto adequado, outros cuidados são fundamentais: equipamento (o tambor deve ser de inox e não de plástico) e qualificação do profissional.
Vazamento de gás descartado
O acidente aconteceu no condomínio Parque das Árvores, no bairro Parque Rio Branco, em Valparaíso, na manhã de terça-feira (27/8). Graciane Rosa de Oliveira, 35 anos, o marido, Luiz Evaldo, 28, e o filho do casal, um recém-nascido de 19 dias, morreram.
Em coletiva de imprensa na tarde desta quarta-feira (28/8), o perito criminal Fernando Lerbach informou que, em uma primeira análise, foi possível constatar que não houve vazamento de gás na unidade. “Identificamos que houve, sim, uma explosão, mas ainda não é possível saber a causa. Pode ter, sim, ocorrido um vazamento, mas num primeiro momento não foi detectado.”
Além da suspeita de vazamento de gás, um produto usado para fazer impermeabilização de sofá pode ter provocado o fogo. O incêndio no apartamento começou por volta das 9h40 e, momentos antes, um trabalhador autônomo da área de impermeabilização entrou no condomínio para fazer o serviço no apartamento de Graciane e Luiz. Após isso, uma explosão foi ouvida.
“Houve a entrada desse prestador de serviço, que, inclusive, está internado. No apartamento, estavam ainda a mãe da Graciane e esse rapaz, que conseguiram escapar. A princípio, a informação que temos é que a senhora está internada em estado grave no Hospital Regional da Asa Norte (Hran)”, detalhou o síndico do condomínio, Anderson Oliveira. O quadro de saúde do autônomo e da mãe de Graciane não foram divulgados até a última atualização desta reportagem.
Após o incidente, o síndico regulamentou uma nova norma no residencial e proibiu, a partir desta quarta-feira (28), o acesso de qualquer prestador de serviço para o trabalho de impermeabilização de sofás. “Não estamos procurando o culpado. Estamos querendo saber o que aconteceu.”
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